terça-feira, 21 de maio de 2019

Contributo do Local Histórico de Nwadjahane (LHN) na Promoção do Turismo Cultural”.


Índice







O presente trabalho tem como tema – “Contributo do Local Histórico de Nwadjahane (LHN) na Promoção do Turismo Cultural”. Um local que apresenta um rico potencial histórico que marca a história da nossa nação por guardar memórias vivas do “arquitecto da Unidade Nacional”.
Dado este rico potencial histórico, pretende-se através deste pesquisa, perceber como este local histórico contribui para a promoção do turismo na vila Nwadjahane. Nesta mesma lógica, teremos como pressuposto a questão de preservação deste património histórico-cultural possibilitando melhor ambiente para o turismo cultural e atracão de diversos turistas nacionais e internacionais. 
Na hipótese, partimos do pressuposto que o Local Histórico de Nwadjahane contribui para a promoção do turismo através das suas actividades que são direccionadas e abertas ao público em geral.
Por outro lado, é importante referenciar que a questão de preservar os locais históricos enquanto parte integrante do património cultural são de reconhecimento mundial como um dos factores primordial para a promoção do turismo dentro de um determinado território por apresentar uma rica e diversa conjuntura histórica que representa e identifica a história de um determinado povo/ comunidade.
Esta grande importância condicionou a criação de várias convenções internacionais por parte da UNESCO possibilitando maior protecção, valorização, preservação e conservação do património cultural para responder a demanda do turismo. A semelhança deste esforço, Moçambique adaptou diversos instrumentos para regular esta questão através de vários dispositivos, o caso da lei de protecção dos bens patrimoniais a luz da lei 10/88. Estas leis são também seguradas com decretos e outras várias actividades por parte do Estado.
O presente trabalho é composto por 5 capítulos, estruturados da seguinte forma: o primeiro capítulo é relativo à introdução. O mesmo comporta a delimitação do tema, os objectivos do trabalho, a revisão da literatura, problematização, hipóteses e justificativa. O segundo capítulo é referente ao quadro conceptual e teórico. Este capítulo é composto pela definição dos principais conceitos do trabalho. No terceiro capítulo foram descritos os procedimentos metodológicos aplicados para a realização do presente estudo. Nesta secção apresentamos e explicamos os métodos de abordagem e de procedimentos. Apresentamos também as técnicas e instrumentos de recolha de dados, população e amostra. O quarto e último capítulo foram reservados para a apresentação, interpretação e discussão de dados, assim como as considerações finais do trabalho.  
A presente pesquisa analisa a importância do local Histórico de Nwadjahane para a promoção do turismo cultural e num período compreendido entre 2009-2017.
A escolha deste período deve se ao facto de, em 2009 ter sido o ano Eduardo Mondlane, onde diversas actividades foram realizadas em Nwadjahane, bem assim a necessidade sistematização da história de vida de Eduardo Mondlane. De lá até cá, várias actividades são desenvolvidas naquele local, visa divulgar a vida e obra de Mondlane. É nesta perspectiva que afigura-se ser importante a compreensão da importância deste monumento histórico na promoção do turismo.
O património natural e cultural, as diversidades e as culturas vivas são grandes atrações turísticas (Araújo, 2007). O autor acrescenta ainda que, um dos objetivos primários da gestão do património cultural é a comunicação do seu significado e a necessidade da sua conservação para a sua comunidade residente e para os visitantes, sendo que o seu acesso físico, intelectual e emocionalmente, é tanto um direito, como um privilégio.
No contexto do acesso físico, intelectual e emocional do património cultural, onde se insere a componente do turístico dos locais de interesse histórico e cultural, há sempre interesses conflituantes.
Os interesses conflituantes resultam do facto de, por lado, o uso turístico do património histórico e cultural ser imputado a responsabilidade da degradação e deterioração da integridade física dos bens patrimoniais em causa. E por outro, a utilização turística do património histórico e cultural constituir um meio para a sustentabilidade do património cultural, assim como o garante do desenvolvimento sustentável local. 
Esta divergência de pensamento pode contribuir de alguma forma para uma atitude proteccionista do património histórico e cultural, vedando e restringindo o seu uso pelo turismo, facto que impede o direito e o privilégio de usufruto das criações e conquistas culturais aos diversos actores sociais, donde faz parte os turistas.
Preocupa-nos a fraca comunicação e divulgação do Local Histórico de Nwadjahane, assim como a escassez de material bibliográfico que aborda sobre este e sua relação com o turismo.
O presente trabalho parte de um estudo de caso sobre o Local Histórico de Nwadjahane para analisar o contributo dos locais históricos para o turismo, procurando responder a seguinte questão de partida: De que forma o Local Histórico de Nwadjahane contribui para a promoção do turismo cultural?
- O Local Histórico de Nwadjahane contribui para o turismo cultural através da sua história e campanhas de divulgação que atraem visitantes que necessitam de satisfazer os seus conhecimentos e informação sobre a história de vida de Eduardo Mondlane. 
- O Local Histórico de Nwadjanhane não contribui para a promoção do turismo cultural, devido a sua fraca divulgação.   
O turismo é uma actividade que tende a crescer em todo mundo. Este crescimento deve ao aumento do número de pessoas que viajam (PEDTM[1], 2004-2013). Dentre as diversas motivação dessas viagens, destaque vai para o património histórico e cultural que serve de elemento diferenciador da oferta dos destinos.
Barretto (2000 apud Melo, 2015) afirma que a valorização de museus e património histórico e cultural, tem levado ao crescimento do turismo nas cidades, pos o turismo busca pela cultura atual e passada, por lugares ligados às histórias locais ou aos grandes feitos da história política e social.
O autor acima citado faz referência ao potencial do património histórico e cultural para o turismo. Este facto, constitui motivação e razão de ser deste estudo, pois pretende, através de um estudo de caso, neste caso particular, do Local Histórico de Nwadjahane, mostrar a importância dos locais históricos para a promoção do turismo.
A sistematização de dados sobre importância do Local Histórico de Nwadjahane para a promoção do turismo é bastante relevante, pois poderá contribuir para que a sociedade, preserve e valorize cada vez mais, os locais históricos em geral, e de forma particular o local em estudo. Pensamos também que, o presente estudo poderá trazer reacomodações e sugestões que, de certa forma, podem ajudar o monumento em estudo a melhorar a sua actuação, e consequentemente aumentar a sua projecção como um destino turístico.  
Ao nível científico-académico, a pesquisa vai enriquecer a bibliografia sobre o assunto em destaque, podendo também servir de fonte de consulta para futuras pesquisas. 
A pesquisadora foi motivada a empreender esta pesquisa pelo facto de, ter constatado, durante a revisão da literatura, escassez de informação sobre a contribuição do Local Histórico de Nwadjahane para o turismo. Motivou ainda, o facto de, durante as aulas, ter visitado Nwadjahane e ter constatado que o Local Histórico de Nwadjahane reúne um potencial enorme para a oferta turística.



Geral:
-      Analisar o contributo dos locais históricos na promoção do turismo cultural, tomando como base de analise do local histórico de Nwadjahane.
Específico:
-        Descrever, física e historicamente, o Local Histórico de Nwadjahane;
-        Descrever o processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane;
-        Discutir as estratégias de divulgação e captação de públicos do Local Histórico de Nwadjahane;
-        Identificar o fluxo de visitantes no aberto de Nwadjahane no período em estudo;

