Conteúdo:
§
Objecto
de estudo da Sintaxe do Português
§
Conceito
de frase
§ Frase simples: Tipos e formas de frases.
Sintaxe
Objecto da sintaxe
Primeiramente é
preciso dizer que a sintaxe é o estudo da maneira como as palavras se combinam
em estruturas chamadas frases. A sintaxe é responsável, juntamente com a
morfologia e o léxico por parte fundamental da organização das frases. Trata
dos mecanismos gramaticais que estruturam internamente o período a partir das
palavras.
Esses mecanismos
são os seguintes:
1.
A
escolha da unidade (palavra ou sintagma) de acordo com classe ou subclasse, por
exemplo: podemos dizer brinquedo da
criança caiu, mas não o da janela caiu, pois essa posição tem de ser ocupada
por substantivo. Podemos dizer: A Joana
gosta do João, mas A Maria gosta com João, pois só a preposição de pode introduzir o complemento do
verbo gostar.
2. A posição de cada unidade-palavra ou sintagma na
construção do nível superior. Desta forma, podemos dizer caiu brinquedo da criança, mas o caiu da criança brinquedo.
3.
A
forma morfossintáctica dos vocábulos adequados à relação que se estabelece
entre eles. Assim podemos dizer: fizeram-lhe
muitas perguntas, mas não fizeram-no muitas perguntas. (KESSELER. M. L,1960.
Pág.: 6)
A substituição de
unidade por alguma palavra ou por sua ausência sem prejuízo a compreensão das
frases. Por isso na frase: A esposa
levava a louca e o marido secava, atribui se ao segundo verbo o mesmo
complemento do primeiro, a louca.
Objectivos
Segundo Perini (2007.
P, 30-32). 1-A sintaxe deve ser ensinada na escola para contribuir a formação
cultural, ou seja, para a construção do conhecimento científico, sem
preocupação com aplicação prática na vida;
2. Formar habilidades intelectuais de observação e
raciocínio, indispensável para ajudar o estudante a pensar por si mesmo, oque é
um pré-requisito à formação de individuo capaz de aprender por si mesmo;
3. Desenvolver o
senso critico do aluno, a fim de ele ser capaz de criticar oque aprendeu e
criar conhecimento novo, trata se de um meio para os alunos crescerem e
libertarem se intelectualmente;
Além desses
objectivos, o estudo da sintaxe permite:
4.Saber como os
itens lexicais de uma língua se estruturam em uma sentença-parte central da
competência linguística dos seres humanos;
5.perceber que as
sentenças de nossa língua não resultam de mera ordenação de itens lexicais em
uma sequência linear;
6.Mostrar como
conhecimento linguístico pode ser usado como um guia para nos orientar na análise
das estruturas das sentenças de nossa língua.
Entendemos por
sintaxe a relação estabelecida entre os elementos linguísticos que atuam na
formação dos enunciados. Assim, a constituição de frases, orações e períodos, considerando-se
os diversos contextos em que se usa a língua, é o objecto de estudo dessa
disciplina.
É a parte da
gramática que estuda as relações entre as palavras dentro de uma frase, na
sintaxe aprende se a identificar e reconhecer os constituintes sintácticos de
uma oração, (sujeito, predicado, objecto direto) e interpretar o sentido desses
constituintes.
Análise sintáctica
deve se realizar em conjunto com análise semântica:
Ex: O aluno tocou a
campainha nervoso;
O
aluno nervoso tocou a campainha.
No primeiro exemplo
entendemos a frase como sendo o aluno que tocou a campainha nervoso no momento
em que tocou, mas ele não tem estado nervoso e na segunda frase como sendo o
próprio aluno que é nervoso, uma das características que lhe identifica.(KESSELER.
M. L,1960. Pág.: 6)
Abordagem da sintaxe na gramática
O termo sintaxe
deriva se do grego syntaxis (ordem, disposição) e tradicionalmente remete a
parte da gramática dedicada a descrição do modo como as palavras são combinadas
para compor sentenças, essa descrição é organizada sobre forma de regras. (KESSELER.
