Índice
O presente trabalho tem como tema –
“Contributo do Local Histórico de Nwadjahane (LHN) na Promoção do Turismo
Cultural”. Um local que apresenta um rico potencial histórico que marca a
história da nossa nação por guardar memórias vivas do “arquitecto da Unidade
Nacional”.
Dado este rico potencial histórico,
pretende-se através deste pesquisa, perceber como este local histórico
contribui para a promoção do turismo na vila Nwadjahane. Nesta mesma lógica,
teremos como pressuposto a questão de preservação deste património histórico-cultural
possibilitando melhor ambiente para o turismo cultural e atracão de diversos
turistas nacionais e internacionais.
Na hipótese, partimos do
pressuposto que o Local Histórico de Nwadjahane contribui para a promoção do
turismo através das suas actividades que são direccionadas e abertas ao público
em geral.
Por outro lado, é importante
referenciar que a questão de preservar os locais históricos enquanto parte
integrante do património cultural são de reconhecimento mundial como um dos
factores primordial para a promoção do turismo dentro de um determinado
território por apresentar uma rica e diversa conjuntura histórica que
representa e identifica a história de um determinado povo/ comunidade.
Esta grande importância condicionou
a criação de várias convenções internacionais por parte da UNESCO
possibilitando maior protecção, valorização, preservação e conservação do
património cultural para responder a demanda do turismo. A semelhança deste
esforço, Moçambique adaptou diversos instrumentos para regular esta questão
através de vários dispositivos, o caso da lei de protecção dos bens
patrimoniais a luz da lei 10/88. Estas leis são também seguradas com decretos e
outras várias actividades por parte do Estado.
O presente trabalho é composto por
5 capítulos, estruturados da seguinte forma: o primeiro capítulo é relativo à
introdução. O mesmo comporta a delimitação do tema, os objectivos do trabalho, a
revisão da literatura, problematização, hipóteses e justificativa. O segundo
capítulo é referente ao quadro conceptual e teórico. Este capítulo é composto
pela definição dos principais conceitos do trabalho. No terceiro capítulo foram
descritos os procedimentos metodológicos aplicados para a realização do
presente estudo. Nesta secção apresentamos e explicamos os métodos de abordagem
e de procedimentos. Apresentamos também as técnicas e instrumentos de recolha
de dados, população e amostra. O quarto e último capítulo foram reservados para
a apresentação, interpretação e discussão de dados, assim como as considerações
finais do trabalho.
A presente pesquisa analisa a
importância do local Histórico de Nwadjahane para a promoção do turismo
cultural e num período compreendido entre 2009-2017.
A escolha deste período deve se ao
facto de, em 2009 ter sido o ano Eduardo Mondlane, onde diversas actividades
foram realizadas em Nwadjahane, bem assim a necessidade sistematização da
história de vida de Eduardo Mondlane. De lá até cá, várias actividades são
desenvolvidas naquele local, visa divulgar a vida e obra de Mondlane. É nesta
perspectiva que afigura-se ser importante a compreensão da importância deste
monumento histórico na promoção do turismo.
O
património natural e cultural, as diversidades e as culturas vivas são grandes
atrações turísticas (Araújo, 2007). O autor acrescenta ainda que, um dos
objetivos primários da gestão do património cultural é a comunicação do seu
significado e a necessidade da sua conservação para a sua comunidade residente
e para os visitantes, sendo que o seu acesso físico, intelectual e
emocionalmente, é tanto um direito, como um privilégio.
No
contexto do acesso físico, intelectual e emocional do património cultural, onde
se insere a componente do turístico dos locais de interesse histórico e
cultural, há sempre interesses conflituantes.
Os
interesses conflituantes resultam do facto de, por lado, o uso turístico do
património histórico e cultural ser imputado a responsabilidade da degradação e
deterioração da integridade física dos bens patrimoniais em causa. E por outro,
a utilização turística do património histórico e cultural constituir um meio
para a sustentabilidade do património cultural, assim como o garante do
desenvolvimento sustentável local.
Esta
divergência de pensamento pode contribuir de alguma forma para uma atitude proteccionista
do património histórico e cultural, vedando e restringindo o seu uso pelo
turismo, facto que impede o direito e o privilégio de usufruto das criações e
conquistas culturais aos diversos actores sociais, donde faz parte os turistas.
Preocupa-nos
a fraca comunicação e divulgação do Local Histórico de Nwadjahane, assim como a
escassez de material bibliográfico que aborda sobre este e sua relação com o
turismo.
O
presente trabalho parte de um estudo de caso sobre o Local Histórico de
Nwadjahane para analisar o contributo dos locais históricos para o turismo,
procurando responder a seguinte questão de partida: De que forma o Local
Histórico de Nwadjahane contribui para a promoção do turismo cultural?
- O Local Histórico de Nwadjahane
contribui para o turismo cultural através da sua história e campanhas de
divulgação que atraem visitantes que necessitam de satisfazer os seus
conhecimentos e informação sobre a história de vida de Eduardo Mondlane.
- O Local Histórico de Nwadjanhane
não contribui para a promoção do turismo cultural, devido a sua fraca
divulgação.
O turismo é uma actividade que
tende a crescer em todo mundo. Este crescimento deve ao aumento do número de
pessoas que viajam (PEDTM[1],
2004-2013). Dentre as diversas motivação dessas viagens, destaque vai para o
património histórico e cultural que serve de elemento diferenciador da oferta
dos destinos.
Barretto (2000 apud Melo,
2015) afirma que a valorização de museus e património histórico e cultural, tem
levado ao crescimento do turismo nas cidades, pos o turismo busca pela cultura
atual e passada, por lugares ligados às histórias locais ou aos grandes feitos
da história política e social.
O
autor acima citado faz referência ao potencial do património histórico e
cultural para o turismo. Este facto, constitui motivação e razão de ser deste
estudo, pois pretende, através de um estudo de caso, neste caso particular, do
Local Histórico de Nwadjahane, mostrar a importância dos locais históricos para
a promoção do turismo.
A
sistematização de dados sobre importância do Local Histórico de Nwadjahane para
a promoção do turismo é bastante relevante, pois poderá contribuir para que a
sociedade, preserve e valorize cada vez mais, os locais históricos em geral, e
de forma particular o local em estudo. Pensamos também que, o presente estudo
poderá trazer reacomodações e sugestões que, de certa forma, podem ajudar o
monumento em estudo a melhorar a sua actuação, e consequentemente aumentar a
sua projecção como um destino turístico.
Ao
nível científico-académico, a pesquisa vai enriquecer a bibliografia sobre o
assunto em destaque, podendo também servir de fonte de consulta para futuras
pesquisas.
A
pesquisadora foi motivada a empreender esta pesquisa pelo facto de, ter
constatado, durante a revisão da literatura, escassez de informação sobre a
contribuição do Local Histórico de Nwadjahane para o turismo. Motivou ainda, o
facto de, durante as aulas, ter visitado Nwadjahane e ter constatado que o Local
Histórico de Nwadjahane reúne um potencial enorme para a oferta turística.
Geral:
- Analisar
o contributo dos locais históricos na promoção do turismo cultural, tomando
como base de analise do local histórico de Nwadjahane.
Específico:
-
Descrever, física e historicamente, o Local
Histórico de Nwadjahane;
-
Descrever o processo de gestão do Local
Histórico de Nwadjahane;
-
Discutir as estratégias de divulgação e
captação de públicos do Local Histórico de Nwadjahane;
-
Identificar o fluxo de visitantes no
aberto de Nwadjahane no período em estudo;
Nesta secção do trabalho apresenta
as teses de alguns autores que abordam a temática dos locais históricos e
turismo. Em primeiro lugar, faremos o enquadramento conceptual e legal do
património cultural. E, em segundo, procuramos trazer autores que mostram a
relação entre património cultural e turismo, privilegiando as vantagens e
desvantagens dessa relação.
Como já
dissemos na parte conceptual, o conceito de local histórico encontra
enquadramento dentro do património cultural. Por sua vez, o conceito de
património cultural foi profundamente discutido ao nível da Convenção para
Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural aprovada pela UNESCO em sua
17ª sessão realizada a 17 de Outubro a 21 de Novembro de 1972.
Esta
convenção, para além de apresentar algumas definições do património cultural e
natural, também reconhece a ameaça de destruição a que este está sujeito
através de causas tradicionais, assim como de fenómenos resultantes da dinâmica
da vida social e económica. A convenção também reconhece que a deterioração do
património cultural e natural constituí uma perda irreparável e
consequentemente empobrecimento das nações, razão pela qual advoga ser da
responsabilidade e dever de cada Estado membro desta Convenção assegurar a identificação, protecção,
conservação, valorização e transmissão às gerações futuras do património
cultural e natural situado no seu território.
Um outro documento consultado durante a
revisão de literatura é o “Manual de Gestão do Património Mundial Cultural” da
UNESCO Brasil (2016). Este manual faz uma abordagem ao conceito de património
cultural, justificando a necessidade da sua gestão. Discute também a questão da
conservação do património cultural e sua relação com o desenvolvimento
sustentável, apresentando também algumas abordagens sobre a conservação e
gestão do património cultural. Igualmente, o manual procura compreender a
gestão no contexto do património mundial, assim como os sistemas de gestão do
património em geral. Por fim, o manual aponta para uma abordagem de gestão
integrada do património cultural articulado com questões de desenvolvimento
sustentável que leve em conta as diversas partes interessadas, atendendo as
componentes sociais, económicas e ambientais.
Mate
(2015) na sua dissertação do mestrado intitulado “O uso dos bens do património
cultural como recurso educacional em moçambique: zona protegida da baixa da
cidade de Maputo, 1975 – 2015” analisa de que forma o património cultural
contribui como alternativa a educação formal, no período compreendido entre
1975 e 2015.
Nesta
dissertação, Mate recorre ao conceito de educação patrimonial que segundo ele
pode acontecer tanto na escola como na comunidade. Para o autor a educação
patrimonial consiste no envolvimento do cidadão em uma gama de actividades
visando o reconhecimento e o respeito do património cultural, processo ajudará
a comunidade a conhecer o património cultural a sua volta, seus valores históricos,
culturais, arquitetónicos, entre outros, sem necessariamente ir a uma sala
aulas.
Trojaner
(2009 apud Mate, 2015) afirma que a educação patrimonial tem um papel
importante no reconhecimento, valorização e preservação cultural da identidade
e memória, construída e presente na vida das comunidades em geral.
