segunda-feira, 15 de abril de 2019

Sociologia da Educação - Da urgência da formação do “professor intercultural” na sociedade das diferenças


Universidade Pedagógica – Maxixe
Disciplina: Sociologia da Educação


Resumo
Da urgência da formação do “professor intercultural” na sociedade das diferenças
Nos dias actuais, vivemos numa sociedade marcada, principalmente, pelos contactos culturais. Este facto permite-nos perceber que a escola, sendo uma instituição social, está fortemente habitada por indivíduos que pertencem a diferentes sensibilidades culturais.
Sociedade das diferenças vs escola multicultural e intercultural
De acordo com Pieroni e tal (2014.p,32) a globalização é um produto de pensamento liberal e o fenómeno é considerado, por um lado, uma feliz meta da história e, por outro, alguns só vêem os efeitos contraditórios dela. Como resultado deste fenómeno, observa-se que, aumentaram sem precedentes os contactos entre as culturas e a coabitação entre os diferentes modos de vida, contribuindo para multi/interculturalidade das sociedades e das escolas.
Como se pode deduzir, a escola no geral, e o professor, de modo particular, precisam flexibilizar as suas práticas pedagógicas de modo a adequá-las às novas exigências da sociedade, ou seja, a escola deve dar resposta à realidade pluricultural que constitui a população escolar.
A interculturalidade aponta para a comunicação e a interacção entre as culturas, buscando uma qualidade interactiva das relações das culturas entre si e não uma mera coexistência fáctica entre distintas culturas em um mesmo espaço e orienta processos que têm por base o reconhecimento do direito à diferença e à luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social.
Novas exigências na formação de professores: o professor intercultural
O projecto intercultural escolar para poder ser realizado precisa de professores que sejam conscientes e à altura da função que deverão exercer. Para Zeichner (1993), se adoptarmos uma definição pragmática e contextualizada de cultura tendo presente que cada individuo está integrado em grupos múltiplos, justapostos e multiculturais. Por definição, cada um de nós é um ser intercultural, independentemente das suas identidades culturais e todos os professores devem preocupar-se com o problema da comunicação intercultural, independentemente das identidades culturais e da composição demográfica do seu grupo de alunos.
Para uma competência intercultural
Segundo Azevedo (1996) citado por (Gonsalves, 1999,p.112) formar “professores interculturais” é, na verdade, um imperativo ético, na medida em que só a acção destes, coadjuvada, necessariamente, pela dos restantes agentes educativos, poderá, transformar a escola numa instituição de promoção da tolerância, da paz e do respeito pela diferença, através, e como resultado, de atitudes e práticas.
Neste âmbito, a interculturalidade significa “um estado ideal de partilha e valorização das culturas, para o qual se deve tender”, e em que o “eu” e “o outro” reconhecendo-se, embora, como distintos, constroem um universo comum de convivencialidade, solidariedade e fraternidade.
A formação intercultural visa, em última análise, dotá-lo da competência intercultural. A competência intercultural tem, portanto, uma combinação de atitudes, conhecimento, comportamentos e habilidades aplicadas através de acções que permitem um sujeito.
A competência intercultural não pode ser adquirida de forma espontânea por indivíduos, e nem simplesmente através da exposição e encontros com pessoas de diferentes culturas se o contacto ocorrer em condições inadequadas. O professor embutido de competência intercultural, não é um professor particular, mas um professor geral ou das várias áreas disciplinares que se torna sensível as problemas da equidade social.
Reflexão
Considerando as diferenças da actualidade, vive-se numa sociedade multicultural, e sendo assim, o professor, em particular, deve adoptar novos métodos, novas práticas pedagógicas que vão de acordo com a multiculturalidade da nossa sociedade. As escolas devem adquirir novas competências culturais através de percursos educativos, formativos e pedagógicos.
O professor actual deve, também, ser capaz de ter uma competência intercultural e uma combinação de comportamentos e habilidades individuais ou em conjunto com os outros professores para compreender a nossa sociedade multicultural (a escola em particular).

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