Nesta secção do trabalho apresenta as teses de alguns autores que abordam a temática dos locais históricos e turismo. Em primeiro lugar, faremos o enquadramento conceptual e legal do património cultural. E, em segundo, procuramos trazer autores que mostram a relação entre património cultural e turismo, privilegiando as vantagens e desvantagens dessa relação.
Como já dissemos na parte conceptual, o conceito de local histórico encontra enquadramento dentro do património cultural. Por sua vez, o conceito de património cultural foi profundamente discutido ao nível da Convenção para Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural aprovada pela UNESCO em sua 17ª sessão realizada a 17 de Outubro a 21 de Novembro de 1972.
Esta convenção, para além de apresentar algumas definições do património cultural e natural, também reconhece a ameaça de destruição a que este está sujeito através de causas tradicionais, assim como de fenómenos resultantes da dinâmica da vida social e económica. A convenção também reconhece que a deterioração do património cultural e natural constituí uma perda irreparável e consequentemente empobrecimento das nações, razão pela qual advoga ser da responsabilidade e dever de cada Estado membro desta Convenção assegurar a identificação, protecção, conservação, valorização e transmissão às gerações futuras do património cultural e natural situado no seu território.
Um outro documento consultado durante a revisão de literatura é o “Manual de Gestão do Património Mundial Cultural” da UNESCO Brasil (2016). Este manual faz uma abordagem ao conceito de património cultural, justificando a necessidade da sua gestão. Discute também a questão da conservação do património cultural e sua relação com o desenvolvimento sustentável, apresentando também algumas abordagens sobre a conservação e gestão do património cultural. Igualmente, o manual procura compreender a gestão no contexto do património mundial, assim como os sistemas de gestão do património em geral. Por fim, o manual aponta para uma abordagem de gestão integrada do património cultural articulado com questões de desenvolvimento sustentável que leve em conta as diversas partes interessadas, atendendo as componentes sociais, económicas e ambientais.
Mate (2015) na sua dissertação do mestrado intitulado “O uso dos bens do património cultural como recurso educacional em moçambique: zona protegida da baixa da cidade de Maputo, 1975 – 2015” analisa de que forma o património cultural contribui como alternativa a educação formal, no período compreendido entre 1975 e 2015.
Nesta dissertação, Mate recorre ao conceito de educação patrimonial que segundo ele pode acontecer tanto na escola como na comunidade. Para o autor a educação patrimonial consiste no envolvimento do cidadão em uma gama de actividades visando o reconhecimento e o respeito do património cultural, processo ajudará a comunidade a conhecer o património cultural a sua volta, seus valores históricos, culturais, arquitetónicos, entre outros, sem necessariamente ir a uma sala aulas.
Trojaner (2009 apud Mate, 2015) afirma que a educação patrimonial tem um papel importante no reconhecimento, valorização e preservação cultural da identidade e memória, construída e presente na vida das comunidades em geral.
Metodologicamente, a educação patrimonial ocorre por meio de duas formas, a saber: interpretação e apresentação. A interpretação envolve uma série de actividades desenvolvidas com o objectivo de aumentar a consciência pública e fortalecer a sua compreensão sobre os sítios do património cultural. Esta é feita por via de aulas públicas, programas educacionais formais e informais, actividades comunitárias, pesquisas em curso de carácter inclusivo e de formação. Já a apresentação é a comunicação do conteúdo da informação cuidadosamente planificada, através de formas interpretativas e acessos públicos até aos sítios do património cultural. A apresentação ocorre por via de placas informativas, exibições museológicas, visitas guiadas, usos de multimédia com conteúdos sobre património cultural (Jameson. 2008, apud Muocha, 2014 apud Mate, 2015).
No seu estudo Mate (2015) também explora a questão dos modelos de gestão do património cultural, destacando os seguintes modelos: modelo preservacionista; modelo conservacionista; modelo reabilitacionista; e modelo de parcerias público-privado. O autor mostra que o modelo preservacionista as primeiras políticas orientadas para o sector e tinha por objecto a protecção e preservação de edificações, estruturas e outros objectos individuais caracterizando-se por “[...] um carácter essencialmente imobilista, tendo como foco, a limitação da mudança” (Castriota, 2009 apud Mate, 2015. Já o modelo conservacionista vigora po volta dos anos 60 do Sec. XX, caracterizado pela ampliação dos valores e critérios de avaliação do património que se deslocam dos valores históricos e artísticos para os valores culturais e urbanos, assim como pela ampliação dos profissionais que actua na área da cultura. Caracteriza-se também pela busca de cursos  qualificação e capacitação nas áreas de restauro, conservação e planeamento urbano. 
O modelo reabilitacionista surge por voltas dos anos 80 como consequência da crise fiscal do Estado e escassez de recursos para o financiamento de acções de conservação. Este modelo foca no desenvolvimento e sustentabilidade económica das áreas de conservação, buscando alternativas tendentes a revitalização e adequação dos bens patrimoniais aos novos usos capazes de garantir a sustentabilidade económica. Por fim o modelo de pareceria público-privada parte da duma concepção alargada de património cultural que engloba o tecido urbano, as edificações, os espaços de convivência, os sítios paisagísticos e os valores simbólicos e imateriais que tem por referência as dinâmicas sociais e culturais das localidades. Segundo Mate (2015) este modelo destaca integração de profissionais de diversas áreas: antropólogos, sociólogos, historiadores, arquitectos, planeadores urbanos, profissionais do turismo, produtores culturais, gestores culturais, artistas plásticos designers e profissionais do marketing, de forma a construir um olhar mais abrangente e adequado à concepção alargada de património cultural.
Na sua dissertação, Mate conclui que os bens do património cultural não cumprem com seu papel educativo, uma vez que as partes envolvidas na sua gestão sejam, da educação assim como, do património cultural, não seguem na íntegra os princípios estabelecidos de Educação patrimonial.

A dissertação de mestrado de Gomes (2015) sobre “Métodos de Divulgação e Captação de Públicos em Museus: Estudo de caso do Museu Nacional de Soares dos Reis” explora de que modo as potencialidades das ferramentas web 2.0 poderiam promover a captação de novos públicos, bem como ajudar a planear uma estratégia de comunicação sustentável.
No estudo, a autora começa fazendo um diagnóstico de situação sobre a utilização das ferramentas web 2.0 para divulgação do Museu Nacional de Soares dos Reis. Gomes (2015) aponta a ausência de mudança refletida nos métodos pouco atrativos de divulgação do museu. Acrescentando ainda a lenta incorporação e mesmo difícil aceitação das novas ferramentas da Web 2.0, impedindo o museu de captar novos públicos, do mesmo modo que a fraca ligação entre os principais canais de informação da cidade dificulta a aproximação ao público já existente. A par destes constrangimentos, a autora alerta sobre a ausência de um departamento sustentável de divulgação, dificultando a actualização do website e dos conteúdos.
Num capítulo intitulado “Um Novo Papel para o Museu” chama-se atenção ao facto de o papel social do museu ter mudado nas últimas décadas, não havendo mais espaço para continuar a usar o mesmo modelo usado pelos museus do Sec. XIX que consistia numa abordagem comunicação num único sentido denominado “one-way”. Segundo Hooper-Greenhill (2003 apud Gomes, 2015: 12) este modelo de comunicação assume que “o comunicador defina o conteúdo da mensagem, e que esta é recebida sem modificação pelo receptor, que, neste processo, se torna cognitivamente passivo. Cada individuo, acredita-se, recebe a mensagem da mesma maneira que o outro”.
Face a esta situação, Gomes (2015) chama atenção para a necessidade de os museus trabalharem em colaboração com a audiência na construção do sentido da arte. Para o efeito, a utilização de abordagens construtivistas sociais no processo comunicativo pode ajudar os museus a conectar-se com as experiencias, memórias e conceções que os visitantes trazem consigo (Watkins e Mortimore, 1999, apud Gomes, 2015). Uma das ferramentas utilizadas para incluir o público e proporcionar-lhe uma experiência mais abrangente da obra faz-se em muitos casos através das novas tecnologias.
Alexander, Barton & Goeser (2013 apud Gomes, 2015) acreditam que as ferramentas tecnológicas possibilitam nexo de interpretação, aprendizagem e desenvolvimento intelectual; constroem audiências, assegurando que a informação seja acessível aos vários tipos de público; destacam obras tendo em conta as interpretações do visitante e impulsionam o interesse deste para que regresse.
O autor que temos vindo a citar advoga que os principais actores da utilização das ferramentas da Web 2.0 vêm-nas como um modo de modernizar e popularizar a eficiência de uma instituição retratada como antiquada.
Num estudo citado por Gomes (2015) sentencia-se que os visitantes do museu veem os websites como complementares ao museu físico uma vez que os recursos de um não substituem o outro (Goldman & Schaller (2004). Os autores acrescentam que o website tem o poder de inspirar o visitante a deslocar-se ao sítio físico do museu mais que o museu tem o poder de inspirar a visita ao website.
As ferramentas virtuais como os websites, redes sociais, entre outras, outorgam às instituições museológicas uma plataforma onde podem explorar a convergência de design multimédia, estudos museológicos, comunicação, aprendizagem e comunicação informática (Russo et al., 2007 apud Gomes, 2015).
Um outro aspecto importante no cenário de captação de públicos para as instituições museológicas apontado no estudo de Gomes (2015) são as relações públicas, compreendidas como sendo o esforço planeado para influenciar a opinião pública através de boas informações e actos responsáveis, baseados em comunicações mútuas satisfatórias (Cutlip & Center, 1978 apud Gomes, 2015). O autor assegura que, nas instituições museológicas, as Relações Públicas contribuem diretamente para o sucesso e credibilidade da mesma junto do público e no estreitamento de relações entre ambos. As estratégias de relações públicas devem passar pelas relações com os média; redes sociais e informação pública, comunicação interna, relações com parceiros externos, comunicação em tempos de crise e construção de redes, podendo-se utilizar ferramnetas como redes sociais, website; press releases e newsletters actrativas; relações com os meios de comunicação; eventos privados e públicos; conferências; exibições; patrocínios; fotografia, entre outros.  

