Da
urgência da formação do “professor intercultural” na sociedade das diferenças
Hoje em dia, a gente vive numa sociedade marcada,
principalmente, pelos contactos culturais. Observam-se transformações a nível
da articulação dos diferentes agentes educativos, na gestão de salas de aulas e
do currículo, bem como da gestão do próprio processo do ensino e aprendizagem. Este
é um facto que nos permite perceber que a escola, sendo uma instituição social,
está fortemente habitada por indivíduos que pertencem a diferentes
sensibilidades culturais.
1.
Sociedade
das diferenças vs escola multicultural e intercultural
Como já foi dito por Pieroni e tal (2014.p,32) a
globalização é um produto de pensamento liberal e o fenómeno é considerado, por
um lado, uma feliz meta da história e, por outro, alguns só vêem os efeitos
contraditórios dela. Como resultado deste fenómeno, observa-se que, aumentaram
sem precedentes os contactos entre as culturas e a coabitação entre os
diferentes modos de vida, contribuindo para multi/interculturalidade das
sociedades e das escolas.
Podemos assim depreender que deduzir, a escola no
geral, e o professor, de modo particular, precisam flexibilizar as suas
práticas pedagógicas de modo a adequá-las às novas exigências da sociedade, ou
seja, a escola deve dar resposta à realidade pluricultural que constitui a
população escolar.
Na sociedade actual percebe-se cada vez mais a
multiculturalidade, cuja “pluralidade de culturas, etnias, religiões, visões do
mundo e outras dimensões das identidades infiltra-se, cada vez mais, nos
diversos campos da vida contemporânea” (Moreira, 2001, p. 41).
2.
Novas
exigências na formação de professores: o professor intercultural
O projecto intercultural escolar para poder ser
realizado precisa de professores que sejam conscientes e à altura da função que
deverão exercer. Para Zeichner (1993), se adoptarmos uma definição pragmática e
contextualizada de cultura tendo presente que cada individuo está integrado em
grupos múltiplos, justapostos e multiculturais. Por definição, cada um de nós é
um ser intercultural, independentemente das suas identidades culturais e todos
os professores devem preocupar-se com o problema da comunicação intercultural,
independentemente das identidades culturais e da composição demográfica do seu
grupo de alunos.
Em uma sociedade multicultural como a nossa
(sociedade contemporânea, independentemente da sua localização geográfica)
torna-se necessário repensar afirmação de professores à luz dos novos desafios.
Neste sentido, é necessário o desenvolvimento por parte dos professores, de
atitudes não etnocêntricas, ser sensível e respeitar as várias diferenças e ter
a capacidade de pôr em questão práticas desenvolvidas durante anos em função da
cultura dominante e substituí-las por outras que promovam a paridade de
culturas e a emancipação dos alunos tendo em conta a sua diversidade cultural e
de potencialidades.
3.
Para
uma competência intercultural
Segundo Azevedo (1996) citado por (Gonsalves,
1999,p.112) formar “professores interculturais” é, na verdade, um imperativo
ético, na medida em que só a acção destes, coadjuvada, necessariamente, pela
dos restantes agentes educativos, poderá, transformar a escola numa instituição
de promoção da tolerância, da paz e do respeito pela diferença, através, e como
resultado, de atitudes e práticas.
Deste modo, a interculturalidade significa “um
estado ideal de partilha e valorização das culturas, para o qual se deve
tender”, e em que o “eu” e “o outro” reconhecendo-se, embora, como distintos, constroem
um universo comum de convivencialidade, solidariedade e fraternidade.
A competência intercultural não pode ser adquirida
de forma espontânea por indivíduos, e nem simplesmente através da exposição e
encontros com pessoas de diferentes culturas se o contacto ocorrer em condições
inadequadas. O professor embutido de competência intercultural, não é um
professor particular, mas um professor geral ou das várias áreas disciplinares
que se torna sensível as problemas da equidade social.
Reflexão
Vivemos
numa sociedade multicultural, onde a pluralidade de culturas galvaniza
diferentes identidades, por isso constata-se que os professores, em geral,
estão sujeitos a ter uma formação apropriada para lidar perfeitamente com
distintas identidades culturais. A escola deve ser sujeita a promover novos
métodos para a facilitação do professor na compreensão das diferentes
identidades individuais dos estudantes
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