Metodologicamente,
a educação patrimonial ocorre por meio de duas formas, a saber: interpretação e
apresentação. A interpretação envolve uma série de actividades
desenvolvidas com o objectivo de aumentar a consciência pública e fortalecer a
sua compreensão sobre os sítios do património cultural. Esta é feita por via de
aulas públicas, programas educacionais formais e informais, actividades
comunitárias, pesquisas em curso de carácter inclusivo e de formação. Já a apresentação
é a comunicação do conteúdo da informação cuidadosamente planificada,
através de formas interpretativas e acessos públicos até aos sítios do
património cultural. A apresentação ocorre por via de placas informativas,
exibições museológicas, visitas guiadas, usos de multimédia com conteúdos sobre
património cultural (Jameson. 2008, apud Muocha,
2014 apud Mate, 2015).
No
seu estudo Mate (2015) também explora a questão dos modelos de gestão do
património cultural, destacando os seguintes modelos: modelo preservacionista; modelo
conservacionista; modelo reabilitacionista; e modelo de parcerias
público-privado. O autor mostra que o modelo preservacionista as primeiras
políticas orientadas para o sector e tinha por objecto a protecção e preservação
de edificações, estruturas e outros objectos individuais caracterizando-se por
“[...] um carácter essencialmente imobilista, tendo como foco, a limitação da
mudança” (Castriota, 2009 apud Mate, 2015. Já o modelo conservacionista vigora
po volta dos anos 60 do Sec. XX, caracterizado pela ampliação dos valores e
critérios de avaliação do património que se deslocam dos valores históricos e
artísticos para os valores culturais e urbanos, assim como pela ampliação dos
profissionais que actua na área da cultura. Caracteriza-se também pela busca de
cursos qualificação e capacitação nas
áreas de restauro, conservação e planeamento urbano.
O
modelo reabilitacionista surge por voltas dos anos 80 como consequência da
crise fiscal do Estado e escassez de recursos para o financiamento de acções de
conservação. Este modelo foca no desenvolvimento e sustentabilidade económica
das áreas de conservação, buscando alternativas tendentes a revitalização e
adequação dos bens patrimoniais aos novos usos capazes de garantir a
sustentabilidade económica. Por fim o modelo de pareceria público-privada parte
da duma concepção alargada de património cultural que engloba o tecido urbano,
as edificações, os espaços de convivência, os sítios paisagísticos e os valores
simbólicos e imateriais que tem por referência as dinâmicas sociais e culturais
das localidades. Segundo Mate (2015) este modelo destaca integração de
profissionais de diversas áreas: antropólogos, sociólogos, historiadores,
arquitectos, planeadores urbanos, profissionais do turismo, produtores
culturais, gestores culturais, artistas plásticos designers e profissionais do
marketing, de forma a construir um olhar mais abrangente e adequado à concepção
alargada de património cultural.
Na
sua dissertação, Mate conclui que os bens do património cultural não cumprem
com seu papel educativo, uma vez que as partes envolvidas na sua gestão sejam,
da educação assim como, do património cultural, não seguem na íntegra os
princípios estabelecidos de Educação patrimonial.
A dissertação de mestrado de Gomes (2015) sobre “Métodos de Divulgação e Captação de Públicos
em Museus: Estudo de caso do Museu Nacional de Soares dos Reis” explora de que
modo as potencialidades das ferramentas web
2.0 poderiam promover a captação de novos públicos, bem como ajudar a
planear uma estratégia de comunicação sustentável.
No estudo, a autora começa fazendo um diagnóstico
de situação sobre a utilização das ferramentas web 2.0 para divulgação do Museu Nacional de Soares dos Reis.
Gomes (2015) aponta a ausência de mudança refletida nos métodos pouco atrativos
de divulgação do museu. Acrescentando ainda a lenta incorporação e mesmo
difícil aceitação das novas ferramentas da Web
2.0, impedindo o museu de captar novos públicos, do mesmo modo que a fraca
ligação entre os principais canais de informação da cidade dificulta a
aproximação ao público já existente. A par destes constrangimentos, a autora
alerta sobre a ausência de um departamento sustentável de divulgação,
dificultando a actualização do website
e dos conteúdos.
Num capítulo
intitulado “Um Novo Papel para o Museu” chama-se atenção ao facto de o papel
social do museu ter mudado nas últimas décadas, não havendo mais espaço para
continuar a usar o mesmo modelo usado pelos museus do Sec. XIX que consistia
numa abordagem comunicação num único sentido denominado “one-way”. Segundo Hooper-Greenhill (2003 apud Gomes, 2015: 12) este modelo de comunicação assume que “o
comunicador defina o conteúdo da mensagem, e que esta é recebida sem
modificação pelo receptor, que, neste processo, se torna cognitivamente
passivo. Cada individuo, acredita-se, recebe a mensagem da mesma maneira que o
outro”.
Face a
esta situação, Gomes (2015) chama atenção para a necessidade de os museus
trabalharem em colaboração com a audiência na construção do sentido da arte.
Para o efeito, a utilização de abordagens construtivistas sociais no processo
comunicativo pode ajudar os museus a conectar-se com as experiencias, memórias
e conceções que os visitantes trazem consigo (Watkins e Mortimore, 1999, apud Gomes, 2015). Uma das ferramentas
utilizadas para incluir o público e proporcionar-lhe uma experiência mais
abrangente da obra faz-se em muitos casos através das novas tecnologias.
Alexander,
Barton & Goeser (2013 apud Gomes, 2015) acreditam que as ferramentas
tecnológicas possibilitam nexo de interpretação, aprendizagem e desenvolvimento
intelectual; constroem audiências, assegurando que a informação seja acessível
aos vários tipos de público; destacam obras tendo em conta as interpretações do
visitante e impulsionam o interesse deste para que regresse.
O autor
que temos vindo a citar advoga que os principais actores da utilização das
ferramentas da Web 2.0 vêm-nas como
um modo de modernizar e popularizar a eficiência de uma instituição retratada
como antiquada.
Num estudo
citado por Gomes (2015) sentencia-se que os visitantes do museu veem os websites
como complementares ao museu físico uma vez que os recursos de um não
substituem o outro (Goldman & Schaller (2004). Os autores acrescentam que o
website tem o poder de inspirar o visitante a deslocar-se
ao sítio físico do museu mais que o museu tem o poder de inspirar a visita ao website.
As ferramentas
virtuais como os websites, redes sociais, entre outras, outorgam às
instituições museológicas uma plataforma onde podem explorar a convergência de
design multimédia, estudos museológicos, comunicação, aprendizagem e
comunicação informática (Russo et al., 2007 apud Gomes, 2015).
Um
outro aspecto importante no cenário de captação de públicos para as
instituições museológicas apontado no estudo de Gomes (2015) são as relações públicas,
compreendidas como sendo o esforço planeado para influenciar a opinião pública
através de boas informações e actos responsáveis, baseados em comunicações
mútuas satisfatórias (Cutlip & Center, 1978 apud Gomes, 2015). O autor
assegura que, nas instituições museológicas, as Relações Públicas contribuem
diretamente para o sucesso e credibilidade da mesma junto do público e no
estreitamento de relações entre ambos. As estratégias de relações públicas devem
passar pelas relações com os média; redes sociais e informação pública,
comunicação interna, relações com parceiros externos, comunicação em tempos de
crise e construção de redes, podendo-se utilizar ferramnetas como redes sociais,
website; press releases e newsletters actrativas; relações com os
meios de comunicação; eventos privados e públicos; conferências;
exibições; patrocínios; fotografia, entre outros.
Ao nível nacional existe a Lei 10/88 de 22 de Dezembro
que determina a protecção legal dos bens materiais e imateriais do patrimonio cultural
moçambicano. Segundo o artigo 2 do capítulo I, a lei 10/88 de 22 de Dezembro aplica-se aos:
1. bens do património cultural na posse do Estado, dos
organismos de direito público ou de pessoas singulares ou colectivas, sem
prejuízo dos direitos de propriedade que couberem aos respectivos titulare.
2. A todos os bens culturais que venham a ser descobertos
no território moçambicano, nomeadamente no solo, subsolo, leitos de águas interiores
e plataforma continental.
3. Os bens culturais de outros países existentes em
Moçambique, beneficiarão da protecção prevista na presente Lei, desde que haja
reciprocidade. é aplicado também oferece um enquadramento
conceptual dos bens do património cultural, assim como determina os
actores-chave e as suas responsabilidades para a protecção do património
cultural.
De
acordo com a Lei 10/88, património cultural é entendido como sendo “o conjunto
de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo Povo moçambicano ao
longo da história, com relevância para a definição da identidade cultural
moçambicana”. Mais adiante, estratifica-se o património cultural em duas
categorias, nomeadamente: bens culturais imateriais e materiais. Fazem parte
dos bens culturais imateriais os “elementos essenciais da memória colectiva do
povo, tais como história e a literatura oral, as tradições populares, os ritos
e o folclore, as próprias línguas nacionais e ainda obras do engenho humano e
todas as formas de criação artística e literária independentemente do suporte
ou veículo por que se manifestem” nos bens materiais “os bens imóveis e móveis que pelo seu valor arqueológico,
histórico, bibliográfi co, artístico e científi co fazem parte do património
cultural moçambicano” (No
2 do Artigo 3 do Capítulo II da Lei 10/88 de 22 de Dezembro).
Esta
lei consagra a protecção e valorização do património cultural como sendo, em
primeiro lugar, sob responsabilidade do Estado, podendo este colabora com outros Estados, com organizações internacionais
intergovernamentais e não-governamentais, no domínio da protecção, conservação,
valorização, estudo e divulgação do património cultural. aos depositários de bens do património cultural
cabe-lhes o papel de velar pela sua protecção, conservação e correcta
utilização.
Já Jopela (2012) num Seminário Nacional Sobre
Gestão do Património Cultural abordou sobre “Processo de Gestão de Locais do
Património Cultural: O Plano de Gestão da Ilha de Moçambique, Património
Mundial”. Neste estudo, Jopela define gestão do património cultural como sendo
a “conservação planeada dos recursos patrimoniais
existentes, identificados e avaliados, de modo a prevenir a exploração, a
decadência ou destruição devido a negligência, ignorância ou indiferença por
parte o público em geral”. O autor aponta três principais fases para processo
de gestão dos locais de património cultural, quais sejam: análise e planeamento
(decidir o que fazer); implementação (levar a cabo as acções de acordo com as
decisões); e monitoria e correcção (supervisionar o grau de implementação das
actividades propostas).