M. L,1960. Pág.: 7)
A sintaxe passou a
se constituir em uma disciplina autónomo a partir das ideias do linguista
Ferdinand saussure, que iniciou no século XX, propôs a clássica distinção entre
langue perole, definindo a existência de um sistema de convenções, regras e
princípios independentemente do uso linguístico. Assim foi possível se estudar
a linguagem tanto do ponto de vista de sua forma a quanto de vista de suas
funções (BERLINCH, R.A, Augusto, M.R.A, Scher, A.T. 2006)
De fato, por
constituir-se enquanto fenómeno que activa a relação entre os itens
linguísticos, actuando na estruturação e organização dos textos, a sintaxe
assume, entre as diversas correntes teóricas que se preocupam com o estudo da
linguagem, uma grande importância.
Costumamos entender
que a Sintaxe compreende estudos dos processos gerativos, combinatórios e
formadores das frases nas diversas línguas naturais. Sua origem, enquanto ramo
e estudo da linguagem, remonta aos gregos. Os reflexos da tradição fundada pelo
filósofo Aristóteles podem ser apontados na divisão da frase em sujeito e
predicado, concepção ainda hoje evidenciada nos estudos veiculados em
gramáticas e livros didácticos de língua portuguesa.
No dicionário de
linguística organizado por Jean Dubois et al. (1997, p. 559), encontramos a
seguinte definição para sintaxe:
Parte da gramática que descreve as regras pelas quais se
combinam as unidades significativas em frases; a sintaxe, que trata das
funções, distingue-se tradicionalmente da morfologia, estudo das formas ou das
partes do discurso, de suas flexões e das formações das palavras ou derivação.
A sintaxe, às vezes tem sido confundida com a própria gramática.
A visão formalista
Dedica a questões
relacionadas à estrutura linguística. A sintaxe deve ser examinada como um
objecto autónomo. Como consequência dessa autonomia, a análise linguística sob ponto
vista formal dos aspectos sintácticos de uma língua é feita com enfâse na sentença.
É por isso que a variação e a mudança linguística não tratada em termos de
propriedades internas ao sistema linguístico ou de possibilidades de variações
que se verificam nesse mesmo sistema.
Visão funcionalista
Considera a
linguagem como um sistema não-autónomo, o qual surge da necessidade de
comunicação entre membros de uma comunidade, e que esta sujeita as limitações
impostas pela capacidade humana de adquirir e processar conhecimento. Os
funcionalistas ampliam a analise para além da sentença porque os processos
sintácticos são entidades a partir das relações que o componente sintáctico da
língua mantem com componente semântico e discursivo. Para essa visão, só é
possível compreender a sintaxe levando em conta também o contexto em que a sentença
esta inserida.
Visão tradicional
Gramática
tradicional que tem servido de pose para o ensino da língua portuguesa na
escola, origina de das preocupações filosóficas dos gregos, a preocupação de gramática
tradicional é apresentar as regras da norma culta, distanciando-se muitas vezes
da realidade linguística, isso acontece porque as regras resultam da selecção
de uso da língua por um grande numero de escritores consagrados, de onde são
apresentadas as formas segundo as quais esses
escritores combinam e organizam as palavras de seus textos em sentenças.
(KESSELER. M. L,1960. Pág.: 10)
Observemos
a partir e alguns exemplos, como cada uma dessas gramáticas trata a ordenação
das palavras nas sentenças:
1.
António
deu um presente para Marta;
2.
A
Joana eu encontrei ontem;
3.
No
baile vieram o António e Jorge.
Segundo a gramática
tradicional (1) exemplifica a ordem directa natural e predominante dos
elementos da frase em português e nas línguas românicas: sujeito, verbo, complementos.
A frase (2) e (3) constituem, na perspectiva, casos de ordem inversa resultado
de opções de estilo destinadas a enfatizar algum constituinte.
Agora retomando se
os exemplos (1) a (3) podemos considerar que há possibilidades de ordenação.
4.
Um
presente António deu para Marta
5.
Eu
encontrei a Joana ontem;
6.
O António
e Jorge vieram na festa,
7.
Vieram
o António e Jorge na festa.
Os exemplos (1) a
(3) se de (4) a (7) apresentam constituintes básicos que organizam de forma
variável na frase o verbo (v), o objecto directo (OD), o objecto indirecto (OI)
e um complemento circunstancial ou adjunto (CIRC) os padrões frasais que podem
resultar das combinações possíveis ilustradas acima são:
8.
S-V-OD-OI
9.