Ao nível nacional existe a Lei 10/88 de 22 de Dezembro que determina a protecção legal dos bens materiais e imateriais do patrimonio cultural moçambicano. Segundo o artigo 2 do capítulo I, a lei 10/88 de 22 de Dezembro aplica-se aos:
1.      bens do património cultural na posse do Estado, dos organismos de direito público ou de pessoas singulares ou colectivas, sem prejuízo dos direitos de propriedade que couberem aos respectivos titulare.
2.      A todos os bens culturais que venham a ser descobertos no território moçambicano, nomeadamente no solo, subsolo, leitos de águas interiores e plataforma continental.
3.      Os bens culturais de outros países existentes em Moçambique, beneficiarão da protecção prevista na presente Lei, desde que haja reciprocidade. é aplicado também oferece um enquadramento conceptual dos bens do património cultural, assim como determina os actores-chave e as suas responsabilidades para a protecção do património cultural.
De acordo com a Lei 10/88, património cultural é entendido como sendo “o conjunto de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo Povo moçambicano ao longo da história, com relevância para a definição da identidade cultural moçambicana”. Mais adiante, estratifica-se o património cultural em duas categorias, nomeadamente: bens culturais imateriais e materiais. Fazem parte dos bens culturais imateriais os “elementos essenciais da memória colectiva do povo, tais como história e a literatura oral, as tradições populares, os ritos e o folclore, as próprias línguas nacionais e ainda obras do engenho humano e todas as formas de criação artística e literária independentemente do suporte ou veículo por que se manifestem” nos bens materiais “os bens imóveis e móveis que pelo seu valor arqueológico, histórico, bibliográfi co, artístico e científi co fazem parte do património cultural moçambicano” (No 2 do Artigo 3 do Capítulo II da Lei 10/88 de 22 de Dezembro).
Esta lei consagra a protecção e valorização do património cultural como sendo, em primeiro lugar, sob responsabilidade do Estado, podendo este colabora com outros Estados, com organizações internacionais intergovernamentais e não-governamentais, no domínio da protecção, conservação, valorização, estudo e divulgação do património cultural. aos  depositários de bens do património cultural cabe-lhes o papel de velar pela sua protecção, conservação e correcta utilização.
Já Jopela (2012) num Seminário Nacional Sobre Gestão do Património Cultural abordou sobre “Processo de Gestão de Locais do Património Cultural: O Plano de Gestão da Ilha de Moçambique, Património Mundial”. Neste estudo, Jopela define gestão do património cultural como sendo a “conservação planeada dos recursos patrimoniais existentes, identificados e avaliados, de modo a prevenir a exploração, a decadência ou destruição devido a negligência, ignorância ou indiferença por parte o público em geral”. O autor aponta três principais fases para processo de gestão dos locais de património cultural, quais sejam: análise e planeamento (decidir o que fazer); implementação (levar a cabo as acções de acordo com as decisões); e monitoria e correcção (supervisionar o grau de implementação das actividades propostas).
Jopela (2012) também apresenta e explica sete etapas do processo gestão dos locais do património cultural, nomeadamente:
  1. Identificação dos grupos interessados/envolvidos e recolha de informação;
  2. Definição do significado cultural do sítio;
  3. Identificação das questões-chave;
  4. Definição das metas e objectivos de gestão;
  5. Adopção de estratégias para alcançar os objectivos;
  6. Implementação e revisão;
  7. Gestão da documentação.  
No que concerne ao campo de turismo, Pérez (2009) numas das suas obras intitulada “Turismo Cultural: Uma Visão Antropológica” publicado em 2009, o autor defende que o turismo é uma actividade complexa e mutável, multifacetada e multidisciplinar. De facto, o turismo é uma actividade que cruza-se com deferentes áreas do saber. A cultura, no seu sentido geral faz parte desses componentes que cruza-se com o turismo.
No capítulo que Pérez (2009) fala sobre turismo cultural sustenta que a natureza cultural de muitas das viagens é bem antiga, sendo que na Idade Média viajantes como Marco Pólo mudaram a concepção do mundo. O autor afirma que foi por volta do Sec. XVIII e XIX que surge o “Grande Tour”, uma viagem de formação e iniciação dos nobres e burgueses com o objectivo de contactar com outros povos e culturas, criando assim um capital cultural que lhes serviria para ser melhor aceite no seu próprio país e investir nas tarefas de liderança e governança.
Pérez (2009: 108) refere que mesmo que a natureza cultural do turismo seja antiga, a ligação entre os dois conceitos é relativamente recente e muito mais o conceito de “turismo cultural”.  o autor, sem se referir a data, acrescenta que “os profissionais da cultura tendiam, até há pouco tempo, a minusvalorar o turismo porque entendiam-no como uma actividade banal, superficial, aculturadora e com pouco interesse pela cultura visitada”.
Numa perspectiva de definição do turismo cultural, Pérez (2009) ensina-nos que no sistema capitalista actualmente dominante acontece a segmentação do mercado turístico, através dos instrumentos de marketing, para fins mercantilistas com objectivo de conquistar grupos sociais e específicos. Neste contexto, o turismo cultural tem-se convertido numa etiqueta de distinção social tal como diz Bordieu (1979 apud Pérez, 2009) do produto turístico e da prática turística, o que faz com que se construam identidades diferenciadas nas suas práticas rituais.
Continundo, Pérez (2009) afirma que o turismo instrumentaliza a cultura como um recurso que posteriormente converte num produto mercantil e esta mercantilização da cultura pelo turismo pode ter impactos positivos ou negativos. O autor aponta como impactos positivos o desenvolvimento e a revitalização de identidades culturais, a redescoberta das tradições, a autoconsciência local face aos visitantes, a revitalização do sentido identitário, assim como o desenvolvimento económico das regiões. Do lado negativo está a questão da excessiva mercantilização que pode converter a cultura numa mercadoria-ritual espectacular, banal, massiva, passiva, ficcional e superficial.
Todavia, numa outra perspectiva, o autor advoga que não pode existir turismo sem cultura, daí que se pode falar em cultura turística, pois o turismo é uma expressão cultural. Em termos filosóficos toda a prática turística é cultural. Além de mais, o turismo pode ser pensado como uma das actividades que mais tem fomentado o contacto intercultural entre pessoas, povos e grupos (Pérez, 2009).
Richards e Bonink (1995 apud Pérez, 2009: 114) afirmam que o turismo cultural é “o movimento de pessoas até atracões culturais fora do seu local habitual de residência, com o objectivo de ganhar informação, experiências e satisfazer as suas necessidades culturais”.
Do ponto de vista de atraccões histórico-culturais, o turismo cultural é, segundo a organização norte americana de defesa do Património Cultural “National Trust for Historic Preservation” (1993 apud Pérez, 2009) a prática de viajar para experimentar atracções históricas e culturais com o fim de aprender sobre o passado de uma região ou de um país, de uma maneira divertida e informativa”.
Importa referir que Pérez apresenta como elementos de oferta do turismo cultural os seguintes:
  1. Património cultural: segundo o autor este grupo é constituído por sítios históricos e naturais; sítios arqueológicos; monumentos e museus.
  2. Lugares de recordação e memória: fazem parte deste grupo os lugares de acontecimentos como batalhas, revoluções, assim como os lugares que recordam a vida de artistas ou intelectuais.
  3. Artes: aqui está as actividades artístico-culturais como música, teatro, opera, dança, poesia e festivais;
  4. Actividades de criação e aprendizagem cultural: ateliers de artesanato, cursos de idiomas e acampamentos de trabalho.
Já a Carta Internacional do Turismo Cultural (2007) mostra nos que o patrimonio cultural e natural é um conceito amplo que Abrange paisagens, locais históricos, sítios e ambientes construídos, bem como a biodiversidade, colecções, práticas culturais passadas e continuadas, conhecimentos e experiências vividas. Ele regista e exprime o longo processo do desenvolvimento histórico, formando a essência das diversas identidades nacionais, regionais, indígenas e locais, e é uma parte integrante da vida moderna.
Mais adiante, o mesmo documento refere que o património cultural e natural, as diversidades e as culturas vivas são grandes atracções turísticas. Uma das importantes motivações do turismo internacional é o desejo de conhecer outros povos e o seu modo de vida bem como as civilizações do passado. O modo de vida de cada povo é influenciado pelas suas tradições, pela cultura e pela história, os valores artísticos e monumentais, sendo que todos esses elementos fazem parte do turismo como factor de primeira grandeza (Fuster, 1967 apud Cunha e Abrantes, 2013: 249).
Ventura (2010: 33) argumenta que “o turismo é um fenómeno geográfico, provocando a transformação da fisionomia dos espaços, gerando mobilidades espaciais, reabilitando lugares e patrimónios e, em alguns casos, uniformizando costumes”.
Nesta senda, Moreira (2016):
“o turismo permite criar empregos; aumentar a qualificação profissional da população residente; atrair investimentos públicos e privados; aumentar os rendimentos dos residentes; melhorar a qualidade de vida da população local, estimular a cooperação e a colaboração, a criação de parcerias e de redes, entre agentes e grupos de interesse, públicos e privados, locais, sub-regionais, nacionais e internacionais” (Morreira, 2016: 142).
Como se pode perceber, o turismo é uma actividade multifacetada e dinâmico com efeito multiplicador na estrutura social e económica do local onde é praticado. No que diz respeito ao património cultural, Fernandes e Carvalho (2003: 199) defendem que o turismo constitui uma estratégia para garantir a valorização e preservação do património, na medida em que através dele se poderiam incentivar na população atitudes a favor do seu conhecimento e preservação.
O ICOMOS (2007) defende a ideia segundo a qual a actividade turística pode capturar as características económicas do património e dedica-la à conservação, gerando fundos, educando a comunidade e influenciando a política.
Todavia, é necessário reconhecer a existência de outras vozes que apontam para uma instrumentalização da cultura pelo turismo, usando aquele como produto mercantil e que esta mercantilização pode ter impactos positivos e negativos (Pereiro, 2009). Manoel e Júnior (2007) escrevem que muitos pesquisadores crêem que a massificação da actividade turística ajuda no efeito de transformação e deterioração dos recursos culturais.
Os autores consultados através da revisa da literatura dão nos uma base conceptual e fundamentos de gestão do património cultural quer no contexto de conservação e protecção quer no contexto do turismo. A Convenção para Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural da UNESCO ensina-nos que o património cultural integra monumentos, sítios históricos e arqueológicos e não só, reconhecendo também que a deterioração destes elementos constituí uma perda irreparável e consequentemente empobrecimento das nações, razão pela qual responsabilizar a cada Estado membro o dever de assegurar a identificação, protecção, conservação, valorização e transmissão às gerações futuras do património cultural e natural situado no seu território. Os pressupostos desta convenção para além da definição património cultural possibilitou compreender que é responsabilidade dos Estados velar pela protecção, valorização e transmissão às novas gerações do património cultural.
O manual de gestao do patrimonio cultural do Brasil (2016) deu nos bases sobre  gestão integrada do património cultural articulando com questões de desenvolvimento sustentável que leve em conta as diversas partes interessadas, atendendo as componentes sociais, económicas e ambientais. Este documento foi bastante fundamental para percebermos que na gestão do património cultural é necessário integrar a comunidade local de forma que entenda a importância de conservação dos bens patrimoniais. O manual, assim como a Carta Internacional do Turismo Cultural nos ensinou que a comunidade local deve sentir os benefícios sociais e económicos resultantes da exploração do património cultural pelo turismo. 
Já Lei 10/88 de 22 de Dezembro aparece como complementar e resposta à Convenção para Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural, pois, também trouxe-nos uma abordagem conceptual, dando-nos definição do património cultural assim como os elementos integrantes. Foi e é através desta lei que ficamos a saber que o Local Histórico de Nwadjahane faz parte do património cultural, enquadrado especificamente nos locais ou sítios, sendo que a sua gestão devia ser da responsabilidade do Estado Moçambicano tal como recomenda a Convenção para Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural da UNESCO. O instrumento legal apela os depositários dos bens patrimoniais a velar pela protecção e correcta utilização destes.    
O estudo de Jopela (2012) permitiu conhecer a essência de um plano de gestão do património cultural e suas componentes. Este estudo amplia o nosso olhar sobre o Local Histórico de Nwadjahane, criando premissas para ver até que ponto a equipe de gestão do Local Histórico de Nwadjahane está articulado com os princípios de gestão do património cultural. 
Já Mate (2015) despertou nossa atenção sobre a importância do património cultural no contexto da educação, discorrendo sobre a educação patrimonial e como este se processa. Mais adiante, o autor debruca sobre os modelos de gestão do património cultural, tendo apontado os seguintes modelos: modelo preservacionista, modelo conservacionista, modelo reabilitacionnista e modelo de parceria público-privado. O estudo de Mate, dá-nos elementos importantes para uma melhor análise da gestão do Local Histórico de Nwadjahane, objecto de estudo do presente trabalho.
Pérez (2009), embora reconhece a possibilidade surgimento de impactos positivos e negativos na prática do turismo cultural, esclarece que não haver como desassociar o turismo da cultura, pois, toda viagem turística sempre provoca um contacto intercultural. O autor avança ainda que o turismo cultural satisfaz a curiosidade humana em termos de informação, conhecimento e experiência. O argumento de Pérez alicerça a nossa visão, pois, pensamos também que o Local Histórico de Nwadjahane é, sem dúvida, este espaço que permite aos visitantes satisfazerem as suas curiosidades sobre Eduardo Mondlane e seu envolvimento no processo de libertação nacional. 
A Carta Internacional do Turismo Cultural possibilitou-nos a compreender que o património cultural e natural, as diversidades e as culturas vivas são grandes atracções turísticas. Fcto que nos leva a acreditar que o Local Histórico de Nwadjahane, parte do património cultural moçambicano, também constitui atracção turísticas e motivo de muitas visitas à Nwadjahane. 
Gomes (2015) num estudo sobre as potencialidades das ferramentas da web 2.0 na captação de públicos nas instituições museológicas mostra-nos que as ferramentas tecnológicas possibilitam nexo de interpretação, aprendizagem e desenvolvimento intelectual; constroem audiências, assegurando que a informação seja acessível aos vários tipos de público; destacam obras tendo em conta as interpretações do visitante e impulsionam o interesse deste para que regresse. A autora sustenta que as ferramentas tecnológicas sobretudo as redes sociais são de baixo de custo, requerendo tempo e um pouco de formação sobre como explorar e manuseá-las. O estudo de Gomes (2015) dá-nos conhecimentos e ferramentas sobre instrumentos, estratégias de divulgação e captação de públicos para os museus que ampliam a nossa visão na análise do nosso objecto de estudo, neste caso, Local Histórico de Nwadjahane.