Jopela (2012) também apresenta e explica sete etapas
do processo gestão dos locais do património cultural, nomeadamente:
- Identificação dos grupos interessados/envolvidos e recolha de
informação;
- Definição do significado cultural do sítio;
- Identificação das questões-chave;
- Definição das metas e objectivos de gestão;
- Adopção de estratégias para alcançar os objectivos;
- Implementação e revisão;
- Gestão da documentação.
No que concerne ao campo de
turismo, Pérez (2009) numas das suas obras intitulada “Turismo Cultural: Uma Visão Antropológica” publicado em 2009, o
autor defende que o turismo é uma actividade complexa e mutável, multifacetada
e multidisciplinar. De facto, o turismo é uma actividade que cruza-se com
deferentes áreas do saber. A cultura, no seu sentido geral faz parte desses
componentes que cruza-se com o turismo.
No
capítulo que Pérez (2009) fala sobre turismo cultural sustenta que a natureza
cultural de muitas das viagens é bem antiga, sendo que na Idade Média viajantes
como Marco Pólo mudaram a concepção do mundo. O autor afirma que foi por volta
do Sec. XVIII e XIX que surge o
“Grande Tour”, uma viagem de formação e iniciação dos nobres e burgueses com o
objectivo de contactar com outros povos e culturas, criando assim um capital
cultural que lhes serviria para ser melhor aceite no seu próprio país e
investir nas tarefas de liderança e governança.
Pérez (2009: 108) refere que mesmo que a natureza cultural
do turismo seja antiga, a ligação entre os dois conceitos é relativamente
recente e muito mais o conceito de “turismo cultural”. o autor, sem se referir a data, acrescenta que
“os profissionais da cultura tendiam, até há pouco tempo, a minusvalorar o
turismo porque entendiam-no como uma actividade banal, superficial,
aculturadora e com pouco interesse pela cultura visitada”.
Numa
perspectiva de definição do turismo cultural, Pérez (2009) ensina-nos que no
sistema capitalista actualmente dominante acontece a segmentação do mercado
turístico, através dos instrumentos de marketing, para fins mercantilistas com
objectivo de conquistar grupos sociais e específicos. Neste contexto, o turismo
cultural tem-se convertido numa etiqueta de distinção social tal como diz
Bordieu (1979 apud Pérez, 2009) do produto turístico e da prática turística, o
que faz com que se construam identidades diferenciadas nas suas práticas
rituais.
Continundo,
Pérez (2009) afirma que o turismo instrumentaliza a cultura como um recurso que
posteriormente converte num produto mercantil e esta mercantilização da cultura
pelo turismo pode ter impactos positivos ou negativos. O autor aponta como
impactos positivos o desenvolvimento e a revitalização de identidades
culturais, a redescoberta das tradições, a autoconsciência local face aos
visitantes, a revitalização do sentido identitário, assim como o
desenvolvimento económico das regiões. Do lado negativo está a questão da excessiva mercantilização que pode converter a cultura
numa mercadoria-ritual espectacular, banal, massiva, passiva, ficcional e
superficial.
Todavia,
numa outra perspectiva, o autor advoga que não pode existir turismo sem
cultura, daí que se pode falar em cultura turística, pois o turismo é uma
expressão cultural. Em termos filosóficos toda a prática turística é cultural.
Além de mais, o turismo pode ser pensado como uma das actividades que mais tem
fomentado o contacto intercultural entre pessoas, povos e grupos (Pérez, 2009).
Richards e Bonink (1995 apud Pérez, 2009: 114) afirmam
que o turismo cultural é “o movimento de pessoas até atracões culturais fora do
seu local habitual de residência, com o objectivo de ganhar informação,
experiências e satisfazer as suas necessidades culturais”.
Do
ponto de vista de atraccões histórico-culturais, o turismo cultural é, segundo a
organização norte americana de defesa do Património Cultural “National Trust
for Historic Preservation” (1993 apud Pérez, 2009) a prática de viajar para
experimentar atracções históricas e culturais com o fim de aprender sobre o
passado de uma região ou de um país, de uma maneira divertida e informativa”.
Importa
referir que Pérez apresenta como elementos de oferta do turismo cultural os
seguintes:
- Património cultural: segundo o
autor este grupo é constituído por sítios históricos e naturais; sítios
arqueológicos; monumentos e museus.
- Lugares de recordação e memória:
fazem parte deste grupo os lugares de acontecimentos como batalhas,
revoluções, assim como os lugares que recordam a vida de artistas ou
intelectuais.
- Artes: aqui está as actividades
artístico-culturais como música, teatro, opera, dança, poesia e festivais;
- Actividades de criação e
aprendizagem cultural: ateliers de artesanato, cursos de idiomas e
acampamentos de trabalho.
Já
a Carta Internacional do Turismo Cultural (2007) mostra nos que o patrimonio
cultural e natural é um conceito amplo que Abrange paisagens, locais
históricos, sítios e ambientes construídos, bem como a biodiversidade,
colecções, práticas culturais passadas e continuadas, conhecimentos e
experiências vividas. Ele regista e exprime o longo processo do desenvolvimento
histórico, formando a essência das diversas identidades nacionais, regionais,
indígenas e locais, e é uma parte integrante da vida moderna.
Mais adiante, o mesmo documento
refere que o património cultural e natural, as diversidades e as culturas vivas
são grandes atracções turísticas. Uma das importantes motivações do turismo
internacional é o desejo de conhecer outros povos e o seu modo de vida bem como
as civilizações do passado. O modo de vida de cada povo é influenciado pelas
suas tradições, pela cultura e pela história, os valores artísticos e
monumentais, sendo que todos esses elementos fazem parte do turismo como factor
de primeira grandeza (Fuster, 1967 apud
Cunha e Abrantes, 2013: 249).
Ventura (2010: 33) argumenta
que “o turismo é um fenómeno geográfico, provocando a transformação da
fisionomia dos espaços, gerando mobilidades espaciais, reabilitando lugares e
patrimónios e, em alguns casos, uniformizando costumes”.
Nesta senda, Moreira (2016):
“o turismo
permite criar empregos; aumentar a qualificação profissional da população
residente; atrair investimentos públicos e privados; aumentar os rendimentos
dos residentes; melhorar a qualidade de vida da população local, estimular a cooperação
e a colaboração, a criação de parcerias e de redes, entre agentes e grupos de
interesse, públicos e privados, locais, sub-regionais, nacionais e
internacionais” (Morreira, 2016: 142).
Como
se pode perceber, o turismo é uma actividade multifacetada e dinâmico com
efeito multiplicador na estrutura social e económica do local onde é praticado.
No que diz respeito ao património cultural, Fernandes e Carvalho (2003: 199) defendem que o
turismo constitui uma estratégia para garantir a valorização e preservação do
património, na medida em que através dele se poderiam incentivar na população
atitudes a favor do seu conhecimento e preservação.
O ICOMOS
(2007) defende a ideia segundo a qual a actividade turística pode capturar as
características económicas do património e dedica-la à conservação, gerando
fundos, educando a comunidade e influenciando a política.
Todavia,
é necessário reconhecer a existência de outras vozes que apontam para uma
instrumentalização da cultura pelo turismo, usando aquele como produto
mercantil e que esta mercantilização pode ter impactos positivos e negativos
(Pereiro, 2009). Manoel e Júnior (2007) escrevem que muitos pesquisadores crêem que a massificação da actividade
turística ajuda no efeito de transformação e deterioração dos recursos
culturais.
Os
autores consultados através da revisa da literatura dão nos uma base conceptual
e fundamentos de gestão do património cultural quer no contexto de conservação
e protecção quer no contexto do turismo. A Convenção para Protecção do Património
Mundial, Cultural e Natural da UNESCO ensina-nos que o património cultural
integra monumentos, sítios históricos e arqueológicos e não só, reconhecendo
também que a deterioração destes elementos constituí uma perda irreparável e
consequentemente empobrecimento das nações, razão pela qual responsabilizar a cada Estado membro o dever de assegurar a
identificação, protecção, conservação, valorização e transmissão às gerações
futuras do património cultural e natural situado no seu território. Os
pressupostos desta convenção para além da definição património cultural
possibilitou compreender que é responsabilidade dos Estados velar pela protecção,
valorização e transmissão às novas gerações do património cultural.
O manual de gestao do
patrimonio cultural do Brasil (2016) deu nos bases sobre gestão integrada do património cultural
articulando com questões de desenvolvimento sustentável que leve em conta as
diversas partes interessadas, atendendo as componentes sociais, económicas e
ambientais. Este documento foi bastante fundamental para percebermos que na
gestão do património cultural é necessário integrar a comunidade local de forma
que entenda a importância de conservação dos bens patrimoniais. O manual, assim
como a Carta Internacional do Turismo Cultural nos ensinou que a comunidade
local deve sentir os benefícios sociais e económicos resultantes da exploração
do património cultural pelo turismo.
Já
Lei 10/88 de 22 de Dezembro aparece como complementar e resposta à Convenção
para Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural, pois, também
trouxe-nos uma abordagem conceptual, dando-nos definição do património cultural
assim como os elementos integrantes. Foi e é através desta lei que ficamos a
saber que o Local Histórico de Nwadjahane faz parte do património cultural,
enquadrado especificamente nos locais ou sítios, sendo que a sua gestão devia
ser da responsabilidade do Estado Moçambicano tal como recomenda a Convenção para
Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural da UNESCO. O instrumento
legal apela os depositários dos bens patrimoniais a velar pela protecção e
correcta utilização destes.
O
estudo de Jopela (2012) permitiu conhecer a essência de um plano de gestão do
património cultural e suas componentes. Este estudo amplia o nosso olhar sobre
o Local Histórico de Nwadjahane, criando premissas para ver até que ponto a
equipe de gestão do Local Histórico de Nwadjahane está articulado com os
princípios de gestão do património cultural.
Já
Mate (2015) despertou nossa atenção sobre a importância do património cultural
no contexto da educação, discorrendo sobre a educação patrimonial e como este
se processa. Mais adiante, o autor debruca sobre os modelos de gestão do
património cultural, tendo apontado os seguintes modelos: modelo preservacionista,
modelo conservacionista, modelo reabilitacionnista e modelo de parceria
público-privado. O estudo de Mate, dá-nos elementos importantes para uma melhor
análise da gestão do Local Histórico de Nwadjahane, objecto de estudo do
presente trabalho.
