Africa entre os seculos xv e xix
Como havíamos observado no capítulo anterior,
particularmente quando abordamos o tema historiografia africana,foi palco do
desenvolvimento das grandes civilizações.
Estas
civilizações evoluíram, ate um certo período, nas fronteiras do seu continente,
de forma autónoma e sem grandes influências exteriores.
Mas a
partir do seculo vii, ou mesmo antes, o continente africano estabeleceu
contactos com outros povos do mundo. E no seculo xv, a africa subsariana iniciou
contactos com os europeus. Os desenvolvimentos posteriores resultaram na
partilha e ocupação efectivado continente.
Esta
matéria constitui o objecto de estudo deste capítulo.
A
partilha de africa teve uma consequência directa na expansão imperialista, que
teve oi seu início nos finais do seculo xix. Aa a partir deste período, as potências
colonizadoras não se interessaram apenas em fazer comércio (ouro, marfim e escravos)
com os reinos e impérios africanos: passaram a ter interesse em domina-los
politicamente para melhor explorar os seus recursos. O processo de partilha de
africa culminou com a demarcação das fronteiras africanas, que perdura ate aos
nos dias.
Carteiristas de
africa entre os seculos XV e XIX
Na periodização da historia de africa, o período
pré-colonial pode ser tido como um exemplo de como o critério de periodização
varia de acordo com diferentes perspectivas e/ou correntes.
E
assim para muitos eurocentristas e afrocentristas, o período pré-colonial
prolonga-se ate ao seculo XV, com a chegada dos europeus. Por sua vez, na
perspectiva africanistas, na base da qual se desenvolve o presente capitulo, o
período pré-colonial estende-se ate aos fins do seculo XIX, com o início da
partilha e ocupação efectiva de africa.
No
seculo XV, com a chegada dos europeus ao continente africano, as sociedades
locais possuíam uma dinâmica politica, económica e sociocultural distinta, que
resultava das suas vivências e contactos com os outros povos (ex: árabes e
persas). Estas sociedades não si podem considerar avançadas ou atrasadas, tal
como defendem os eurocentristas e afrocentristas, respectivamente.
Com
efeito da presença europeia em africa entre os seculos XV e XIX alterou a
dinâmica das sociedades locais, sobretudo as que se localizavam ao longo da
costa, tal como aconteceria em qualquer outra situação semelhante.
A
sociedade africana entre os seculos XV e XIX e o resultado da influência de
três elementos fundamentais: as tradições locais baseados na existência
dominada e dominantes, onde estas exercem o poder politico-ideológico, que era
legitimado sobretudo pelo controlo dos ritos magico-religioso; a influência dos
povos árabes e da religião islâmica, e, por fim, a influência
cultural-europeia, que trouxe com ela o cristianismos.
O islamismo, estava profundamente enraizado na africa do
norte tendo-se expandido pela região ocidental (reino songhay) e a costa
oriental (gerando o povo swahili). A influência da europa assimilou-se por
parte de alguns africanos, da educação ocidental, assim como a aquisição de
alguns traços culturais ocidentais, devido a compra de artigos europeus (ex:
roupa, produtos manufacturados, armas de fogo, etc).
O cristianismo teve maior implantação em africa, neste
período, apenas nas regiões costeiras, onde as comunidades se afastavam dos
seus dirigentes, devido ao tráfico de escravos; ou em regiões com muita
população europeia e sem influência islâmica (ex; cidade do cabo). Existiram
neste período vários estados em forma de reinos ou impérios: (es:Mwenemutapa,
Congo, Mali, Songhay e Gana).
E au ladodestas existiam as chamadas” sociedades sem estado”(
clãs, tribos, grupos étnicos, etc), que constituem povos unidos pela tradição e
língua comum e com vários chefes que dirigiam determinados espaços
territoriais, como Shonas, Iorubas e Swahilis. Estas sociedades encontravam se
particularmente só domínio de reinos ou impérios.
O contacto
com os europeus fizeram com que os reinos e impérios alterassem as suas
estruturas politica para se adequarem as exigências do comércio transatlântico
(comercio triangular) e, sobretudo, devido ao tráfico de escravos.
Antes da chegada dos europeus no continente esteve envolvido
com o comércio transariano, cujos principais centros de produção e trocas
comerciais localizavam-se no interior. Mas com a presença dos europeus a partir
do seculo XV, os centros de produção mantem-se no interior de africa, mas os
comerciais deslocam-se para o litoral, um processo já iniciado no seculo VII
com a penetração mercantil árabe-persa na costa oriental.