Nesta secção são apresentados e discutidos os conceitos-chave para a compreensão do assunto em estudo. São conceitos-chave desta pesquisa, património histórico e cultural, museu e turismo.
O conceito de património histórico encontra seu enquadramento no de património cultural. Este último é definido como sendo “o conjunto de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo Povo moçambicano ao longo da história, com relevância para a definição da identidade cultural moçambicana” (Lei no 10/88 de 22 de Dezembro). A lei em referência acrescenta que o património cultural apresenta bens culturais matérias e imateriais.
Entende-se por bens culturais imateriais todos aqueles que: “constituem elementos essenciais da memória colectiva do povo, tais como história e a literatura oral, as tradições populares, os ritos e o folclore, as próprias línguas nacionais e ainda obras do engenho humano e todas as formas de criação artística e literária independentemente do suporte ou veículo por que se manifestem” (idem).
Já por bens culturais matérias entende-se “os bens imóveis e móveis que pelo seu valor arqueológico, histórico, bibliográfico, artístico e científico fazem parte do património cultural moçambicano” (idem).
Pela natureza do objecto de estudo desta pesquisa, interessa nos aprofundar um pouco sobre os bens culturais materiais. Como se pode ver na definição acima apresentada, existe duas categorias de bens associadas aos bens culturais materiais, nomeadamente: bens culturais móveis e imóveis.
De acordo com a lei que temos vindo a referenciar, faz parte dos bens culturais imoveis, os monumentos, conjuntos, locais ou sítios e elementos naturais. Contudo, vamos assentar o nosso raciocionio nos locais ou sítios, onde nos parece enquadrar o Local Histórico de Nwadjahane, objecto do nosso estudo.
Segundo a Lei 10/88, são locais ou sítios, as obras do homem ou obras combinadas do homem e da natureza e as áreas confinadas de reconhecido interesse arqueológico histórico estético, etnológico ou antropológico. Fazem parte de locais ou sítios:
  1. Estações arqueológicas;
  2. Centros de poder das sociedades pré-coloniais, suas capitais e principais aglomerados populacionais, lugares de culto entre outros;
  3. Centros de mineração;
  4. Lugares em que se registaram acontecimentos históricos importantes das sociedades pré-coloniais, nomeadamente os campos de batalha das guerras de resistência contra a penetração colonial, os locais de massacres e os locais históricos da luta armada de libertação nacional;
  5. Lugares que assinalam a ocupação e a exploração colonial no nosso país;
  6. Lugares relacionados com o tráfico de escravos;
  7. Lugares de antigas feiras ou centros comerciais de troca; e
  8. Lugares que contenham objectos de interesse antropológico, arqueológico ou histórico (alínea c, no 4, Artigo 3 da Lei 10/88 de 22 de Dezembro).
Como se pode perceber, é nos locais ou sítios onde se enquadram os locais históricos da luta armada de libertação nacional, facto que nos leva a acreditar que o Local Histórico de Nwadjahane encontra seu enquadramento, pois, também narra história de vida e obra uma figura que se destacou na luta de libertação de Moçambique perante o colonialismo português.   
De acordo com Pérez (2009:14), o turismo é um movimento de pessoas que intensifica o contacto intercultural, por isso, pode contribuir para a apreciação da relatividade e da diversidade cultural, estimulando o mútuo respeito entre culturas.
Por outro lado, a Organização Mundial de Turismo – OMT (2001), define o turismo como sendo as actividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras.
Para a Lei 4/2004 de 17 de Junho, Lei do Turismo, turismo compreende ao conjunto de actividades profissionais realizadas, como transporte, alojamento, alimentação e actividades de lazer destinadas aos turistas. Para efeitos deste trablho, o turismo deve ser compreendido como o conjunto de actividades profissionais realizadas, como transporte, alojamento, alimentação e actividades de lazer destinadas aos turistas, tal co mo afirma a lei do Turismo.
Segundo ICOMOS (1979), turismo cultural é uma forma de turismo que tem por objecto central o conhecimento de monumentos, sítios históricos e artísticos ou qualquer elemento do património cultural. ICOMOS advoga ainda que o turismo cultural exerce um efeito positivo sobre o património cultural e histórico, pois as receitas geradas pelo turismo contribuem de certa forma para sua conservação. Contudo, reconhece também, os riscos provocados pela utilização excessiva do património cultural pelo turismo.
Para Pérez (2009:116). Turismo Cultural compreende as actividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do património histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
As duas definições apresentadas acimas fornecem elementos importantes para compreensão do turismo cultural. Todavia, o presente trabalho adopta a definição de Pérez (2009), pois, aponta para o conjunto de actividades relacionadas a vivência dos elementos do património histórico-cultural e não só, visando também a sua valorização.  
O conceito de promoção vem atrelado ao de marketing, sobretudo ao marketing mix. Conforme  Kotler (apu Acerenza, 1991: 34) promoção é a compreensão de “todos os instrumentos da combinação de marketing, cuja função principal é a comunicação persuasiva”.
Acerenza (1991:34) acrescenta, afirmando que promoção é uma atividade destinada à informação, persuasão e influência sobre o cliente, na qual se incluem as atividades de publicidade, promoção de vendas, vendas pessoais, e outros meios, entre os quais se insere, também, relações públicas, quando essas se encontram integradas ao processo de marketing.
Neste sentido, promoção turística diz respeito ao conjunto de actividades que visam a difusão de informação sobre um destino turístico e a persuasão e/ou influenciar o turista a escalar esse destino. A promoção turística pode incluir campanhas publicitárias, cartazes, folhetos, redes sociais e website que divulgam as potencialidades naturais, históricas e culturais de um determinado destino turístico.