Pérez
(2009), embora reconhece a possibilidade surgimento de impactos positivos e
negativos na prática do turismo cultural, esclarece que não haver como
desassociar o turismo da cultura, pois, toda viagem turística sempre provoca um
contacto intercultural. O autor avança ainda que o turismo cultural satisfaz a
curiosidade humana em termos de informação, conhecimento e experiência. O
argumento de Pérez alicerça a nossa visão, pois, pensamos também que o Local
Histórico de Nwadjahane é, sem dúvida, este espaço que permite aos visitantes
satisfazerem as suas curiosidades sobre Eduardo Mondlane e seu envolvimento no
processo de libertação nacional.
A
Carta Internacional do Turismo Cultural possibilitou-nos a compreender que o
património cultural e natural, as diversidades e as culturas vivas são grandes
atracções turísticas. Fcto que nos leva a acreditar que o Local Histórico de
Nwadjahane, parte do património cultural moçambicano, também constitui atracção
turísticas e motivo de muitas visitas à Nwadjahane.
Gomes
(2015) num estudo sobre as potencialidades das ferramentas da web 2.0 na
captação de públicos nas instituições museológicas mostra-nos que as
ferramentas tecnológicas possibilitam nexo de interpretação, aprendizagem e
desenvolvimento intelectual; constroem audiências, assegurando que a informação
seja acessível aos vários tipos de público; destacam obras tendo em conta as
interpretações do visitante e impulsionam o interesse deste para que regresse.
A autora sustenta que as ferramentas tecnológicas sobretudo as redes sociais
são de baixo de custo, requerendo tempo e um pouco de formação sobre como
explorar e manuseá-las. O estudo de Gomes (2015) dá-nos conhecimentos e
ferramentas sobre instrumentos, estratégias de divulgação e captação de
públicos para os museus que ampliam a nossa visão na análise do nosso objecto
de estudo, neste caso, Local Histórico de Nwadjahane.
Nesta secção
são apresentados e discutidos os conceitos-chave para a compreensão do assunto
em estudo. São conceitos-chave desta pesquisa, património histórico e cultural,
museu e turismo.
O
conceito de património histórico encontra seu enquadramento no de património
cultural. Este último é definido como sendo “o conjunto de bens materiais e
imateriais criados ou integrados pelo Povo moçambicano ao longo da história,
com relevância para a definição da identidade cultural moçambicana” (Lei no
10/88 de 22 de Dezembro). A lei em referência acrescenta que o património
cultural apresenta bens culturais matérias e imateriais.
Entende-se
por bens culturais imateriais todos aqueles que: “constituem elementos
essenciais da memória colectiva do povo, tais como história e a literatura
oral, as tradições populares, os ritos e o folclore, as próprias línguas
nacionais e ainda obras do engenho humano e todas as formas de criação
artística e literária independentemente do suporte ou veículo por que se
manifestem” (idem).
Já
por bens culturais matérias entende-se “os bens imóveis e móveis que pelo seu
valor arqueológico, histórico, bibliográfico, artístico e científico fazem
parte do património cultural moçambicano” (idem).
Pela
natureza do objecto de estudo desta pesquisa, interessa nos aprofundar um pouco
sobre os bens culturais materiais. Como se pode ver na definição acima
apresentada, existe duas categorias de bens associadas aos bens culturais
materiais, nomeadamente: bens culturais móveis e imóveis.
De
acordo com a lei que temos vindo a referenciar, faz parte dos bens culturais
imoveis, os monumentos,
conjuntos, locais ou sítios e elementos naturais. Contudo, vamos assentar o
nosso raciocionio nos locais ou sítios, onde nos parece enquadrar o Local
Histórico de Nwadjahane, objecto do nosso estudo.
Segundo
a Lei 10/88, são locais ou sítios, as obras do homem ou obras combinadas do
homem e da natureza e as áreas confinadas de reconhecido interesse arqueológico
histórico estético, etnológico ou antropológico. Fazem parte de locais ou sítios:
- Estações
arqueológicas;
- Centros de
poder das sociedades pré-coloniais, suas capitais e principais aglomerados
populacionais, lugares de culto entre outros;
- Centros de
mineração;
- Lugares em
que se registaram acontecimentos históricos importantes das sociedades pré-coloniais,
nomeadamente os campos de batalha das guerras de resistência contra a penetração
colonial, os locais de massacres e os locais históricos da luta armada de libertação
nacional;
- Lugares que
assinalam a ocupação e a exploração colonial no nosso país;
- Lugares
relacionados com o tráfico de escravos;
- Lugares de
antigas feiras ou centros comerciais de troca; e
- Lugares que
contenham objectos de interesse antropológico, arqueológico ou histórico
(alínea c, no 4, Artigo 3 da Lei 10/88 de 22 de Dezembro).
Como
se pode perceber, é nos locais ou sítios onde se enquadram os locais históricos
da luta armada de libertação nacional, facto que nos leva a acreditar que o
Local Histórico de Nwadjahane encontra seu enquadramento, pois, também narra
história de vida e obra uma figura que se destacou na luta de libertação de
Moçambique perante o colonialismo português.
De
acordo com Pérez (2009:14), o turismo é um movimento de pessoas que intensifica
o contacto intercultural, por isso, pode contribuir para a apreciação da
relatividade e da diversidade cultural, estimulando o mútuo respeito entre
culturas.
Por outro lado, a Organização
Mundial de Turismo – OMT (2001), define o turismo como sendo as actividades que
realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu
entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade
de lazer, negócios ou outras.
Para a Lei 4/2004 de 17 de Junho,
Lei do Turismo, turismo compreende ao conjunto de actividades profissionais
realizadas, como transporte, alojamento, alimentação e actividades de lazer
destinadas aos turistas. Para efeitos deste trablho, o turismo deve ser
compreendido como o conjunto de actividades profissionais realizadas, como
transporte, alojamento, alimentação e actividades de lazer destinadas aos
turistas, tal co mo afirma a lei do Turismo.
Segundo
ICOMOS (1979), turismo cultural é uma forma de turismo que tem por objecto
central o conhecimento de monumentos, sítios históricos e artísticos ou
qualquer elemento do património cultural. ICOMOS advoga ainda que o turismo
cultural exerce um efeito positivo sobre o património cultural e histórico,
pois as receitas geradas pelo turismo contribuem de certa forma para sua
conservação. Contudo, reconhece também, os riscos provocados pela utilização
excessiva do património cultural pelo turismo.
Para
Pérez (2009:116). Turismo Cultural
compreende as actividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de
elementos significativos do património histórico e cultural e dos eventos
culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
As duas definições apresentadas acimas fornecem
elementos importantes para compreensão do turismo cultural. Todavia, o presente
trabalho adopta a definição de Pérez (2009), pois, aponta para o conjunto de
actividades relacionadas a vivência dos elementos do património
histórico-cultural e não só, visando também a sua valorização.
O conceito de promoção vem atrelado ao de marketing,
sobretudo ao marketing mix. Conforme Kotler (apu Acerenza, 1991: 34) promoção é a
compreensão de “todos os instrumentos da combinação de marketing, cuja função
principal é a comunicação persuasiva”.
Acerenza
(1991:34) acrescenta, afirmando que promoção é uma atividade destinada à
informação, persuasão e influência sobre o cliente, na qual se incluem as
atividades de publicidade, promoção de vendas, vendas pessoais, e outros
meios, entre os quais se insere, também, relações públicas, quando essas
se encontram integradas ao processo de marketing.
Neste sentido, promoção turística diz respeito ao
conjunto de actividades que visam a difusão de informação sobre um destino
turístico e a persuasão e/ou influenciar o turista a escalar esse destino. A
promoção turística pode incluir campanhas publicitárias, cartazes, folhetos,
redes sociais e website que divulgam
as potencialidades naturais, históricas e culturais de um determinado destino
turístico.
CAPÍTULO IV:
METODOLOGIA
O presente capítulo apresenta os
procedimentos metodológicos usados para a realização da pesquisa. Para o
efeito, apresentados os métodos de abordagem e de procedimento e justifica-se a
sua escolha. Apresenta-se também os instrumentos de recolha de dados e
justifica-se a sua escolha. Por último apresenta-se a população de estudo,
amostragem e amostra.
O presente trabalho é do tipo
qualitativo que
segundo Gil (2002), permite que o investigador penetrar
nos motivos, intenções e projectos dos actores a partir das quais as acções, as
estruturas e as relações se tornam significativas. A escolha da abordagem qualitativa deve-se ao facto de
poder permitir investigar as crenças e as motivações que se tem sobre o Local
Histórico de Nwadjahane para o turismo.
4.1.Quantos aos objectivos
Quanto aos objectivos, a presente pesquisa é exploratória
e descritiva. De acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratória têm
como principal objectivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores. Geralmente, a pesquisa exploratória é
realizada quando o tema em pesquisa é pouco explorado, havendo por isso a
necessidade de se ter uma visa geral do mesmo.
No
presente trabalho, a pesquisa exploratória permitiu ter uma visão geral sobre o
Local Histórico de Nwadjahane, auxiliando-se da pesquisa descritiva para
descobrir a relação que existe entre este e o turismo.
Na presente pesquisa privilegiou-se a abordagem
hipotético-dedutivo. Segundo Gil (2008) o método hipotético-dedutivo consiste na
combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica,
alcançando um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está
interessado, daí deduz as conseqüências por meio de experimentação e, dessa
maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário, por outros,
e assim prossegue. Para o presente estudo, o método hipotético-dedutvo
consistiu na definição, seguida de hipóteses que guiram a pesquisa com o
intuito de corroborar ou falsear as hipóteses formulas.
Como
método de procedimento, a pesquisa utilizou o método dialético. De acordo com
Gil (2008), o método dialético fornece as bases para uma interpretação dinâmica
e totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem
ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências
políticas, económicas, culturais etc. A escolha deste método, tem a ver com o
facto de considerar as influências provocadas pelos fenómenos ou factos
sociais. Para o caso desta pesquisa, o método dialético permitiu identificar as
influências exercidas pelo museu aberto de Nwadjahane para o turismo.