Os produtos
mais procurados pelos europeus eram ouro, marfim escravos.
O comércio
de escravos teve duas grandes consequências para o continente e para a
humanidade. No entanto a escravatura e o só traficam não foram trazidos pelos
europeus: os africanos já a praticavam mas não de forma desumana e em grande
escala, tal como ocorreu entre os seculos XV-XIX. A escravatura anterior a
presença europeia e conhecida como escravatura domestica.
A invasão do continente africano
A invasão
da africa pelas potências imperialistas europeias teve lugar por volta de
finais do seculo XIX. Alguns autores propuseram 1870 como ano de início, porque
nessa altura os principais países capitalistas viram-se mergulhados na primeira
grande crise financeira a escala mundial, encarregando-se a expansão
imperialista como solução da crise.Mas mesmo antes de 1870 já haviam ocupações
de alguns territórios africanos por franceses na Senegâmbia, Belgas no Congo e
Portugueses na africa central. Mas o ano 1880 foi consensual para marcar o início
da invasão africana.
As
principais razoem que levaram a europa a ocupar a africa segundo Uzoigwe:
*teorias económicas;
*teorias psicológicas;
*teorias diplomatas;
*teorias da dimensão africana.
Teorias económicas
e no ponto de vista em diz que a invasão de africa pelas profundas
transformações que ocorreram no sistema capitalista que ocorreram devido a
crise 1870 e que ditaram transição do capitalismos de livre-concorrência
(laisser-faire) ao capitalismo monopolista ou financeiro.
O novo
imperialismo tem necessidades radicalmente novas, a saber: novos mercados para
explorar o seu capital financeiro (através de investimentos, créditos ou
donativos).
Os principais defensores desta teoria são: Rosa Luxemburgo,
George Ledebour, John AtkinsonHobson e Vladimir Lenine. Estas são as razoes do
porque as razoes económicas a explicar
os motivos das potencias coloniais dominarem politicamente africa apos seculos
de relações comerciais:
·
A superprodução;
·
Os excedentes de captais e subconsumo dos países
industrializados levaram-nos a colocar uma parte crescente dos seus recursos
económicos fora das sua esfera política actual e a aplicar activamente uma
estratégia de expansão política com vista a apossarem-se de novos territórios.
E preciso salientar que mas da
metade dos investimentos europeus neste período da partilha (1880-1914) si
destinavam a africa do sul, como forma de controlar a riqueza mineira
(diamantes e ouro).
Teorias psicológicas
De uma forma geral esta teoria procura a supremacia da
<<raça branca>> como causa da partilha e posterior colonização de
africa. Que dividem se em: darwinismo social, cristianismo evangélico e
atavismo social.
Darwinismo social
Em 1859, Darwin
afirmava << as espécies que melhor se adaptam as transformações
ambientais sobrevivem, e as que menos si adaptam desaparecem pelo processo de
selecção natural.
Como já estudamos nas classes anteriores charles Darwin foi
uma figura notável na biologia na evolução das espécies, particularmente das
plantas. Porem, alguns estudiosos, entre eles George Hegel, usaram a teoria da
evolução das espécies para justificar a superioridade da <<raça
branca>> , e assim a conquista dos povos africano seria justificada por estes constituírem <<raça inferior>> ou <<espécies
não evoluídas>> devendo ser dominadas pela <<raça branca>>
devido ao processo de <<relação natural>>. O ponto alto defesa
desta teoria atingiu-se com o nazismo na Alemanha de Hitler.
<<(…)Cristianismo envangelico_ do aquele que invocar
o santo nome de deus sera salvo.>>
(romano,10:13)
Esta teoria
foi defendida principalmente pelos missionários, que afirmavam ser seu dever
normal espalhar o cristianismos e a civilização ocidental em africa,
acrescentado ainda que havia a necessidade de <<salvar almas>> dos
povos africanos. Estes missionários estavam imbuídos de um espirito <<humanitário>>
e <<filantrópico>>.
O
humanitarismo e filantropismo dos missionários europeus eram, muitas vezes,
acompanhados de reais interesses económicos para os seus países de origem.