CAPÍTULO IV: METODOLOGIA
O presente capítulo apresenta os procedimentos metodológicos usados para a realização da pesquisa. Para o efeito, apresentados os métodos de abordagem e de procedimento e justifica-se a sua escolha. Apresenta-se também os instrumentos de recolha de dados e justifica-se a sua escolha. Por último apresenta-se a população de estudo, amostragem e amostra.
O presente trabalho é do tipo qualitativo que segundo Gil (2002), permite que o investigador penetrar nos motivos, intenções e projectos dos actores a partir das quais as acções, as estruturas e as relações se tornam significativas. A escolha da abordagem qualitativa deve-se ao facto de poder permitir investigar as crenças e as motivações que se tem sobre o Local Histórico de Nwadjahane para o turismo.
4.1.Quantos aos objectivos
Quanto aos objectivos, a presente pesquisa é exploratória e descritiva. De acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratória têm como principal objectivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Geralmente, a pesquisa exploratória é realizada quando o tema em pesquisa é pouco explorado, havendo por isso a necessidade de se ter uma visa geral do mesmo.
No presente trabalho, a pesquisa exploratória permitiu ter uma visão geral sobre o Local Histórico de Nwadjahane, auxiliando-se da pesquisa descritiva para descobrir a relação que existe entre este e o turismo.
Na presente pesquisa privilegiou-se a abordagem hipotético-dedutivo. Segundo Gil (2008) o método hipotético-dedutivo consiste na combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica, alcançando um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz as conseqüências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário, por outros, e assim prossegue. Para o presente estudo, o método hipotético-dedutvo consistiu na definição, seguida de hipóteses que guiram a pesquisa com o intuito de corroborar ou falsear as hipóteses formulas.  
Como método de procedimento, a pesquisa utilizou o método dialético. De acordo com Gil (2008), o método dialético fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas, económicas, culturais etc. A escolha deste método, tem a ver com o facto de considerar as influências provocadas pelos fenómenos ou factos sociais. Para o caso desta pesquisa, o método dialético permitiu identificar as influências exercidas pelo museu aberto de Nwadjahane para o turismo. 
Para este trabalho, a pesquisa bibliográfica consistiu no levantamento de material bibliográfico sobre o assunto em pesquisa como forma de enriquecer o nosso quadro teórico e conceptual.
Usou-se também a pesquisa documental que consistiu na consulta de documentos como relatórios de actividades do museu aberto de Nwadjahane, e outro tipo de documentos que ainda não receberem tratamento científico.
No que concerne aos instrumentos de recolha de dados, privilegiou as entrevistas abertas, obedecendo um roteiro de entrevista previamente formulado. Minayo (2008) define “entrevistas abertas ou em profundidade como “aquelas em que o informante é convidado a falar livremente sobre um tema e as perguntas do investigador, quando são feitas, buscam dar mais profundidade às reflexões”.
Esta modalidade de entrevista permitiu que a pesquisadora colhesse maior número de informações, formulando questões abertas, onde os entrevistados tinham liberdade de expor tudo que sabem sobre o assunto.
A pesquisa foi realizada em Nwadjahane, Distrito de Mandlakazi na província de Gaza. A pesquisa abrangeu gestor e funcionários do Local Histórico de Nwadjahane, visitantes do mesmo, e a comunidade de Nwadjahane. De referir que a nossa amostra foi composta por um total de 31 (trinta e uma) pessoas onde 9 são mulheres e são 22 homens.
7.1.Técnicas de análise e interpretação de dados
Para a análise e interpretação de dados recorreu-se a técnica de análise de conteúdo. De acordo com (Mozzato & Grzybovski, 2011 apud Mate, 2015) a análise de conteúdo tem o “objectivo de compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou ocultas”.
Para o presente trabalho a analise de conteúdo consistiu na transcrição dos dados da pesquisa de campo e, posterior sua aproximação com os dados da pesquisa bibliográfica, como forma de apurar a possível relação existente entre ambos, assim como sua fundamentação.   

Neste capítulo apresenta e discute-se os dados da pesquisa do campo. A discussão dos dados consistiu no estabelecimento de relações, quer de aproximação, quer de afastamento entre os dados de campo e da pesquisa bibliográfica. Como forma de dar inicio a este capítulo, apresentamos em seguida a localização e discrição do nosso objecto de estudo.
O Local Histórico de Nwadjanhane, objecto de estudo deste trabalho, localiza-se no Posto Administrativo de Chalala no Distrito de Mandlakazi, Província de Gaza. De acordo com a Revista de Mandlakazi (2012), o distrito de Mandlakazi situa-se a Sul de Moçambique, entre as latitudes de 24º 04’ 19’’ e 25º 00’00’’ Sul e entre as longitudes de 33º 56’ 17’’. A Norte está limitado pelo Rio Uwaluezi, braço do Rio Changane que o limita com o distrito de Chibuto; a Sul, o Oceano Indico; na parte Oeste estão os distritos de Chibuto e Xai-Xai e a Este os distritos de Inharrime, Panda e Zavala da Província de Inhambane.
O Distrito de Mandlakazi tem um potencial turístico atractivo, com destaque para o Posto Administrativo de Chidenguele. As praias de Chizavane, Chidenguele, Muholove e Dengoine possuem um grande atractivo em termos de beleza natural (Revista de Mandlakazi, 2012). Para além das praias, o distrito é rico em termos histórico-culturais, sendo de destacar a Batlha de Coolela, o Local Histórico de Nwadjahane, a produção do artesanato de Nguzene.
 Seundo a Revista que temos vindo a citar, o distrito de Mandlakazi possui cerca de 481 camas, que são insuficientes para acomodação de turistas especialmente no período de pico. Como há também fraca realização de actividades de animação e de campanhas de marketing.
Inaugurada a 20 de Junho de 2007, o Local Histórico de Nwadjahane, foi a residência do primeiro presidente do partido FRELIMO, Dr Eduardo Chivambo Mondlane. O Local Histórico de Nwadjahane integra que abaixo passamos a descrever:

A “Palhota de Infância de Eduardo Mondlane” também conhecida por “Palhota 1920” é uma palhota construído com base no material local e afirma-se ser nesta residência onde nasceu Eduardo Mondlane aos 20 de Junho de 1920. Segundo o gestor do Local, a Palhota 1920 tinha sido construído no local que a agora constitui a primeira parcela do cimenteiro familiar, tendo mais tarde transferido para a segunda parcela do cemitério. Hoje, a mesma encontra-se implantada fora do recinto do cemitério. Mesmo com as várias intervenções que esta palhota sofreu, sempre procurou-se manter as características arquitetónicas iniciais da mesma, tal como se pode ver na figura 1 abaixo. Dado ao valor simbólico deste edifício e da sua história, constitui um dos atrativos turísticos do conjunto da oferta turística do Local Histórico de Nwadjahane.
Figura 1: “Palhota de Infância de Eduardo Mondlane”

   

Fonte: Autora da pesquisa (2018)
Como se pode ver na imagem, para além da história e simbolismo que esta palhota carrega, o material rústico usado na sua construção proporciona um olhar e experiência diferente aos visitantes das grandes cidades que talvez nunca haviam visto uma residência do género. Este tipo de palhota é um atrativo para turistas culturais que procuram experiências autênticas e inovadoras através da contemplação de formas de ser, estar e fazer das comunidades locais.


De acordo com as informações colhidas no terreno por meio de entrevistas, a “Casa 1961” iniciou a sua construção em 1961 a mando do Eduardo Mondlane na altura em que trabalhava para as Nações Unidas. Afirma-se que a mesma foi construída para servir como meio de hospedagem do Eduardo Mandane juntamente com sua família quando regressasse a sua terra natal. Segundo, o guia turístico do local, a casa só foi terminado um ano depois da independência, isto é, em 1976. 
A casa é do tipo 2, e primeiramente havia sido construído com base no material local (caniço e estacas). Mais tarde, com intervenções da família Mondlane com vista a garantir maior tempo de vida, foi usado o material convencional (cimento), tal como atesta a figura 2 abaixo.
Figura 2: Casa 1961
Fonte: Autora da pesquisa (2018)
A utilização do material local neste edifício cria um ambiente invulgar e tipico da zona rural, aspectos que podem proporcionar uma experiência inegualáveis aos turistas.


O monumento “ Aldeia Mwadjahane” encontra-se a frente da casa 1961. De acordo com o guia do turismo do Local historico de Nwadjahane, o monumento “Adeia de Nwadjahane”  foi construido no loca onde foi recebido o antigo presidente da República Popular de Moçambique, Marechal Samora Moisés Machel em 1975, após a sua visita a Nwadjanhane.
A visita de Samora Machel a Nwadjahane ocorreu um pouco antes da proclamação da Independência de Moçambique, sendo que a mesma estava enquadrada nos preparativos daquela efeméride. Afirma-se, que Samora, passou pelo Nwadjahane um gesto simbólico de buscar a força e coragem para a proclamação da Independência Nacional. O monumento foi erguido exactamente onde aterrou o helicóptero do presidente Samora Machel e foi recebido pela família Eduardo Mondlane e a comunidade local. Nwadjahae é uma adeia histórica e incontornavel para quem quer falar da história de Moçambique. Pois, é nesta aldeia onde nacseu Eduado Chivambo Mondlane, fundador e primeiro Prseidente da Frente de Libertação de Moçambique, Arquiteto da Unidade Nacional”.
Figura 3: Lâpide
Fonte: Autora de trabalho (2018)
O monumento dedicado ao Dr. Eduardo Chivambo Mondlane foi erguido no centro da aldeia Nwadjahane sob orientação do Governo da Província de Gaza, enquadrado nas celebrações do dia dos heróis moçambicanos em 2005.
A construção deste monumento foi a forma que o Governo da Província encontrou para imortalizar a vida e obra daquele que dedicou a sua vida na luta para a libertação de Moçambique da opressão colonial. Hoje, este monumento constitui um dos elementos que se pode visitar no Local Histórico de Nwadjahane.
Figura 4: Monumento, Centro de Aldeia
Fonte: Autora de trabalho (2018)
9.1.5.      Monumento construído no âmbito do 40º aniversário da morte de Eduardo Mondlane
O Monumento em Homenagem ao Doutor Eduardo Chivambo Mondlane foi inaugurado no dia 20 de Junho de 2009. No entanto, o lançamento da primeira pedra aconteceu no dia 3 de Fevereiro de 2009 pelo ex-presidente da República de Moçambique Armando Emílio Guebuza, com objetivo de preservar a vida e obra de Eduardo Mondlane.  
Figura 5: Monumento construído no âmbito do 40º aniversário da morte de Eduardo Mondlane
Fonte: Autora da pesquisa (2018)
Dentro deste monumento encontram-se imagens que ilustram as várias etapas da vida de Eduardo Mondlane. As fotografias mostram Eduardo Mondlane quando frequentava a escola primária localizada a cerca de 12 km da sua residência, como também a sua passagem pela Escola Secundária de Lemana, onde para além de estudar, Mondlane dirigia reuniões e cultos dominicais.
Importa referir que as imagens também ilustram o momento em que Mondlane trabalhou para as Nações Unidas, como investigador dos acontecimentos que levaram à independência dos países africanos, bem como da realização do primeiro congresso da FRELIMO, em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, a 25 de Junho de 1962, e que o conduziu à presidência daquele movimento de libertação.  
Ainda dentro do monumento pode se ver algumas fotografias que mostram momentos de em que se anunciou a morte de Eduardo Mondlane, o cortejo fúnebre para o cemitério de Dar-es-Salam e o respectivo funeral.
O cemitério da família Mondlane é um dos elementos que integra o complexo Local Histórico de Nwadjahane. O cemitério está próximo da floresta sagrada, uma zona protegida pela comunidade de Nwadjahane. É composto por duas parcelas, sendo que na primeira parcela estão depositados os restos mortais do Pai de Eduardo Mondlane (Nwadjahane) e duma das filhas. Na segunda parcela estão sepultados os restos mortais ds outros membros da família Mondlane.  
Figura 6: Cemitério da Família Mondlane
Fonte: Autora do trabalho (2018)
 O Centro de Recursos de Nwadjahane é uma infra-estrutura que integra o Local Histórico de Nwadjahane está equipado com uma biblioteca e uma sala de informação. A instalação da biblioteca tem como finalidade desenvolver hábitos de leitura as crianças, jovens e aos demais membros da comunidade, e que estes se inspiram nos ideais de Mondlane à busca de conhecimento como instrumento de luta para combater a pobreza absoluta. Os computadores disponíveis foram montados em Moçambique e por sinal com moçambicanos e baptizados com a marca "Dzovo" dos quais os jovens podem aprender o uso da técnica de informática para o desenvolvimento sustentável.
Figura 7: Centro de Recursos de Nwadjahane
Fonte: Autora da pesquisa (2018)
A lagoa Nyaourongole e pastagem localizam-se a aproximadamente 1.5 Km do Local Histórico de Nwadjahane é a zona onde Eduardo Mondlane exercia o trabalho de pastagem. Segundo os gestores do local, é neste espaço onde Eduardo Mondlane exercia a actividade pastagem.
Figura 8: Lagoa Nyourongole e pastagem
Fonte: Folheto do Local Histórico de Nwadjahane