Como técnicas de recolha de dados foi
usado a pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2008) a pesquisa
bibliográfica tem carácter de elaborar fundamentos que imprimam a coerência e a
estruturação da dissertação com a pesquisa de campo, a partir de leituras de
matérias já publicadas, livros, periódicos, revistas, jornais, artigos,
estatísticas e publicações da Internet, de autores contemporâneos, com
posterior organização dos textos em forma de resumos, citações e
interpretações.
Para
este trabalho, a pesquisa bibliográfica consistiu no levantamento de material
bibliográfico sobre o assunto em pesquisa como forma de enriquecer o nosso
quadro teórico e conceptual.
Usou-se
também a pesquisa documental que consistiu na consulta de documentos como
relatórios de actividades do museu aberto de Nwadjahane, e outro tipo de
documentos que ainda não receberem tratamento científico.
No que concerne aos instrumentos de
recolha de dados, privilegiou as entrevistas abertas, obedecendo um roteiro de
entrevista previamente formulado. Minayo (2008) define “entrevistas abertas ou
em profundidade como “aquelas em que o informante é convidado a falar
livremente sobre um tema e as perguntas do investigador, quando são feitas,
buscam dar mais profundidade às reflexões”.
Esta modalidade de entrevista
permitiu que a pesquisadora colhesse maior número de informações, formulando
questões abertas, onde os entrevistados tinham liberdade de expor tudo que
sabem sobre o assunto.
A pesquisa foi realizada em Nwadjahane,
Distrito de Mandlakazi na província de Gaza. A pesquisa abrangeu gestor e
funcionários do Local Histórico de Nwadjahane, visitantes do mesmo, e a
comunidade de Nwadjahane. De referir que a nossa amostra foi composta por um
total de 31 (trinta e uma) pessoas onde 9 são mulheres e são 22 homens.
7.1.Técnicas de análise e
interpretação de dados
Para a análise e interpretação de dados
recorreu-se a técnica de análise de conteúdo. De acordo com (Mozzato & Grzybovski,
2011 apud Mate, 2015) a análise
de conteúdo tem o “objectivo de compreender criticamente o sentido das
comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou
ocultas”.
Para
o presente trabalho a analise de conteúdo consistiu na transcrição dos dados da
pesquisa de campo e, posterior sua aproximação com os dados da pesquisa
bibliográfica, como forma de apurar a possível relação existente entre ambos,
assim como sua fundamentação.
Neste capítulo apresenta e
discute-se os dados da pesquisa do campo. A discussão dos dados consistiu no
estabelecimento de relações, quer de aproximação, quer de afastamento entre os
dados de campo e da pesquisa bibliográfica. Como forma de dar inicio a este
capítulo, apresentamos em seguida a localização e discrição do nosso objecto de
estudo.
O Local Histórico de Nwadjanhane, objecto de
estudo deste trabalho, localiza-se no Posto Administrativo de Chalala no
Distrito de Mandlakazi, Província de Gaza. De acordo com a Revista de
Mandlakazi (2012), o distrito de Mandlakazi situa-se a Sul de Moçambique, entre as latitudes de
24º 04’ 19’’ e 25º 00’00’’ Sul e entre as longitudes de 33º 56’ 17’’. A Norte
está limitado pelo Rio Uwaluezi, braço do Rio Changane que o limita com o
distrito de Chibuto; a Sul, o Oceano Indico; na parte Oeste estão os distritos
de Chibuto e Xai-Xai e a Este os distritos de Inharrime, Panda e Zavala da
Província de Inhambane.
O
Distrito de Mandlakazi tem um potencial turístico atractivo, com destaque para
o Posto Administrativo de Chidenguele. As praias de Chizavane, Chidenguele,
Muholove e Dengoine possuem um grande atractivo em termos de beleza natural
(Revista de Mandlakazi, 2012). Para além das praias, o distrito é rico em
termos histórico-culturais, sendo de destacar a Batlha de Coolela, o Local
Histórico de Nwadjahane, a produção do artesanato de Nguzene.
Seundo a Revista que temos vindo a citar, o
distrito de Mandlakazi possui cerca de 481
camas, que são insuficientes para acomodação de turistas especialmente no período
de pico. Como há também fraca realização de actividades de animação e de
campanhas de marketing.
Inaugurada a 20 de Junho de 2007, o Local Histórico de Nwadjahane, foi a
residência do primeiro presidente do partido FRELIMO, Dr Eduardo Chivambo
Mondlane. O Local Histórico de Nwadjahane integra que abaixo passamos a
descrever:
A “Palhota de Infância de Eduardo Mondlane” também conhecida por
“Palhota 1920” é uma palhota construído com base no material local e afirma-se
ser nesta residência onde nasceu Eduardo Mondlane aos 20 de Junho de 1920. Segundo
o gestor do Local, a Palhota 1920 tinha sido construído no local que a agora constitui
a primeira parcela do cimenteiro familiar, tendo mais tarde transferido para a
segunda parcela do cemitério. Hoje, a mesma encontra-se implantada fora do
recinto do cemitério. Mesmo com as várias intervenções que esta palhota sofreu,
sempre procurou-se manter as características arquitetónicas iniciais da mesma,
tal como se pode ver na figura 1 abaixo. Dado ao valor simbólico deste edifício
e da sua história, constitui um dos atrativos turísticos do conjunto da oferta
turística do Local Histórico de Nwadjahane.
Figura 1: “Palhota de Infância de Eduardo Mondlane”
Fonte: Autora da pesquisa (2018)
Como
se pode ver na imagem, para além da história e simbolismo que esta palhota
carrega, o material rústico usado na sua construção proporciona um olhar e
experiência diferente aos visitantes das grandes cidades que talvez nunca haviam
visto uma residência do género. Este tipo de palhota é um atrativo para
turistas culturais que procuram experiências autênticas e inovadoras através da
contemplação de formas de ser, estar e fazer das comunidades locais.
De acordo com as informações
colhidas no terreno por meio de entrevistas, a “Casa 1961” iniciou a sua
construção em 1961 a mando do Eduardo Mondlane na altura em que trabalhava para
as Nações Unidas. Afirma-se que a mesma foi construída para servir como meio de
hospedagem do Eduardo Mandane juntamente com sua família quando regressasse a
sua terra natal. Segundo, o guia turístico do local, a casa só foi terminado um
ano depois da independência, isto é, em 1976.
A casa é do tipo 2, e primeiramente
havia sido construído com base no material local (caniço e estacas). Mais
tarde, com intervenções da família Mondlane com vista a garantir maior tempo de
vida, foi usado o material convencional (cimento), tal como atesta a figura 2
abaixo.
Figura
2:
Casa 1961
Fonte: Autora da pesquisa (2018)
A utilização do
material local neste edifício cria um ambiente invulgar e tipico da zona rural,
aspectos que podem proporcionar uma experiência inegualáveis aos turistas.
O monumento “
Aldeia Mwadjahane” encontra-se a frente da casa 1961. De acordo com o guia do
turismo do Local historico de Nwadjahane, o monumento “Adeia de
Nwadjahane” foi construido no loca onde
foi recebido o antigo presidente da República Popular de
Moçambique, Marechal Samora Moisés Machel em 1975, após a sua visita a
Nwadjanhane.
A visita de Samora Machel a
Nwadjahane ocorreu um pouco antes da proclamação da Independência de
Moçambique, sendo que a mesma estava enquadrada nos preparativos daquela
efeméride. Afirma-se, que Samora, passou pelo Nwadjahane um gesto simbólico de
buscar a força e coragem para a proclamação da Independência Nacional. O
monumento foi erguido exactamente onde aterrou o helicóptero do presidente
Samora Machel e foi recebido pela família Eduardo Mondlane e a comunidade
local. Nwadjahae é uma adeia histórica e
incontornavel para quem quer falar da história de Moçambique. Pois, é nesta
aldeia onde nacseu Eduado Chivambo Mondlane, fundador e primeiro Prseidente da
Frente de Libertação de Moçambique, Arquiteto da Unidade Nacional”.
Figura
3: Lâpide
Fonte:
Autora de trabalho (2018)
O monumento dedicado ao Dr. Eduardo
Chivambo Mondlane foi erguido no centro da aldeia Nwadjahane sob orientação do
Governo da Província de Gaza, enquadrado nas celebrações do dia dos heróis
moçambicanos em 2005.
A construção deste monumento foi a
forma que o Governo da Província encontrou para imortalizar a vida e obra
daquele que dedicou a sua vida na luta para a libertação de Moçambique da
opressão colonial. Hoje, este monumento constitui um dos elementos que se pode
visitar no Local Histórico de Nwadjahane.
Figura
4:
Monumento, Centro de Aldeia
Fonte:
Autora
de trabalho (2018)
9.1.5. Monumento
construído no âmbito do 40º aniversário da morte de Eduardo Mondlane
O Monumento em Homenagem ao Doutor
Eduardo Chivambo Mondlane foi inaugurado no dia 20 de Junho de 2009. No
entanto, o lançamento da primeira pedra aconteceu no dia 3 de Fevereiro de 2009
pelo ex-presidente da República de Moçambique Armando Emílio Guebuza, com
objetivo de preservar a vida e obra de Eduardo Mondlane.
Figura 5: Monumento construído no âmbito do 40º
aniversário da morte de Eduardo Mondlane
Fonte: Autora da pesquisa (2018)
Dentro deste monumento encontram-se imagens que ilustram as várias etapas
da vida de Eduardo Mondlane. As fotografias mostram Eduardo Mondlane quando
frequentava a escola primária localizada a cerca de 12 km da sua residência,
como também a sua passagem pela Escola Secundária de Lemana, onde para além de
estudar, Mondlane dirigia reuniões e cultos dominicais.
Importa referir que as imagens também ilustram o momento em que Mondlane
trabalhou para as Nações Unidas, como investigador dos acontecimentos que
levaram à independência dos países africanos, bem como da realização do
primeiro congresso da FRELIMO, em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, a 25 de Junho de
1962, e que o conduziu à presidência daquele movimento de libertação.
Ainda dentro do monumento pode se ver algumas fotografias que mostram
momentos de em que se anunciou a morte de Eduardo Mondlane, o cortejo fúnebre
para o cemitério de Dar-es-Salam e o respectivo funeral.