OD-S-V-CIRC
10. CIRC-V-S
11. OD-S-V-OI
12. S-V-OD-CIRC
13. S-V-CIRC
14. V-S-CIRC.
Frase
Segundo Ariana de
Carvalho (pg.3) a frase é todo enunciado linguístico (palavra ou conjunto de
palavras), que possui sentido completo. Independe de extensão e deve terminar
com pausa, bem definida expressa pelos sinais de pontuação.,!?
Ex.: Final de ano, início
de tormento. Fogo!
Frase simples-
formado por uma e única oração ou apenas uma locução verbal.
Ex.: O professor utilizou o quadro;
O professor pode utilizar o retroprojector.
Tipos de frases
Segundo IP-EPE,
(pg. 1) Podemos encontrar 4 tipos de frases que são: As frases declarativas,
interrogativas, exclamativas e imperativas.
·
Declarativo-comunica se uma ideia ou seja, preocupa se em informar sobre um
acontecimento, descrever uma situação, neste tipo de frase é empregue o sinal
de pontuação (.) ponto final
Ex.:
O João foi ao cinema.
·
Interrogativo- formula uma pergunta ou apresenta uma dúvida, empregue sinal de pontuação
(?) ponto de interrogação.
Ex.:
Foste ao cinema?
·
Exclamativo- procura exprimir sentimentos: satisfação, alegria, surpresa, indignação,
exprime se admiração e entusiasmo, empregue o sinal de pontuação (!) ponto de
exclamação.
Ex.:
Que belo dia!
·
Imperativo-procura
aconselhar, fazer pedidos, ou chamadas de atenção, ordenar, empregue sinal de
pontuação (.) ou (!), ponto final ou ponto de exclamação.
Ex.:
Come a sopa.
Formas de frases
Podemos encontrar
como 6 formas de frases as seguintes: Forma Afirmativa, Negativa, enfática,
Neutra, Activa e Passiva.
§
Afirmativa-exprime uma afirmação;
Ex.:
Ele não reconheceu o grupo social.
§
Negativa-exprime
uma negação;
Ex.: Esta personagem representa os
vícios de todo um grupo social.
§
Enfática-é
incluído um elemento não necessário ao sentido básico da frase, mas que lhe da
realce. (cá, lá, é que);
Ex.:
Eu ca já percebi de que o grupo se trata.
§
Neutro- não é incluído o elemento desnecessário ao sentido básico da frase e
que lhe daria realce. Portanto a frase não é enfática. É Neutra.
Ex.:
Eu já percebi de que o grupo se trata.
§
Activa-
o sujeito pratica a acção expressa pelo verbo;
Ex.:
Esta personagem representa toda a nobreza.
§
Passiva-O
sujeito recebe ou sobre acção expressa pelo sujeito;
Ex.:
Toda a nobreza é representada por essa personagem.
Exemplos de tipos de frases e formas de frases
Declarativa afirmativa: Ex.: Hoje vou a feira, O tempo está bom.
Declarativa negativa: Ex.: Não gosto de vinho; Nunca fui a caca.
Interrogativa Afirmativa: Ex.: Tens um lápis? Vais de Metro ou de Autocarro?
Interrogativa negativa: Ex.: Não é português? Nunca comeste Pate? Nem Provaste?
Exclamativa Afirmativa: Ex.: Esta tão arrumada! Que linha Menina!
Exclamativa Negativa: Ex.: Nunca arrumas nada! Nada fazes o que te digo!
Imperativa Afirmativa: Ex.: Deves comer menos. Senta-te! Deixe-me passar.
Imperativa Negativa: Ex.: Não te sentes ai. Nunca digas nunca! Nem penses
nisso!
Cada frase tem um
tipo (de quatro tipos possíveis) e uma forma cada frase.
Ao analisarmos uma
frase ela será do tipo X na forma Y:
O Luís não gosta de
uvas (tipo Declarativo e forma negativa);
Salta para aqui
(tipo Imperativo e forma afirmativa);
Não acredito nisto!
(tipo exclamativo e forma Negativa).
Referências bibliográficas
IP-EPE, Instituto Camões, Área consular de desseldorf, curso de língua e cultura Portuguesa-2010-2011.
KESSELER, M.L, sintaxe de português, 1960.
CARVALHO,
Magda. Gramática tradicional, aula-3, sintaxe
termos essenciais.
PERINI,
2007. Pg. 30-32.
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