Para melhor falar da gestão do Local Historico de Nwadjahane enquanto parte do património cultural moçambicano vale lembrar alguns princípios que norteiam o processo de gestao evocados pelos autores consultados. Jopela (2012) que para se fazer a gestao do património cultural é necessário antes mais obedecer as etapas que abaixo passamos a descrevê-las, relacionando-as ao mesmo tempo com o caso de Nwadjahane:
  1. Identificação e envolver os actores-chave: no caso do nosso objecto de estudo, os actores-chave são a comunidade da aldeia de Nwadjahane, os governos distrital, provincial e central, a família Mondlane como depositário. No que concerne ao envolvimento destes actores no processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane, o estudo de caso constatou o envolvimento directo da Fundação Eduardo Mondlane, constituída pela esposa do Mondlane e os filhos. Primeiramente, a Fundação esteve sob a gestão de Janete Mondlane, viúva de Eduardo Mondlane. Todavia, como esta já se encontra numa idade avançada, actualmente a gestão da Fundação Eduardo Mondlane está ao cargo da Nyelete Mondlane, filha de Eduardo Mondlane.
Todavia, dada a residência dos gestores da Fundação que é, até então, cidade de Maputo, estes confiaram a gestão do local ao senhor Arlindo Honwana para zelar pelos acontecimentos do dia-a-dia. Arlindo Honwana diz estar subordinado a Fundação Eduardo Mondlane, e tudo que faz é do conhecimento desta e/ou com a sua previa autorização.
Importa salientar que segundo apuramos durante a pesquisa de campo, o envolvimento dos outros actores no processo de gestão do local é ínfimo, limitando-se apenas a algumas intervenções em datas comemorativas ou quando solicitado pela equipe de gestão presente no local ou pela Fundação para o caso do Governo distrital e provincial e central. Este facto também acontece com a comunidade local que segundo deu a conhecer o Arlindo Honwane, gestor do local e confirmado por alguns membros da comunidade local entrevistados durantes a pesquisa acontece de forma esporádica, isto é, quando esta é solicitada para tomar parte de algumas cerimónias, fazer limpezas do local quando se está prestes a receber uma delegação do governo distrital, provincial e central. Na mesma senda, a comunidade local se faz representar pelos grupos artístico-culturais locais nas cerimónias comemorativas ou quando aparecem delegações que vem visitar o local.
De referir, que para além do senhor Arlindo, o Local Histórico de Nwadjahane tem 14 colaboradores, distribuídos da seguinte forma:
Tabela 1: Pessoal Trabalhador do Local Histórico de Nwadjahane
Designação
Quantidade
Gestor do Local
1
Guias do Turismo
2
Seguranças
9
Pessoal de Limpeza
2
Total
14
Fonte: autora do trabalho com base nos dados da pesquisa de campo
Analisando a forma como os actores chave são envolvidos no processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane, incluindo a composição da equipa de gestão montada percebe claramente que esta estrutura não facilita os princípios da gestão eficaz e eficiente do mesmo, pois, parece que até então as ideias orientam a gestão deste local vem na sua maioria, da Fundação Mondlane, que a mesma se encontra distante do local. Os governos distrital e provincial deveriam ser mais presentes no processo de tomada de decisão sobre aspectos de gestão, e quiçá na alocação de recursos e aperfeiçoamentos dos já existentes.
  1. Recolha de informação sobre o sítio: segundo apuramos no local, os guias do turismo do Local Histórico de Nwadjahane tem uma informação sintetizado sobre o mesmo. Este facto foi demostrado pelo domínio, organização, capacidade de síntese e clareza da informação transmitida sobre o local, facto que nos faz acreditar que houve pelo menos recolha de informação sobre o sítio.
Determinação do significado, este ponto diz respeito a definição dos valores do local, podendo ser histórico, científico, social, económico, espiritual, estético, espiritual, entre outros: embora não tenhamos encontrado nenhum documento que mostra os valores do local histórico de Nwadjahane, a pesquisa do local permitiu constatar que o local reúne seguintes valores culturais: o Local Histórico de Nwadjahane tem um valor histórico, pois, o local preserva a história de vida e obra do Eduardo Chivambo Mondlane primeiro presidente do movimento da libertação nacional frente ao colonialismo Portugal, sendo que esta informação é incontornável para a compreensão do passado de Moçambique e se calhar do presente. O lugar reúne valor de identidade que segundo Jopela (2011) este consiste no vínculo emocional (espiritual, religioso, simbólico, político, patriótico ou nacionalista) da sociedade, em relação a um objecto ou estação. O Local Histórico de Nwadjahane tem um vínculo emocional muito forte com os actores-chave, por facto de Eduardo Mondlane ter sido líder do movimento de libertação nacional e defensor dos ideais de moçambicanidade e unidade nacional. A nossa pesquisa constatou ainda que Eduardo Mondlane assim como o seu pai Nwadhajane foram figuras influentes, aceites e inspiradores ao nível da comunidade local e não só, razão que explica o sentimento emocional que comunidade local nutre por estes. Estes elemntos tambem remete o local Histórico de Nwdajahane ao valor social. De acordo com Jpoela (2011) o valor social do património cultural está relacionado com actividades sociais tradicionais e o uso compatível do lugar no presente. Envolve, igualmente, uma interacção social contemporânea do património cultural com a comunidade, jogando um papel preponderante no estabelecimento da identidade cultural. Os lugares com valores tradicionais ou religiosos têm, frequentemente, um grande significado social que está relacionado com o seu conhecimento pela comunidade. No processo de preservação do local histórico de Nwadhajane está também a competente valor científico. Este valor manifesta perante o conhecimento que o local deposita sobre a figura do Eduardo, sua história de vida e seu percurso político. 
Por último o valor económico: na óptica do Jopela (2011) o valor económico deve ser entendido como o valor gerado pelos bens culturais (recursos patrimoniais), ou pela acção da sua conservação, nomeadamente através do turismo cultural. Todavia, segundo apuramos durante a pesquisa de terreno, o Local Histórico de Nwadahane não gera nenhum valor económico quer por turismo cultural quer outra via. Segundo o gestor do local, o acesso ao Local Histórico de Nwadjahane é gratuito. Todavia, o gestor do mesmo diz já haver uma discussão ao nível da Fundação Eduardo Mondlane no sentido de se estabelecer uma taxa simbólica a ser cobrado aos visitantes deste local.
  1. Identificação das questões-chave: esta é a terceira fase do processo de gestão do património cultural segundo Jopela (2011) que consiste no somatório das oportunidades e constrangimento que podem afectar o estado do local. Para tal, o autor chama atenção sobre a necessidade de tomar em conta os recursos existente, o que se pode alcançar e a vontade das partes interessadas. No concernente a definição das questões-chave, a pesquisa de campo que os elementos chave que estão em questão no processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane são constituídos pelo constrangimento de ordem financeira e humano que se manifestam através de escassez de recursos financeiros e humanos capazes de assegurar a adequada gestão do local. Como oportunidade, está salvaguardado, dentro dos recursos escassos existente a protecção, preservação e revitalização a história de vida e obra de Eduardo Mondlane. Este ponto, é crítico do sucesso do Local Histórico de Nwadjhane, sobretudo, quando pensado como um local de interesse turismo, pois, os constrangimentos de ordem financeira e humana minam o processo de gestão, bem assim a sustentabilidade do local.
  2. Definição das metas e objectivos de gestão: de acordo com o autor que temos vindo a citar, esta etapa consiste na definição das linhas orientadoras para salvaguarda e conservação do património cultural. O gestor do local histórico de Nwadjahane assegurou que o objectivo de gestão do local é a salvaguarda e protecção da história de vida e obra de Eduardo Mondlane para que estes perdurem e sejam divulgados aos potenciais interessados. No nosso, entender, até ao momento, estes objectivos estão sendo percorridos mas com desafios inerente a questão de divulgação, conforme será descrito na secção seguinte.  
  3. Adopção de estratégias para alcançar os objectivos: Jopela (2012) afirma que esta fase consiste na planificação de acções específicas, adopção de regras ou padrões relevantes para essas acções de modo a prevenir futuros danos. No concernente a este elemento, não foi possível saber das estratégias com vista o alcance dos objectivos da gestão do Local Histórico de Nwadjahane, dado que a equipa presente no local apenas recebe e guia as pessoas que vistam o local, e não possui nenhum plano claro, fora de visitas de delegações previamente agendadas.
  4. Implementação e revisão: esta fase consiste na monitoria da implementação das actividades definidas no plano com vista a assegurar a correcção de algumas falhas e melhorar outros aspectos. Realmente a esta fase, o assunto torna-se mais complicado ainda, uma vez que, o Local histórico de Nwadjahane não dispõe de nenhum plano, isto é, um documento escrito que indique as acções/actividades a desenvolver, objectivos, estratégias de excussão.
  5. Gestão da documentação: este é um documento que contém o registo do planificado, objectivos, significado bem em causa, actividades, estratégias, entre outros elementos a serem levados a cabo no processo de gestão do património cultural (Jpoela, 2012). Segundo indica o gestor do Local Histórico de Nwadjahane, objecto deste estudo, o local não possui nenhum documento com registo do planificado. 
  6. Plano de Gestão: consiste num instrumento evolutivo ligado ao espaço protegido para guiar as actividades dos intervenientes num determinado período. Assegura uma coerência e uma continuidade da Gestão no espaço e no tempo, bem assim a implementação das disposições anunciadas nos objectivos de conservação, protecção, salvaguarda e valorização do bem (Jopela, 2012). Segundo a constatação da pesquisa de campo, o Local Histórico de Nwadjahane não tem nenhum plano de gestão, dificultando o processo de monitoria e avaliação da efectividade das acções de protecção, conservação, salvaguarda e valorização do mesmo.
Tomando com base de análise a estrutura sugerida por Jopela, especialista de gestão do património cultural moçambicano, fica claro que o processo de gestão do Local Histórico de Nwadjahane não obedece os critérios de gestão por estes indicados. Já na perspectiva dos modelos de gestão, nota-se a prevalência do modelo proteccionista caracterizado pelas primeiras políticas orientadas para o sector e que tinha por objecto a protecção e preservação de edificações, estruturas e outros objectos individuais “[...] com um carácter essencialmente imobilista, tendo como foco, a limitação da mudança” (Castriota, 2009 apud Mate, 2015).
E como se pode depreender, este modelo é desajustado ao contexto actual, pois, segundo Macamo (2012 apud Mate, 2015) o modelo que se mostra ajustável à gestão do património cultural do dia é o de parceria público-privado, onde a parte pública constituída pelos Governos Provinciais em parceria com os Conselhos Municipais, sectores responsáveis pela conservação do património cultural cabeia-lhes a função de assegurar o cumprimento do regulamento de uso e conservação doa bens patrimoniais, assim como aos aspectos de apresentação e interpretação dos conteúdos. Já a parte privada cabe-lhe o papel de assegurar as actividades que dizem respeito ao turismo cultural, no quadro do desenvolvimento das indústrias culturais e criativas, factores essenciais para a conservação sustentável do património cultural, que contribuem para a geração de fontes de financiamento com a finalidade de geração de emprego para as comunidades locais (Mate, 2015).