O cemitério da
família Mondlane é um dos elementos que integra o complexo Local Histórico de
Nwadjahane. O cemitério está próximo da floresta sagrada, uma zona protegida
pela comunidade de Nwadjahane. É composto por duas parcelas, sendo que na
primeira parcela estão depositados os restos mortais do Pai de Eduardo Mondlane
(Nwadjahane) e duma das filhas. Na segunda parcela estão sepultados os restos
mortais ds outros membros da família Mondlane.
Figura
6:
Cemitério da Família Mondlane
Fonte:
Autora
do trabalho (2018)
O Centro de Recursos de
Nwadjahane é uma infra-estrutura que integra o Local Histórico de Nwadjahane está
equipado com uma biblioteca e uma sala de informação. A instalação da
biblioteca tem como finalidade desenvolver hábitos de leitura as crianças,
jovens e aos demais membros da comunidade, e que estes se inspiram nos ideais
de Mondlane à busca de conhecimento como instrumento de luta para combater a
pobreza absoluta. Os computadores disponíveis foram montados em Moçambique e
por sinal com moçambicanos e baptizados com a marca "Dzovo" dos quais
os jovens podem aprender o uso da técnica de informática para o desenvolvimento
sustentável.
Figura
7:
Centro de Recursos de Nwadjahane
Fonte: Autora da pesquisa (2018)
9.1.8. Lagoa Nyourongole e pastagem
A lagoa Nyaourongole e
pastagem localizam-se a aproximadamente 1.5 Km do Local Histórico de Nwadjahane
é a zona onde Eduardo Mondlane exercia o trabalho de pastagem. Segundo os
gestores do local, é neste espaço onde Eduardo Mondlane exercia a actividade
pastagem.
Figura 8: Lagoa Nyourongole
e pastagem
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Fonte: Folheto do Local
Histórico de Nwadjahane
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Para melhor falar da gestão do Local
Historico de Nwadjahane enquanto parte do património cultural moçambicano vale
lembrar alguns princípios que norteiam o processo de gestao evocados pelos
autores consultados. Jopela (2012) que para se fazer a gestao do património
cultural é necessário antes mais obedecer as etapas que abaixo passamos a
descrevê-las, relacionando-as ao mesmo tempo com o caso de Nwadjahane:
- Identificação
e envolver os actores-chave: no caso do nosso
objecto de estudo, os actores-chave são a comunidade da aldeia de
Nwadjahane, os governos distrital, provincial e central, a família
Mondlane como depositário. No que concerne ao envolvimento destes actores
no processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane, o estudo de caso
constatou o envolvimento directo da Fundação Eduardo Mondlane, constituída
pela esposa do Mondlane e os filhos. Primeiramente, a Fundação esteve sob
a gestão de Janete Mondlane, viúva de Eduardo Mondlane. Todavia, como esta
já se encontra numa idade avançada, actualmente a gestão da Fundação
Eduardo Mondlane está ao cargo da Nyelete Mondlane, filha de Eduardo
Mondlane.
Todavia,
dada a residência dos gestores da Fundação que é, até então, cidade de Maputo,
estes confiaram a gestão do local ao senhor Arlindo Honwana para zelar pelos
acontecimentos do dia-a-dia. Arlindo Honwana diz estar subordinado a Fundação
Eduardo Mondlane, e tudo que faz é do conhecimento desta e/ou com a sua previa
autorização.
Importa
salientar que segundo apuramos durante a pesquisa de campo, o envolvimento dos
outros actores no processo de gestão do local é ínfimo, limitando-se apenas a
algumas intervenções em datas comemorativas ou quando solicitado pela equipe de
gestão presente no local ou pela Fundação para o caso do Governo distrital e
provincial e central. Este facto também acontece com a comunidade local que
segundo deu a conhecer o Arlindo Honwane, gestor do local e confirmado por
alguns membros da comunidade local entrevistados durantes a pesquisa acontece
de forma esporádica, isto é, quando esta é solicitada para tomar parte de
algumas cerimónias, fazer limpezas do local quando se está prestes a receber uma
delegação do governo distrital, provincial e central. Na mesma senda, a
comunidade local se faz representar pelos grupos artístico-culturais locais nas
cerimónias comemorativas ou quando aparecem delegações que vem visitar o local.
De
referir, que para além do senhor Arlindo, o Local Histórico de Nwadjahane tem
14 colaboradores, distribuídos da seguinte forma:
Tabela
1:
Pessoal Trabalhador do Local Histórico de Nwadjahane
Designação
|
Quantidade
|
Gestor do Local
|
1
|
Guias do Turismo
|
2
|
Seguranças
|
9
|
Pessoal de Limpeza
|
2
|
Total
|
14
|
Fonte:
autora do trabalho com base nos dados da pesquisa de campo
Analisando
a forma como os actores chave são envolvidos no processo de gestão do Local
Histórico de Nwadjahane, incluindo a composição da equipa de gestão montada percebe
claramente que esta estrutura não facilita os princípios da gestão eficaz e
eficiente do mesmo, pois, parece que até então as ideias orientam a gestão
deste local vem na sua maioria, da Fundação Mondlane, que a mesma se encontra
distante do local. Os governos distrital e provincial deveriam ser mais
presentes no processo de tomada de decisão sobre aspectos de gestão, e quiçá na
alocação de recursos e aperfeiçoamentos dos já existentes.
- Recolha
de informação sobre o sítio: segundo apuramos
no local, os guias do turismo do Local Histórico de Nwadjahane tem uma
informação sintetizado sobre o mesmo. Este facto foi demostrado pelo
domínio, organização, capacidade de síntese e clareza da informação
transmitida sobre o local, facto que nos faz acreditar que houve pelo
menos recolha de informação sobre o sítio.
Determinação
do significado, este ponto diz respeito a definição dos valores do local,
podendo ser histórico, científico, social, económico, espiritual, estético,
espiritual, entre outros: embora não tenhamos encontrado nenhum documento que
mostra os valores do local histórico de Nwadjahane, a pesquisa do local
permitiu constatar que o local reúne seguintes valores culturais: o Local
Histórico de Nwadjahane tem um valor histórico, pois, o local preserva a
história de vida e obra do Eduardo Chivambo Mondlane primeiro presidente do
movimento da libertação nacional frente ao colonialismo Portugal, sendo que
esta informação é incontornável para a compreensão do passado de Moçambique e
se calhar do presente. O lugar reúne valor de identidade que segundo Jopela
(2011) este consiste no vínculo emocional (espiritual, religioso, simbólico,
político, patriótico ou nacionalista) da sociedade, em relação a um objecto ou
estação. O Local Histórico de Nwadjahane tem um vínculo
emocional muito forte com os actores-chave, por facto de Eduardo Mondlane ter
sido líder do movimento de libertação nacional e defensor dos ideais de
moçambicanidade e unidade nacional. A nossa pesquisa constatou ainda que
Eduardo Mondlane assim como o seu pai Nwadhajane foram figuras influentes,
aceites e inspiradores ao nível da comunidade local e não só, razão que explica
o sentimento emocional que comunidade local nutre por estes. Estes elemntos tambem remete o local
Histórico de Nwdajahane ao valor social. De acordo com Jpoela (2011) o valor
social do património cultural está relacionado com
actividades sociais tradicionais e o uso compatível do lugar no presente.
Envolve, igualmente, uma interacção social contemporânea do património cultural
com a comunidade, jogando um papel preponderante no estabelecimento da
identidade cultural. Os lugares com valores tradicionais ou religiosos têm,
frequentemente, um grande significado social que está relacionado com o seu
conhecimento pela comunidade. No processo de preservação do local histórico de
Nwadhajane está também a competente valor científico. Este valor manifesta
perante o conhecimento que o local deposita sobre a figura do Eduardo, sua
história de vida e seu percurso político.
Por
último o valor económico: na óptica do Jopela (2011) o valor económico deve ser
entendido como o valor gerado pelos bens culturais (recursos patrimoniais), ou
pela acção da sua conservação, nomeadamente através do turismo cultural.
Todavia, segundo apuramos durante a pesquisa de terreno, o Local Histórico de
Nwadahane não gera nenhum valor económico quer por turismo cultural quer outra via.
Segundo o gestor do local, o acesso ao Local Histórico de Nwadjahane é
gratuito. Todavia, o gestor do mesmo diz já haver uma discussão ao nível da
Fundação Eduardo Mondlane no sentido de se estabelecer uma taxa simbólica a ser
cobrado aos visitantes deste local.
- Identificação
das questões-chave: esta é a terceira fase do
processo de gestão do património cultural segundo Jopela (2011) que
consiste no somatório das oportunidades e constrangimento que podem
afectar o estado do local. Para tal, o autor chama atenção sobre a
necessidade de tomar em conta os recursos existente, o que se pode
alcançar e a vontade das partes interessadas. No concernente a definição
das questões-chave, a pesquisa de campo que os elementos chave que estão
em questão no processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane são
constituídos pelo constrangimento de ordem financeira e humano que se
manifestam através de escassez de recursos financeiros e humanos capazes
de assegurar a adequada gestão do local. Como oportunidade, está
salvaguardado, dentro dos recursos escassos existente a protecção,
preservação e revitalização a história de vida e obra de Eduardo Mondlane.
Este ponto, é crítico do sucesso do Local Histórico de Nwadjhane,
sobretudo, quando pensado como um local de interesse turismo, pois, os
constrangimentos de ordem financeira e humana minam o processo de gestão,
bem assim a sustentabilidade do local.
- Definição
das metas e objectivos de gestão: de acordo com o
autor que temos vindo a citar, esta etapa consiste na definição das linhas
orientadoras para salvaguarda e conservação do património cultural. O
gestor do local histórico de Nwadjahane assegurou que o objectivo de
gestão do local é a salvaguarda e protecção da história de vida e obra de
Eduardo Mondlane para que estes perdurem e sejam divulgados aos potenciais
interessados. No nosso, entender, até ao momento, estes objectivos estão
sendo percorridos mas com desafios inerente a questão de divulgação,
conforme será descrito na secção seguinte.
- Adopção
de estratégias para alcançar os objectivos:
Jopela (2012) afirma que esta fase consiste na planificação
de acções específicas, adopção de regras ou padrões relevantes para essas
acções de modo a prevenir futuros danos. No
concernente a este elemento, não foi possível saber das estratégias com
vista o alcance dos objectivos da gestão do Local Histórico de Nwadjahane,
dado que a equipa presente no local apenas recebe e guia as pessoas que
vistam o local, e não possui nenhum plano claro, fora de visitas de delegações
previamente agendadas.