Atavismosocial explica a partilha de africa em termos
sociológicos e não económicos. Assim, segundo Schumpeter, seu principal
defensor, o homem tem um desejo natural de dominar o próximo, pelo simples
prazer de domina-lo. Considera o imperialismo um <<egoísmo
colectivo>>. Deste modo, as potencias europeias ocuparam efectivamente o
continente africano pelo simples desejo de dominar as nações <<fracas>>,
demonstrando assim o seu poder.
Teorias diplomatas
Estas teorias apresentam argumentos puramente políticos para
justificar a partilha de africa. Estas teorias nascem no nacionalismo europeu,
que estava <<fervendo>> no espirito dos cidadãos europeus,
sobretudo devido a crise económica de 1870 e aos conflitos imperialistas entre
as potencias europeias. Estas
estas teorias podem ser agrupadas em: prestígio nacional, equilíbrio de forca e
estratégia global
*Prestígio nacional: o principal defensor desta teoria foi
Carlton Hayes, que o imperialismo foi um fenómeno nacionalista.
Países como
a franca qui havia sido derrotado pela Alemanha em 1871 e perdido as regiões de
Alsácia de Lorena, viam na expansão imperialista, sobretudo para africa, uma
forma de resgatar a sua dignidade e estudo de potência.
O governo
europeu de então via a expansão imperialista ou o colonialismo como forma de aumentar
a sua popularidade manter-se no poder, pois a crise económica mundial de 1870
levara a sucessivas manifestações populares de descontentamento.
*Equilíbrio de forca: os seus principais defensores são: Langer e
F.H.Hinsley. este ultimo que afirma que a causa principal da partilha de africa
foi o desejo de paz estabilidade dos estados europeus. E preciso recordar
também que a a expansão os países
europeus não queriam fazer grandes investimentos e nem criar conflitos.
Dai que,
quando começaram a existir conflitos entre os europeus e os africanos pelo
controlo de algumas regiões africanas, a solução tenha sido a divisão e a
ocupação e partilha do continente-africano.
*Estratégia global: os
principais defensores desta teoria são: Ronald Robinson e John Gallaghe. Esta
defende que a invasão e partilha de africa foram motivadas por uma tragedia
global e não pela economia. Os movimentos de reacção a presença europeia em
africa ameaçavam interesses estratégicos globais das nações europeias. Os
defensores desta teoria afirmavam que africa foi ocupada, não porque tivesse
riquezas materiais a oferecer aos europeus, mas porque ameaçavam os interesses
dos europeus. Esta teoria ajuda-nos a compreender a rapidez em que africa foi
dominada politicamente (aproximadamente vinte ou trinta anos, de 1880 ate
1900/1919)
Teorias de dimenurasão africana
Esta teoria examina
a partilha de africa do ponto de vista africanista (ver correntes de
historiografia africana), tendo em consideração tanto os factores europeus como
os africanos.
E inegável
que no seculo XVIII, com a revolução industrial francesa, a europa atingiu um
nível de desenvolvimento material e espiritual
que a colocou em grande vantagem em relação a africa, caso ocorresse
algum conflito.
E preciso
ter em conta, alem dos factores económicos da expansão (necessidade de
matérias-primas, novos mercados e exportação de capitais), a importância dos
factores africanos locais.
No inicio
da abolição da escravatura no seculo XIX ( e preciso notar que a
iniciativa do abolicionismo foi dos
europeus, que já estavam mas bem preparados para anova era das relações
comerciais com africa) os europeus começaram a procurar produtos alternativos
aos escravos, entre os quais as oleaginosas (óleo de palma, de dendém,
amendoim, etc), ouro e madeira.
Este
comercio ficou conhecido como <<comercio legismo>>( em posição ao
ilegítimo: trafico de homens-escravos). Em africa a produção de oleaginosas não
eram monopolizadas pelas elites dirigentes, mas por pequenos empresários ou
pela família.
A
teoria da dimensão africana nega ideia de que a conquista e a partilha e a
conquista eram inevitáveis para a africa, defendendo que foi uma consequência logica
de um processo de <<devoração>> de afric apela europa, cujo inicio
mais remoto data do seculo XV, quando da chegada dos europeus.
O
processo de domínio económico antecedeu a dominação económica.
Defende
ainda que foram motivos económicos que fizeram chegar os europeus a africa no
finais do seculo XIX e que a resistência africana precipitou a conquista
militar efectiva, marcando o inicio da era colonial.
As
viagens exploratórias
Na primeira vaga de
<<descrobimentos>> (seculos XV-XIX),como já havíamos visto nos
outros casos os europeus limitaram se apena s na exploração do litoral
africano, sendo o anterior de
africa uma região por desvendar. No
seculo XIX graças aos avanços técnico-científico que ficou conhecido como viagens exploratórias.