Para a análise das estratégias de divulgação e captação de públicos do Local Histórico de Nwadjahane recorremos ao estudo de Gomes (2015) sobre “Métodos de Divulgação e Captação de Públicos nos Museus”. No estudo o autor introduz o conceito Inboud marketing que consiste na criação de conteúdos direccionados ao público através de redes sociais com vista a atraí-lo. Ao disponibilizar a informação nas diversas plataformas electrónicas, está-se a deixar parte de informação que o público pode encontrar a qualquer momento que estiver a procura, sendo por isso sustentável quando comparado com os canais tradicionais constituído por sports televisivos, radiofónicos e anúncios nos jornais que exigem que o público esteja atento naquele momento em que a informação está a passar. Uns dos desafios para assegurar melhores resultados é a actualização dos conteúdos dentro das plataformas electrónicas.   
De acordo com os dados colhidos no local, o Local Histórico de Nwadjahane não possui nenhuma estratégia de Inboud Marketing, pois, não apresenta nenhuma página web e muitos uma conta nas redes sociais elementos que lhe possibilitariam deixar informação para que o público tenha acesso, quiçá seja cativado a visitá-lo.
Outro aspecto apontado por Gomes (2015) no contexto de divulgação e captação de públicos são as relações públicas que conistem num esforço planeado para influenciar a opinião pública através de boas informações e actos responsáveis, baseados em comunicações mútuas satisfatórias (Cutlip & Center, 1978 apud Gomes, 2015). A respeito disto, a autora acrescenta haver a necessidade de se avaliar o público que a instituição já possui, assim como o público potencial para em seguida desenvolver mensagens ajustadas às espectativas daqueles.  
Embora que exista um esforço ao nível da equipa de gestão do Local Histórico de Nwadjahane no sentido de desenvolver campanhas de relações públicas como forma de estreitar as suas relações com seu público, os dados apontam para a ausência de acções de avaliação e criação de mensagens para o público potencial.
 De acordo com French e Runyard apud Gomes (2015), as principais ferramentas de comunicação em relações públicas são: redes sociais; websites; press releases e newsletters atractivas; relações com os meios de comunicação; eventos privados e públicos; conferências; exibições; patrocinio; e fotografia.
Olhando para estas ferramentas, procurando ver a sua aplicabilidade no Local Históico deNwadjahane, nota-se a falta de utilização do website, redes sociais, newsletters, press releases, patrocínio, fotografia, exibições e conferência. A falta de utilização de wedsite e redes sociais constitui uma perda muito grande, pois, Gomes (2015) afirma que as ferramentas tecnológicas possibilitam nexo de interpretação, aprendizagem e desenvolvimento intelectual; constroem audiências, assegurando que a informação seja acessível aos vários tipos de público; destacam obras tendo em conta as interpretações do visitante e impulsionam o interesse deste para que visite o local.
Ainda que de forma esporádica, nota-se a utilização das relações com os meios de comunicação que consiste em cobertura de eventos de índole público, privado e académico. Estes eventos são realizados por delegações de instituições públicas ou privadas. Embora não aconteçam de forma frequente, as visitas destas delegações contribuem para divulgação e captação de público para o Local Histórico de Nwadjahane, pois, para além de serem acompanhadas, em algumas vezes, por de órgãos de comunicação social, são por si só, importante para a passagem da informação através de conversas com outras pessoas da sua rede de amizade.  
Importa referir a visita de estudo dos estudantes e docentes do Instituto Superior de Artes e Cultura, enquadrado na disciplina de Gestão do Património Cultural, leccionado no 4ª ano do curso de Gestão e Estudos Culturais. Assim como as excursões das diversas delegações de instituições públicas e privadas que também enquadra-se no contexto de relações públicas na componente de eventos públicos e privados, contribuindo também para a divulgação e captação de públicos para o Local Histórico de Nwadjahane.  
De facto, maior parte dos visitantes ouvidos durante a pesquisa, afirmam terem visitado o local, pela primeira vez, por motivos de educação, sobretudo em missões de pesquisa e excursões académicas. Como há também aqueles que ficaram a saber da existência do Local Histórico de Nwadjahane através de outras pessoas.
Segundo o gestor do Local, divulgação do local é também feita através de contacto interpessoal, sendo feito pelos membros da Fundação Eduardo Mondlane que tem abordado à algumas pessoas da sua rede de amizade sobre a existência do local. Para além da divulgação via conversa, existem alguns guias turísticos que reúnem informação sobre local que são distribuídos aos visitantes e não só. Estes elementos também fazem parte das relações públicas.
Sobre
Um aspecto bastante preocupante, é facto de na composição da equipa de gestão do Local Histórico de Nwadjahane não existir uma pessoa que cuida especificamente de questões de divulgação do mesmo.
Questionado sobre a eficiência e eficácia dos canais e estratégias de divulgação do local, os entrevistados são unânimes em afirmar a fraqueza em termos de divulgação do local histórico de Nwadjahane. Segundo eles, afirmam ser de extrema importância a criação de estratégias de divulgação do local por meio das novas tecnologias de informação e comunicação, aderindo por exemplo às redes sociais que são de custo baixo e com capacidade de atingir maior número de pessoas em pouco tempo. Com relação a este aspecto, Gomes (2015) assegura também que as ferramentas tecnológicas sobretudo as redes sociais são de baixo de custo, requerendo tempo e um pouco de formação sobre como explorar e manuseá-las.  