- Implementação
e revisão: esta
fase consiste na monitoria
da implementação das actividades definidas no plano com vista a assegurar
a correcção de algumas falhas e melhorar outros aspectos. Realmente a esta
fase, o assunto torna-se mais complicado ainda, uma vez que, o Local histórico
de Nwadjahane não dispõe de nenhum plano, isto é, um documento escrito que
indique as acções/actividades a desenvolver, objectivos, estratégias de
excussão.
- Gestão
da documentação: este é um documento que contém o
registo do planificado, objectivos, significado bem em causa, actividades,
estratégias, entre outros elementos a serem levados a cabo no processo de
gestão do património cultural (Jpoela, 2012). Segundo indica o gestor do
Local Histórico de Nwadjahane, objecto deste estudo, o local não possui
nenhum documento com registo do planificado.
- Plano
de Gestão: consiste num instrumento evolutivo
ligado ao espaço protegido para guiar as actividades dos intervenientes
num determinado período. Assegura uma coerência e uma continuidade da
Gestão no espaço e no tempo, bem assim a implementação das disposições
anunciadas nos objectivos de conservação, protecção, salvaguarda e
valorização do bem (Jopela, 2012). Segundo a constatação da pesquisa de
campo, o Local Histórico de Nwadjahane não tem nenhum plano de gestão,
dificultando o processo de monitoria e avaliação da efectividade das
acções de protecção, conservação, salvaguarda e valorização do mesmo.
Tomando com base de análise a estrutura
sugerida por Jopela, especialista de gestão do património cultural moçambicano,
fica claro que o processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane não obedece
os critérios de gestão por estes indicados. Já na perspectiva dos modelos de
gestão, nota-se a prevalência do modelo proteccionista caracterizado pelas primeiras
políticas orientadas para o sector e que tinha por objecto a protecção e
preservação de edificações, estruturas e outros objectos individuais “[...] com
um carácter essencialmente imobilista, tendo como foco, a limitação da mudança”
(Castriota, 2009 apud Mate, 2015).
E
como se pode depreender, este modelo é desajustado ao contexto actual, pois,
segundo Macamo (2012 apud Mate, 2015) o modelo que se mostra ajustável à gestão
do património cultural do dia é o de parceria público-privado, onde a parte
pública constituída pelos Governos Provinciais em parceria com os Conselhos Municipais,
sectores responsáveis pela conservação do património cultural cabeia-lhes a
função de assegurar o cumprimento do regulamento de uso e conservação doa bens
patrimoniais, assim como aos aspectos de apresentação e interpretação dos
conteúdos. Já a parte privada cabe-lhe o papel de assegurar as actividades que
dizem respeito ao turismo cultural, no quadro do desenvolvimento das indústrias
culturais e criativas, factores essenciais para a conservação sustentável do
património cultural, que contribuem para a geração de fontes de financiamento
com a finalidade de geração de emprego para as comunidades locais (Mate, 2015).
Para a análise das estratégias de
divulgação e captação de públicos do Local Histórico de Nwadjahane recorremos
ao estudo de Gomes (2015) sobre “Métodos de Divulgação e Captação de Públicos
nos Museus”. No estudo o autor introduz o conceito Inboud marketing que consiste na criação de conteúdos direccionados
ao público através de redes sociais com vista a atraí-lo. Ao disponibilizar a
informação nas diversas plataformas electrónicas, está-se a deixar parte de
informação que o público pode encontrar a qualquer momento que estiver a
procura, sendo por isso sustentável quando comparado com os canais tradicionais
constituído por sports televisivos,
radiofónicos e anúncios nos jornais que exigem que o público esteja atento naquele
momento em que a informação está a passar. Uns dos desafios para assegurar
melhores resultados é a actualização dos conteúdos dentro das plataformas
electrónicas.
De acordo com os dados colhidos no
local, o Local Histórico de Nwadjahane não possui nenhuma estratégia de Inboud Marketing, pois, não apresenta nenhuma
página web e muitos uma conta nas redes
sociais elementos que lhe possibilitariam deixar informação para que o público
tenha acesso, quiçá seja cativado a visitá-lo.
Outro aspecto apontado por Gomes (2015)
no contexto de divulgação e captação de públicos são as relações públicas que
conistem num esforço planeado para influenciar a opinião pública através de
boas informações e actos responsáveis, baseados em comunicações mútuas
satisfatórias (Cutlip & Center, 1978 apud Gomes, 2015). A respeito disto, a
autora acrescenta haver a necessidade de se avaliar o público que a instituição
já possui, assim como o público potencial para em seguida desenvolver mensagens
ajustadas às espectativas daqueles.
Embora que exista um esforço ao nível da
equipa de gestão do Local Histórico de Nwadjahane no sentido de desenvolver
campanhas de relações públicas como forma de estreitar as suas relações com seu
público, os dados apontam para a ausência de acções de avaliação e criação de
mensagens para o público potencial.
De
acordo com French e Runyard apud Gomes
(2015), as principais ferramentas de comunicação em relações públicas são:
redes sociais; websites; press releases e newsletters atractivas; relações com os meios de comunicação;
eventos privados e públicos; conferências; exibições; patrocinio; e fotografia.
Olhando para
estas ferramentas, procurando ver a sua aplicabilidade no Local Históico
deNwadjahane, nota-se a falta de utilização do website, redes sociais, newsletters,
press releases, patrocínio,
fotografia, exibições e conferência. A falta de utilização de wedsite e redes
sociais constitui uma perda muito grande, pois, Gomes (2015)
afirma que as ferramentas tecnológicas possibilitam nexo de interpretação,
aprendizagem e desenvolvimento intelectual; constroem audiências, assegurando
que a informação seja acessível aos vários tipos de público; destacam obras
tendo em conta as interpretações do visitante e impulsionam o interesse deste
para que visite o local.
Ainda que de
forma esporádica, nota-se a utilização das relações com os meios de comunicação
que consiste em cobertura de eventos de índole público, privado e académico. Estes
eventos são realizados por delegações de instituições públicas ou privadas. Embora
não aconteçam de forma frequente, as visitas destas delegações contribuem para
divulgação e captação de público para o Local Histórico de Nwadjahane, pois,
para além de serem acompanhadas, em algumas vezes, por de órgãos de comunicação
social, são por si só, importante para a passagem da informação através de
conversas com outras pessoas da sua rede de amizade.
Importa referir
a visita de estudo dos estudantes e docentes do Instituto Superior de Artes e
Cultura, enquadrado na disciplina de Gestão do Património Cultural, leccionado
no 4ª ano do curso de Gestão e Estudos Culturais. Assim como as excursões das
diversas delegações de instituições públicas e privadas que também enquadra-se
no contexto de relações públicas na componente de eventos públicos e privados,
contribuindo também para a divulgação e captação de públicos para o Local
Histórico de Nwadjahane.
De facto, maior parte dos visitantes
ouvidos durante a pesquisa, afirmam terem visitado o local, pela primeira vez,
por motivos de educação, sobretudo em missões de pesquisa e excursões
académicas. Como há também aqueles que ficaram a saber da existência do Local
Histórico de Nwadjahane através de outras pessoas.
Segundo o gestor do Local, divulgação do
local é também feita através de contacto interpessoal, sendo feito pelos
membros da Fundação Eduardo Mondlane que tem abordado à algumas pessoas da sua
rede de amizade sobre a existência do local. Para além da divulgação via
conversa, existem alguns guias turísticos que reúnem informação sobre local que
são distribuídos aos visitantes e não só. Estes elementos também fazem parte
das relações públicas.
Sobre
Um aspecto bastante preocupante, é facto
de na composição da equipa de gestão do Local Histórico de Nwadjahane não
existir uma pessoa que cuida especificamente de questões de divulgação do
mesmo.
Questionado sobre a eficiência e eficácia
dos canais e estratégias de divulgação do local, os entrevistados são unânimes
em afirmar a fraqueza em termos de divulgação do local histórico de Nwadjahane.
Segundo eles, afirmam ser de extrema importância a criação de estratégias de
divulgação do local por meio das novas tecnologias de informação e comunicação,
aderindo por exemplo às redes sociais que são de custo baixo e com capacidade
de atingir maior número de pessoas em pouco tempo. Com relação a este aspecto,
Gomes (2015) assegura também que as ferramentas tecnológicas sobretudo as redes
sociais são de baixo de custo, requerendo tempo e um pouco de formação sobre
como explorar e manuseá-las.
Para a análise do fluxo de visitantes do
Local Histórico de Nwadjahane, vale lembrar o conceito de visitante. De acordo
com Cunha (1997) é toda pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua
residência habitual quer seja no seu próprio país ou no estrangeiro, por
diversas razões. Com base nesta definição, estão excluídas todas pessoas residentes
ao nível da área de jurisdição do objecto ou local sobre o qual se pretende
estudar o fluxo de visitantes.
O
Instituto Nacional de Estatística (INE) numa publicação das estatísticas da
cultura (2015) advoga que o número de visitantes dos museus é um indicador calculado dividindo o número de visitas efectuadas aos
museus em determinado ano pelo total da população da província do mesmo ano e
multiplicado por 100 mil, para facilitar a sua interpretação.
Assim, dada a ecassez de dados referentes ao Local
Histórico de Nwadjahane nos anos abrangidos pela presente pesquisa, assim como
a dificil interpretação destes quando quando constam das publicações do INE
sobre estatística cultura, a análise do fluxo de visitantes consistiu
no levantamento de número de visitantes nos relatórios anuais fornecidos pela
equipa de gestão deste local. Em seguida foram deduzidos tendo como base a fórmula
usada por INE que para nós está próximo da realidade.
Importa referir que, o Local Histórico
de Nwadjahane dispõe de um livro de registo, onde cada visitante é solicitado a
deixar uma assinatura após a sua vista. Esta estratégia é boa, mas não se
mostra eficaz para aferir o número de visitantes quando se trata de delegações
com um número de elementos significativos.
Todavia,
até ao momento, é com base nestas assinaturas que os gestores do local fazem o
controlo estatístico das visitas durante o mês, e no fim de cada ano, fazem o
apuramento anual.
