terça-feira, 17 de maio de 2022

Breve Resenha histórica do surgimento da Psicologia de Aprendizagem

 

Breve Resenha histórica do surgimento da Psicologia de Aprendizagem

Percurso histórico da Psicologia de Aprendizagem, suas principais concepções antigas, bem como as modernas, no contexto da psicologia de aprendizagem.

Desde a antiguidade, filósofos e pensadores preocuparam-se nos factos de aprendizagem do tipo “verbal” ou “ideativo”. A noção de aprender se confundia com a de captar ideias, fixar seus nomes, retê-los e evocá-los, naquilo que resumidamente significava conhecer e aprender.

Acredita-se, assim, que a Psicologia de aprendizagem existe desde o início da existência do homem, pois, sempre houve tentativa de compreender e interferir no comportamento humano, através de marcas educativas. Desde tempos remotos, admite-se que cada pai é, dum ou doutro modo, psicólogo empírico da educação.

Não é tarefa fácil apresentar fielmente a história da Psicologia de aprendizagem, sobretudo se tivermos que considerar que a própria Psicologia Geral foi, ao longo dos tempos, como um ramo de Filosofia e, só recntemente (sec XIX) é que ganhou a sua autonomia científica. Assim, alguns pensadores acham que esta história ainda está se fazendo, ambora apresentem quatro etapas do seu percurso, nomeadamente:

Raízes históricas: remotam à antiga Grécia até a aproximadamente aos séculos XVIII e XIX, com Herbart e Pestalozzi, que tanto falaram da necessidade duma boa selecção do material escolar e dos conteúdos, para a acompanhar a aprendizagem.

O Começo: entre os anos 1880 à 1900, tempo em que produzem evoluções decisivas nesta área, destacando a pessoa de Galton, que desenvolveu a Psicologia diferencial e realizou os primeiros estudos com gémeos; Ebbinghaus, que estuda o controlo e a medida de aprendizagem; Hall, que desenvolveu os primeiros estudos sobre a Psicologia da Educação e de Desenvolvimento; Hopkins, que produz o primeiro livro com o título Psicologia Educacional, em 1896. foi assim que psicólogos como Willim James, Cattell, Binet, Dewey e outros começam os seus estudos nesta área.

A constituição formal, ou nascimento: situada entre 1900 e 1918, destacando-se Thorndike e Jud. Thorndike foi o primeiro a ser chamado “psicólogo de educação” e é considerado pai da Psicologia Educacional, por ter se dedicado 40 anos à investigação e publicado em 1903 estudos sobre transferência na aprendizagem, no seu livro sobre Educational Psychology. No mesmo ano, Jud publica Genetic Psychology for teachers, com impacto na prática educativa. Ele pretendia unir definitivamente a Psicologia à Pedagogia. Houve outros estudiosos neste períodod como foi o caso de Terman.

Fase de consolidação e desenvolvimento: a partir de 1918 e continua para as décadas de 20 e 30, período em que surgem muitas escolas da Psicologia, a destacar os behavioristas, gestaltistas e humanistas.

A partir da década 40, assiste-se uma quebra das pesquisas e desenvolvimento da Psicologia da educação, pela dificuldade de determinar o seu campo específico. Mas, a partir das décadas de 50 e 60, a Psicologia refloresce, esta ganha o seu privilégio no quadro das ciências sociais, graças ao surgimento da Psicologia Cognitiva e experimental dentro do behaviorismo.

Principais concepções na antiguidade

Sócrates: o conhecimento preexiste no espírito do homem. A aprendizagem consiste no despertar esses conhecimentos inatos e adormecidos.

Para ele, o método de “maiêutica” ou partejamento das ideias, é que disciplinaria o espírito e revelaria as verdades universais.

Platão: formulou uma teoria dualista, que separava o corpo da alma (coisas das ideias). Para ele, a alma guarda as lembranças contempladas na encarnação anterior que, pela percepção, voltam à consciência. Assim, a aprendizagem, nada mais é do que uma reminiscência.ĺ

Aristóteles: ensina que todo o conhecimento começa pelos sentidos, rejeitando a preexistência das ideias em nosso espírito. Utilizou o métodod dedutivo, caracterísitico do seu sistema lógico, e o método indutivo, aplicando-o em suas observações, experiências e hipóteses.

Combatendo a preexistência, formulou a célebre afirmação de que “nada está na inteligência que não tenha primeiro estado nos sentidos”

Santo Agostinho: Adoptou a intropecção, para registar suas próprias experiências mentais e, esposou à teoria das faculdades mentais.