Para a análise do fluxo de visitantes do Local Histórico de Nwadjahane, vale lembrar o conceito de visitante. De acordo com Cunha (1997) é toda pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residência habitual quer seja no seu próprio país ou no estrangeiro, por diversas razões. Com base nesta definição, estão excluídas todas pessoas residentes ao nível da área de jurisdição do objecto ou local sobre o qual se pretende estudar o fluxo de visitantes.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) numa publicação das estatísticas da cultura (2015) advoga que o número de visitantes dos museus é um indicador calculado dividindo o número de visitas efectuadas aos museus em determinado ano pelo total da população da província do mesmo ano e multiplicado por 100 mil, para facilitar a sua interpretação.
Assim, dada a ecassez de dados referentes ao Local Histórico de Nwadjahane nos anos abrangidos pela presente pesquisa, assim como a dificil interpretação destes quando quando constam das publicações do INE sobre estatística cultura, a análise do fluxo de visitantes consistiu no levantamento de número de visitantes nos relatórios anuais fornecidos pela equipa de gestão deste local. Em seguida foram deduzidos tendo como base a fórmula usada por INE que para nós está próximo da realidade.
Importa referir que, o Local Histórico de Nwadjahane dispõe de um livro de registo, onde cada visitante é solicitado a deixar uma assinatura após a sua vista. Esta estratégia é boa, mas não se mostra eficaz para aferir o número de visitantes quando se trata de delegações com um número de elementos significativos.
 Todavia, até ao momento, é com base nestas assinaturas que os gestores do local fazem o controlo estatístico das visitas durante o mês, e no fim de cada ano, fazem o apuramento anual.
Assim, a informação fornecida no local indica que no período compreendido entre 2007 e 2017, o fluxo de visitante comportou-se da seguinte maneira:
Tabela 2: Fluxo de visitantes do Local Histórico de Nwadjahane
Ano
Número de visitantes
Visitantes estrangeiros
2009
70661

2010
3305

2011
2222
121
2012
2527
58
2013
1774
11
2014
4222
45
2015
10601
298
2016
15318
74
2017
2769
41
Total
113399
648
Fonte: Autora do trabalho com base nos dados da pesquisa
A tabela mostra os dados apurados pela equipa de gestão do Local Histórico de Nwadjahane, sendo que os mesmos não respeitam o conceito de visitante, pois, segundo o gestor do local também são contabilizados os membros da comunidade local. Como forma de ajustar estes dados ao conceito de visitante, respeitando também a fórmula usada pelo INE, apresenta-se a seguinte tabela de visitantes de Nwadjahane:


Tabela 3: Dedução dos visitantes do Local Histórico de Nwadjahane tendo em conta a fórmula do INE.
Ano
No total de visitantes[2]
População de Gaza
No total visitantes[3]
2009
70 661
1 277 127
5 532
2010
3 305
1 298 651
254
2011
2 222
1 315 730
168
2012
2 527
1 344 095
188
2013
1 774
1 367 849
129
2014
4 222
1 392 072
303
2015
10 601
1 416 810
748
2016
15 318
1 442 094
1 062
2017
2 769
1 467 951
188
Total
8 572
Fonte: Adaptado pela autora com base nos dados da pesquisa
Assim sendo, a presente pesquisa considera o número de visitantes constam da última coluna da tabela 2.

Assim, a tabela acima mostra o Local Histórico de Nwadjahane no período entre 2009 e 2017 recebeu um total de 8 572 visitantes. Em 2009, o Local Histórico de Nwadjahane recebeu maior número de visitantes em relação aos restantes, cerca de 5 532, mais da metade dos visitantes do período todo. Este número deve-se ao facto de ter sido neste ano que se celebrou o ano Eduardo Mondlane, marcado pela inauguração do monumento Eduardo Mondlane, pelo ex-presidente Armando Emílio Guebuza, visitas de delegações do Governo central, provincial e distrital, com forte presença da comunidade local.
Depois de 2009, segue o ano de 2016 com cerca de 1 062 visitantes, 2015 com 748, 2014 com 303, 2010 com 254, 2012 e 2017 responderam com cerca de 188 visitantes respectivamente. Já em 2011 o Local Histórico de Nwadjahane recebeu cerca de 168 visitantes enquanto em 2013 recebeu cerca de 129, sendo ano com menor número de visitantes.
De acordo com os dados da pesquisa, os períodos de pico em termos de visitantes costuma ser 3 de Fevereiro, dia dos Heróis Moçambicanos e 20 de Junho, dia de aniversário de Eduardo Chivambo Mondlane.
Não foi possível aferir o número de visitantes por categorias, a exemplo de idade, sexo e proveniência, uma vez que, o local Histórico de Nwadjahane não descrimina os visitantes segundo estas categorias. Todavia, foi possível constatar que maior parte dos visitantes é constituído por estudantes que vão por motivos académicos. A visita dos estudantes ao local histórico de Nwadjahane é, sem dúvida, um exemplo de turismo cultural nos termos em que Pérez (2005) concebe o turismo cultural como sendo o movimento de pessoas até atracões culturais fora do seu local habitual de residência, com o objectivo de ganhar informação, experiências e satisfazer as suas necessidades culturais.
No concernente a componente educativa do património cultural, Mate (2015) e Pérez (2009) sustentam também a carga informacional detido pelo património cultural, bem como a sua importância no contexto da educação patrimonial e não só. Pérez vai mais longe, argumentando que as visitas aos locais do património cultural enquadram no contexto do turismo cultural e satisfazem a curiosidade humana em termos de informação, conhecimento e experiência. 



O estudo buscou analisar o contributo do Local Histórico de Nwadjahane na promoção do turismo cultural. Os dados da pesquisa bibliográfica permitiram entender que o turismo cultural compreende as actividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do património histórico e cultural e dos eventos culturais, com o objectivo de ganhar informação, experiências e satisfazer as necessidades culturais.
A pesquisa de campo permitiu constatar que o Local Histórico de Nwadjahane, objecto de estudo deste trabalho, está sob gestão da Fundação Eduardo Mondlane, todavia, existe uma equipa indicada para fazer a gestão do dia-a-dia. No tocante a este elemento, importa referir que os dados da pesquisa concluíram a falta de observância dos princípios de gestão do património cultural sugeridos pelos especialistas da área, prevalecendo o modelo proteccionista de gestão do património cultural caracterizado pelas primeiras políticas orientadas para o sector e que tinha por objecto a protecção e preservação de edificações, estruturas e outros objectos individuais “[...] com um carácter essencialmente imobilista, tendo como foco, a limitação da mudança” (Castriota, 2009 apud Mate, 2015)
Conclui-se ainda uma relativa fraqueza em termos de estratégias de divulgação e captação de públicos, pois, até a data da realização da pesquisa, o Local Histórico de Nwadjahane não fazia uso das plataformas electrónicas, constituídas por website e redes sociais, predominando a componente de relações públicas.
Todavia, mesmo dentro deste cenário, o Local Histórico de Nwadjahane constitui elemento de oferta turística do distrito de Madlankazi, província de Gaza, pois, reúne um forte legado histórico representativo da história moçambicana, composto por bens materiais e imateriais que narram a vida e obra de Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique, movimento que liderou a luta de libertação moçambicana da opressão colonial, aspectos bastante importante para o turismo cultural, uma vez que, agregam informação, conhecimento e experiência aos visitantes.
A pesquisa concluiu também que, o Local Histórico de Nwadjahane atrai visitantes de diferentes grupos sociais, sendo de destacar estudantes, delegações de várias instituições do Estado e não só, assim como da comunidade internacional. Importa também referir que, nota-se a falta da realização de outras actividades que possam contribuir para dinamizar o local e se calhar gerar receitas pra a sua sustentabilidade.
Em suma, o Local Histórico de Nwadjahane contribui para a promoção do turismo cultural, pois, o mesmo atrai visitantes que procuram aumentar a sua informação e conhecimento sobre história de vida e percurso político e profissional de Eduardo Chivambo Mondlane, primeiro presidente da FRELIMO. Todavia, o aperfeiçoamento das estratégias de divulgação e captação de públicos, assim como os mecanismos de controlo de visitantes constituem desafios para o Local Histórico de Nwadjahane e não só.




Criação e produção de artigos (canetas, blocos de notas, camisetas e bonés) com nome do local histórico a serem vendidos aos visitantes.
Introdução de actividades artístico-culturais que sejam praticados pela comunidade local em dias pré-agendados. 

27.  UNESCO-Brasil (2016). Gestão do Património Mundial cultural.
28.  Fernandes, Júlio e Carvalho, Pereira (2003). Património, memória e identidade: repensar o desenvolvimento. In: Caetan,o Leite. Território, ambiente e trajectórias de desenvolvimento.Coimbra: Imprensa de Coimbra.
29.  Moreira, Castro (2016). O Turismo em Portugal: dinâmicas territoriais, coesão e competitividade. In: Jacinto, Rodrigues e Diéguez, Vasconcelos. (Org.). Diálogos (Trans)fronteiriços. v. 31, Guarda: Âncora.
30.  Ventura, Marta Sofia Gomes (2010). Património e Turismo em áreas de baixas densidades: o caso das aldeias do Pessegueiro e do Esquio. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. Universidade de Coimbra. Coimbra.
31.  Manoel, António e Júnior, Elíbio (2007): Património Cultural e Turismo I: Livro didático. 2 ed. Palhaço: UnisulVirtual.
32.  Mate, Rosendo José (2015). O Uso dos Bens do Património Cultural Como Recurso Educacional em Moçambique: Zona Protegida da Baixa da Cidade de Maputo, 1975 – 2015. Dissertacao de Mestrado, Universidade São Tomas de Moçambique.
33.  Jopela, Albino (2012). Processo de Gestão de Locais do Património Cultural: O Plano de Gestão da Ilha de Moçambique, Património Mundial. In Seminario Nacional de Gestão de Património Cultural, Vilankulo.
34.  Gomes, Ana Catarina Costas (2005). Métodos de Divulgação e Captação de Públicos em Museus Estudo de Caso do Museu Nacional de Soares dos Reis. Dissertacao de Mestrado, Faculdade de Latras, Universidade de Porto.
35.  Cunha, Lucínio (1997). Economia e política do turimo. McGRAW-HILL, Lisboa.
36.  INE (2015): Estatística da Cultura. Maputo.
37.  INE (2016). Anuário Estatístico da Província de Gaza. Maputo.











[1]Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique
[2] Número de visitants forenecido pela equiapa de gestao do Local Histórico de Nwadjahane.
[3] Número de visitants de acordo com a fórmula usado pelo INE (núumero de visitantes fornecidos pelo Local Histórico de Nwadjahane divido pela população da província do ano em causa e multiplicado por 100 mil).

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