Nestas
viagens os marcos geógrafos (principais rios e lagos) desempenham um papel fundamental pelas
seguintes regiões:
*os principais rios constituíam meios de acesso ao interior
de africa;
*os rios constituíam ainda
a principal via de transporte
para a importação e exportação de produtos de e para as principais cidades do
interior de africa;
*os grandes lagos africanos constituem reservas de minerais.
Os principais
exploradores foram os mercadores e comerciantes, os missionários e os
militares.
O explorador David Livingstone
O exemplo mais
notável de um s missionários e o do pastor e e medico David Livingstone, que
chega a africa do sul em 1841. E depois atravincou para o interior,
atravessando o deserto do Calaári, <<descobriu>> o lago Ngami,
tomou a direcção noroeste, passando para o rio Zambeze, e chegou a Luanda, na
costa atlântica, por volta de 1854.
Entre 1858-54,
Livingstone realizou novas viagens de exploração, financiados pelo governo
britânico, desta vez não de barco a vapor e não a pé como anteriormente. Nestas
viagens apercebeu-se de que não seria possível usar o rio Zambeze como via de acesso
as regiões ricas férteis e populosas da região da africa central, tal como Livingstone descreveu no seu relatório.
Por todos os
lugar onde ele passou condenou severamente a escravatura e defendeu que a
colonização em africa seria o único<<remedio>> para o fim da
barbaridade conforme ilustra o seguinte exerto: << que deus abençoe
amplamente todo o homem, seja ele, americano, inglês ou turco, que possa ajudar
a sarar essa charga>>. A generosidade e o caracter humanitário de
Livingstone fizeram com que os africanos organizassem um funeral digno de um
herói apos a sua morte.
O explorador Henri Stanley
Henri Morton
Stanley foi um praticante de caca desportiva e, ao mesmo tempo, um homem de
negócios. E esse era bastante diferente do bom pastor Livingstone, pois foi um
homem brutal e sem escrúpulos. Por volt ado ano 1875 ele deu a volta ao lago
vitoria concluindo assim que este era de facto um lago e que se situava ali a
nascente do rio Nilo acabando deste modo a discussão relativa sobre a nascente
do rio nilo, suscitada pelos exploradores que o antecedem (Burton e Speke),
verificando-se que era, afinal, Speke que tinha a razão.
Ao alcançar
assim o oceano atlântico verificou-se que na verdade o rio lualaba era na
verdade o rio congo, encontrando se deste modo o acesso a africa central. Foi
devido a este êxitos que o rei da Bélgica, Leopoldo II, chamou Stanley para
dirigir a associação internacional do congo, que foi responsável pela ocupação
da região que veio a ser o Congo Belga (actual Republica Democrática do Congo).
O explorador Henrich Barth
Henrich Barth foi professor de geografia comparada e de comércio
colonial da antiguidade da universidade de Berlim e era alemão em africa ao
serviço da Inglaterra.
Barth
permaneceu no Sudão central e ocidental durante cinco anos, onde veio a
encontrar e a produzir vários documentos ( fontes históricas) bastante
importantes para o conhecimento da historia de africa ocidental. Regressou a
Inglaterra em 1855, tendo este atravessado o deserto do Sara, finalizando tal
empreendimento na cidade de Trípoli (actual capital de Líbia).
Outros exploradores
Os militares que participaram nas
viagens de exploração foram: Major Houghton, que procurando a nascente do rio
Níger e partindo da Serra Leoa, acabou perdendo a vida. E hornemann, que partiu
do Cairo com o mesmo objectivo acabou por desaparecer no deserto do Sara.
Savorgnan de Brazza fez o reconhecimento do rio Ogue na
bacia do Congo. E alem de Livingstone, Stanley, Barth, Houghton, Hornemann e
Brazza, vários outros exploradores realizaram viagens pelo interior de africa.
Conferência de
Berlim
A
conferência de Berlim apareceu em vários outros e diversos livros, intimamente
relacionados com a partilha de africa, mas e preciso esclarecer esta relação.
Segundo
uzoigwe, três importantes acontecimentos, verificados entre 1876 e 1880 levaram
a que Salisbury (Inglaterra) e bismarck (Alemanha) optassem pelo domínio
efectivo de africa nomeadamente:
*a conferencia
geográfica de bruchelas
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