São Tomás de Aquino: distinguiu as verdades científicas, baseadas na pesquisa e experimentação, das verdades religiosas, baseadas na autoridade divina. Para ele, o principal agente da aprendizagem é a actividade de quem aprende.

Considerava a aprendizagem como um produto inteligente dinâmico e auto-activo.

Contribuições modernas

Alguns pioneiros que lançaram os fundamentos da ciência moderna, voltaram a usar o método indutivo de Aristóteles, exigindo as provas experimentais e a evidência empírica, para justificar as generalidade entre o homem e a natureza.

Baccon, Descartes e Locke, propagaram uma nova fé no conhecimento, baseado no senso-percepçao e no raciocínio lógico.

O Método científico de análise e predicção de eventos estabeleceu-se requerendo a observação e a experimentação, como também a medida e a classificação da experiência.

 

 

 

 

Objecto da Psicologia de Aprendizagem

Para que se apresente e se explicite simples e claramente o objecto de estudo da Psicologia de aprendizagem, é fundamental que se saiba conceituar o termo “Aprendizagem”, bem como a própria Psicologia de aprendizagem.

Entende-se por aprendizagem a modificação progressiva do comportamento que está ligada de um lado a sucessivas apresentações de uma situação e de outro a repetidos esforços dos indivíduos para enfrentá-la de maneira eficiente.

É, também, modificação na disposição ou na capacidade do Homem, modificação esta que pode ser anulada e que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento. Do ponto de vista funcional, é a modificação sistemática do comportamento em caso de repetição da mesma situação estimulante ou na dependência da experiência anterior com dada situação.

Aprendizagem é um processo inseparável do ser humano e ocorre quando há uma modificação no comportamento, mediante a experiência ou a prática, que não podem ser atribuídas à maturação, lesões ou alterações fisiológicas do organismo.

A aprendizagem não pode ser atribuída a maturação quando por norma todos os indivíduos devem passar pelo mesmo processo.

Muitos comportamentos demonstrados pelo Homem são resultado da experiencia, mas nem todos porque existem comportamentos que são resultado da maturação e crescimento orgânico portanto estes não constituem aprendizagem. São exemplos a respiração, a digestão, a salivação, etc.

A aprendizagem é mudança do comportamento porque quando repetimos comportamentos já realizados anteriormente já não estamos aprendendo.

Tanto a maturação assim como a aprendizagem necessitam de estimulação ambiental, sendo que a maturação ocorre de dentro para fora e precede a aprendizagem porque sem o mínimo acabamento biológico, o treino ou a experiência não encontram campo para ocorrer e produzir efeitos desejados mas, quando ocorre a maturação haverá condições para melhores e novas aprendizagens.

Na maturação, o estímulo vai actualizar as potencialidades da espécie e na aprendizagem o estímulo vai produzir um comportamento individualizado do sujeito que aprende.

Não podemos atribuir a aprendizagem às lesões ou alterações fisiológicas porque quando alguém faz esforço de usar a mão esquerda por ter sido amputado a mão direita, não há aprendizagem mas sim alternativa.

A aprendizagem é aquela que uma pessoa monitora a outra que aprende e há métodos científicos e ganho cognitivo.

A aprendizagem é o processo de apropriação activa da experiência humana; daquilo que foi construído socialmente pelo colectivo. Sua condição fundamental é a relação interpessoal. É a mudança no comportamento de um organismo, que resulta de uma interacção com o meio e se traduz em aumento do seu repertório de conhecimento

Por seu turno, a Psicologia de Aprendizagem, embora não exista única definição, concebe-se como um ramo da Psicologia que se preocupa em compreender como é que o ambiente e o contexto de instrução, bem como as características do aluno ou estudante interagem de forma a produzir crescimento cognitivo de quem aprende.

A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são apropriados pela criança. Para que se possa entender esse processo é necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem. Como já foi dito, as operações cognitivas (aquelas envolvidas no processo de conhecer) são sempre activamente construídas na interacção com outros indivíduos.

Depois de percebidas as definições de aprendizagem e da Psicologia de Aprendizagem, compreende-se categoricamente que o objecto do estudo desta área de saber é o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva.

Simplesmente, considera-se que o seu objecto de estudo é o homem, na sua permanente evolução biológica e psicológica, concretamente o “como aprende”.