Assim, a informação fornecida no local
indica que no período compreendido entre 2007 e 2017, o fluxo de visitante
comportou-se da seguinte maneira:
Tabela
2:
Fluxo de visitantes do Local Histórico de Nwadjahane
Ano
|
Número de visitantes
|
Visitantes estrangeiros
|
2009
|
70661
|
|
2010
|
3305
|
|
2011
|
2222
|
121
|
2012
|
2527
|
58
|
2013
|
1774
|
11
|
2014
|
4222
|
45
|
2015
|
10601
|
298
|
2016
|
15318
|
74
|
2017
|
2769
|
41
|
Total
|
113399
|
648
|
Fonte:
Autora do trabalho com base nos dados da pesquisa
A tabela mostra os dados apurados pela
equipa de gestão do Local Histórico de Nwadjahane, sendo que os mesmos não
respeitam o conceito de visitante, pois, segundo o gestor do local também são
contabilizados os membros da comunidade local. Como forma de ajustar estes
dados ao conceito de visitante, respeitando também a fórmula usada pelo INE,
apresenta-se a seguinte tabela de visitantes de Nwadjahane:
Tabela
3:
Dedução dos visitantes do Local Histórico de Nwadjahane tendo em conta a
fórmula do INE.
Ano
|
No total de visitantes[2]
|
População de Gaza
|
No total visitantes[3]
|
2009
|
70 661
|
1 277 127
|
5 532
|
2010
|
3 305
|
1 298 651
|
254
|
2011
|
2 222
|
1 315 730
|
168
|
2012
|
2 527
|
1 344 095
|
188
|
2013
|
1 774
|
1 367 849
|
129
|
2014
|
4 222
|
1 392 072
|
303
|
2015
|
10 601
|
1 416 810
|
748
|
2016
|
15 318
|
1 442 094
|
1 062
|
2017
|
2 769
|
1 467 951
|
188
|
Total
|
8 572
|
Fonte: Adaptado pela autora com base nos
dados da pesquisa
Assim sendo, a presente pesquisa
considera o número de visitantes constam da última coluna da tabela 2.
Assim, a tabela acima mostra o Local
Histórico de Nwadjahane no período entre 2009 e 2017 recebeu um total de 8 572
visitantes. Em 2009, o Local Histórico de Nwadjahane recebeu maior número de visitantes
em relação aos restantes, cerca de 5 532, mais da metade dos visitantes do período
todo. Este número deve-se ao facto de ter sido neste ano que se celebrou o ano
Eduardo Mondlane, marcado pela inauguração do monumento Eduardo Mondlane, pelo
ex-presidente Armando Emílio Guebuza, visitas de delegações do Governo central,
provincial e distrital, com forte presença da comunidade local.
Depois de 2009, segue o ano de 2016 com
cerca de 1 062 visitantes, 2015 com 748, 2014 com 303, 2010 com 254, 2012 e
2017 responderam com cerca de 188 visitantes respectivamente. Já em 2011 o
Local Histórico de Nwadjahane recebeu cerca de 168 visitantes enquanto em 2013
recebeu cerca de 129, sendo ano com menor número de visitantes.
De acordo com os dados da pesquisa, os períodos
de pico em termos de visitantes costuma ser 3 de Fevereiro, dia dos Heróis
Moçambicanos e 20 de Junho, dia de aniversário de Eduardo Chivambo Mondlane.
Não foi possível aferir o número de visitantes
por categorias, a exemplo de idade, sexo e proveniência, uma vez que, o local
Histórico de Nwadjahane não descrimina os visitantes segundo estas categorias.
Todavia, foi possível constatar que maior parte dos visitantes é constituído
por estudantes que vão por motivos académicos. A visita dos estudantes ao local
histórico de Nwadjahane é, sem dúvida, um exemplo de turismo cultural nos
termos em que Pérez (2005) concebe o turismo cultural como sendo o movimento de pessoas até atracões culturais fora do
seu local habitual de residência, com o objectivo de ganhar informação,
experiências e satisfazer as suas necessidades culturais.
No concernente a componente educativa do
património cultural, Mate (2015) e Pérez (2009) sustentam também a carga
informacional detido pelo património cultural, bem como a sua importância no
contexto da educação patrimonial e não só. Pérez vai mais longe, argumentando
que as visitas aos locais do património cultural enquadram no contexto do
turismo cultural e satisfazem a curiosidade humana em termos de informação,
conhecimento e experiência.
O estudo buscou
analisar o contributo do Local Histórico de Nwadjahane na promoção do turismo
cultural. Os dados da pesquisa bibliográfica permitiram entender que o turismo cultural compreende as actividades
turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do
património histórico e cultural e dos eventos culturais, com o objectivo
de ganhar informação, experiências e satisfazer as necessidades culturais.
A
pesquisa de campo permitiu constatar que o Local Histórico de Nwadjahane,
objecto de estudo deste trabalho, está sob gestão da Fundação Eduardo Mondlane,
todavia, existe uma equipa indicada para fazer a gestão do dia-a-dia. No
tocante a este elemento, importa referir que os dados da pesquisa concluíram a
falta de observância dos princípios de gestão do património cultural sugeridos
pelos especialistas da área, prevalecendo o modelo proteccionista
de gestão do património cultural caracterizado pelas primeiras políticas
orientadas para o sector e que tinha por objecto a protecção e preservação de
edificações, estruturas e outros objectos individuais “[...] com um carácter
essencialmente imobilista, tendo como foco, a limitação da mudança” (Castriota,
2009 apud Mate, 2015)
Conclui-se
ainda uma relativa fraqueza em termos de estratégias de divulgação e captação
de públicos, pois, até a data da realização da pesquisa, o Local Histórico de
Nwadjahane não fazia uso das plataformas electrónicas, constituídas por website e redes sociais, predominando a
componente de relações públicas.
Todavia,
mesmo dentro deste cenário, o Local Histórico de Nwadjahane constitui elemento
de oferta turística do distrito de Madlankazi, província de Gaza, pois, reúne
um forte legado histórico representativo da história moçambicana, composto por
bens materiais e imateriais que narram a vida e obra de Eduardo Mondlane,
primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique, movimento que
liderou a luta de libertação moçambicana da opressão colonial, aspectos
bastante importante para o turismo cultural, uma vez que, agregam informação,
conhecimento e experiência aos visitantes.
A
pesquisa concluiu também que, o Local Histórico de Nwadjahane atrai visitantes
de diferentes grupos sociais, sendo de destacar estudantes, delegações de
várias instituições do Estado e não só, assim como da comunidade internacional.
Importa também referir que, nota-se a falta da realização de outras actividades
que possam contribuir para dinamizar o local e se calhar gerar receitas pra a
sua sustentabilidade.
Em suma,
o Local Histórico de Nwadjahane contribui para a promoção do turismo cultural,
pois, o mesmo atrai visitantes que procuram aumentar a sua
informação e conhecimento sobre história de vida e percurso político e
profissional de Eduardo Chivambo Mondlane, primeiro presidente da FRELIMO.
Todavia, o aperfeiçoamento das estratégias de divulgação e captação de
públicos, assim como os mecanismos de controlo de visitantes constituem
desafios para o Local Histórico de Nwadjahane e não só.
O aperfeiçoamento das estratégias e canais de
divulgação do local através de criação de uma página web, conta nas redes
sociais, assim como campanhas publicitárias.
Criação
e produção de artigos (canetas, blocos de notas, camisetas e bonés) com nome do
local histórico a serem vendidos aos visitantes.
Introdução
de actividades artístico-culturais que sejam praticados pela comunidade local
em dias pré-agendados.
17.
Melo, Maria A. W. Seabra (2015). Turismo
e património cultural: processo de tombamento e estratégias de utilização
turística do Centro Histórico de Natal/RN.
18.
Dissertação mestrado em Turismo,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais
Aplicadas.
19.
Araújo, António de Borja (2007). Carta
internacional do turismo cultural: Gestão do turismo nos sítios com significado
patrimonial-1999. Adoptada pelo ICOMOS na 12.ª Assembleia Geral no México, em
Outubro de 1999.
21.
Lei 10/88 de 10 de Dezembro que
determina a protecção legal dos bens materiais e imateriais do património
cultural moçambicano.
27. UNESCO-Brasil
(2016). Gestão do Património Mundial cultural.
28. Fernandes,
Júlio e Carvalho, Pereira (2003). Património, memória e identidade: repensar o desenvolvimento.
In: Caetan,o Leite. Território, ambiente e trajectórias de
desenvolvimento.Coimbra: Imprensa de Coimbra.
29. Moreira,
Castro (2016). O Turismo em Portugal: dinâmicas territoriais, coesão e
competitividade. In: Jacinto, Rodrigues e Diéguez, Vasconcelos. (Org.).
Diálogos (Trans)fronteiriços. v. 31, Guarda: Âncora.
30. Ventura,
Marta Sofia Gomes (2010). Património e Turismo em áreas de baixas densidades: o
caso das aldeias do Pessegueiro e do Esquio. Dissertação de Mestrado em
História da Arte, Património e Turismo Cultural. Universidade de Coimbra.
Coimbra.
31. Manoel,
António e Júnior, Elíbio (2007): Património Cultural e Turismo I: Livro
didático. 2 ed. Palhaço: UnisulVirtual.
32. Mate,
Rosendo José (2015). O Uso dos Bens do Património Cultural Como Recurso
Educacional em Moçambique: Zona Protegida da Baixa da Cidade de Maputo, 1975 –
2015. Dissertacao de Mestrado, Universidade São Tomas de Moçambique.
33. Jopela,
Albino (2012). Processo de Gestão de Locais do Património Cultural: O Plano de
Gestão da Ilha de Moçambique, Património Mundial. In Seminario Nacional de
Gestão de Património Cultural, Vilankulo.
34. Gomes,
Ana Catarina Costas (2005). Métodos de Divulgação e Captação de Públicos em
Museus Estudo de Caso do Museu Nacional de Soares dos Reis. Dissertacao de
Mestrado, Faculdade de Latras, Universidade de Porto.
35. Cunha,
Lucínio (1997). Economia e política do turimo. McGRAW-HILL, Lisboa.
36. INE
(2015): Estatística da Cultura. Maputo.
37. INE
(2016). Anuário Estatístico da Província de Gaza. Maputo.
[2]
Número de visitants
forenecido pela equiapa de gestao do Local Histórico de Nwadjahane.
[3] Número de visitants de acordo
com a fórmula usado pelo INE (núumero de visitantes fornecidos pelo Local Histórico
de Nwadjahane divido pela população da província do ano em causa e multiplicado
por 100 mil).
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