 

A Psicologia de aprendizagem e actividade do Educador

Na lição anterior, foi perceptível que o objecto do estudo da Psicologia de Aprendizagem é o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva. Ou seja, de forma simples, o seu objecto de estudo é o homem, na sua permanente evolução biológica e psicológica, concretamente o “como aprende”.

Assim, a percepção da relação entre a Psicologia de Aprendizagem e a actividade do Educador, passa necessariamente por perceber a importância tanto da Aprendizagem, quanto da Psicologia de Aprendizagem no contexto educacional.

Na vida humana, a aprendizagem se inicia com o, ou até antes do nascimento e se prolonga até a morte, embora exista aprendizagem inata e adquirida, dirigida e não dirigida.

Através da aprendizagem, o homem melhora as suas realizações nas tarefas manuais e/ou intelectuais. Aprende a conhecer a natureza e a compreender seus companheiros.

Cada indivíduo é o que é, em grande extensão pelo que aprendeu e ainda pelos modos segundo os quais, em novas emergências de ajustamento, poderá aprender, integrando seu comportamento e experiências em novos padrões.

A aprendizagem é um processo fundamental da vida. Todo o indivíduo aprende e, através da aprendizagem desenvolve os comportamentos que o possibilitam viver.

A aprendizagem é um processo tão importante para o sucesso da sobrevivência do homem e, foram organizados meios educacionais e escolas para tornarem a aprendizagem mais eficiente, pois, muitas das habilidades não podem nem são aprendidas naturalmente.

O estudo da aprendizagem, sua natureza, suas características e factores que nela influenciam, constitui um dos problemas mais importantes para a Psicologia e para o educador, seja ele pai, professor, orientador, ou administrador de instituições educativas.

Explica os mecanismos da aprendizagem e esclarece a maneira pela qual o ser humano se desenvolve, toma conhecimento do mundo em que vive, organiza a sua conduta e se ajusta ao meio físico e social.

Na teoria e na prática educativas, a Psicologia de Aprendizagem contribui/influencia na escolha de métodos didácticos; para a organização dos programas e currículos e, até a formulação dos objectivos.

O Educador, aplica a Psicologia de Aprendizagem no ensino e na sala de aulas, bem como na escola, motivando ou melhorando a aprendizagem. Identifica condições condutoras à aprendizagem e como a forma de ensinar pode incentivar a aprendizagem eficaz.

A Psicologia de Aprendizagem fornece aos professores /educadores informações sobre o comportamento de aprendizagem dos indivíduos em vários contextos. Contribui para a educação, em função da avaliação e medida.

Por tanto, a Psicologia de Aprendizagem contribui imensamente para que o educador, de qualquer que seja a natureza, conheça perfeitamente o seu educando, os conteúdos por transmitir, bem assim, como vai transmitir. Permite, assim, que desempenhe eficaz e eficientemente a sua actividade de educador.

 

Relação entre a psicologia de aprendizagem e outras ciências.

A Psicologia de Aprendizagem relaciona-se com todas as outras áreas de saber humano. Essa relação reside essencialmente na identificação e fornecimento de condições e ambientes próprios para que a aprendizagem de qualquer área de estudos se materialize eficaz e eficientemente.

Há que destacar a relação quase que natural e indiscutível que a Psicologia de Aprendizagem desencadeia com a Psicologia de Desenvolvimento. A tendência actual da Psicologia de Desenvolvimento é considerar o desenvolvimento como um processo intrinsecamente ligado às experiências com o mundo e ocorrendo em determinadas condições sócio-culturais.

Para Piaget, a aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento, ou seja, as leis da aprendizagem estão subordinadas às do desenvolvimento e à evolução das estruturas lógico-matemáticas e não o inverso. A possibilidade de um sujeito beneficiar-se de uma experiência de aprendizagem depende dos constrangimentos gerais do estádio de desenvolvimento e do facto desta experiência ter provocado um conflito obrigando, assim, a uma restruturação.

Estes conhecimentos nos condicionam à percepção de que é quase impossível separar a aprendizagem do desenvolvimento porque à medida que o ser humano se desenvolve, vai acumulando diversas experiências e reformula conhecimentos.

Para Vygotsky, a aprendizagem é constituinte do desenvolvimento. O desenvolvimento psicológico é encarado como consequência da aprendizagem e educação.

Os processos de desenvolvimento não coincidem com os da aprendizagem, mas têm uma relação dialéctica. Determinados fenómenos educacionais só têm sentido em função do desenvolvimento do indivíduo; e os progressos gerados nas situações interactivas ao nível do desenvolvimento, não são acabados, mas ainda em potencial desenvolvimento.

 

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