Breve Resenha histórica do surgimento da Psicologia
de Aprendizagem
Percurso
histórico da Psicologia de Aprendizagem, suas principais concepções antigas,
bem como as modernas, no contexto da psicologia de aprendizagem.
Desde a
antiguidade, filósofos e pensadores preocuparam-se nos factos de aprendizagem
do tipo “verbal” ou “ideativo”. A noção de aprender se confundia com a de
captar ideias, fixar seus nomes, retê-los e evocá-los, naquilo que
resumidamente significava conhecer e aprender.
Acredita-se, assim,
que a Psicologia de aprendizagem existe desde o início da existência do homem,
pois, sempre houve tentativa de compreender e interferir no comportamento
humano, através de marcas educativas. Desde tempos remotos, admite-se que cada
pai é, dum ou doutro modo, psicólogo empírico da educação.
Não é tarefa
fácil apresentar fielmente a história da Psicologia de aprendizagem, sobretudo
se tivermos que considerar que a própria Psicologia Geral foi, ao longo dos
tempos, como um ramo de Filosofia e, só recntemente (sec XIX) é que ganhou a
sua autonomia científica. Assim, alguns pensadores acham que esta história
ainda está se fazendo, ambora apresentem quatro etapas do seu percurso,
nomeadamente:
Raízes históricas:
remotam à antiga Grécia até a aproximadamente aos séculos XVIII e XIX, com
Herbart e Pestalozzi, que tanto falaram da necessidade duma boa selecção do
material escolar e dos conteúdos, para a acompanhar a aprendizagem.
O Começo: entre os anos
1880 à 1900, tempo em que produzem evoluções decisivas nesta área, destacando a
pessoa de Galton, que desenvolveu a Psicologia diferencial e realizou os
primeiros estudos com gémeos; Ebbinghaus, que estuda o controlo e a medida de
aprendizagem; Hall, que desenvolveu os primeiros estudos sobre a Psicologia da
Educação e de Desenvolvimento; Hopkins, que produz o primeiro livro com o
título Psicologia Educacional, em 1896. foi assim que psicólogos como Willim
James, Cattell, Binet, Dewey e outros começam os seus estudos nesta área.
A constituição formal, ou nascimento:
situada entre 1900 e 1918, destacando-se Thorndike e Jud. Thorndike foi o
primeiro a ser chamado “psicólogo de educação” e é considerado pai da
Psicologia Educacional, por ter se dedicado 40 anos à investigação e publicado
em 1903 estudos sobre transferência na aprendizagem, no seu livro sobre
Educational Psychology. No mesmo ano, Jud publica Genetic Psychology for
teachers, com impacto na prática educativa. Ele pretendia unir definitivamente
a Psicologia à Pedagogia. Houve outros estudiosos neste períodod como foi o
caso de Terman.
Fase de consolidação e desenvolvimento:
a partir de 1918 e continua para as décadas de 20 e 30, período em que surgem
muitas escolas da Psicologia, a destacar os behavioristas, gestaltistas e
humanistas.
A partir da
década 40, assiste-se uma quebra das pesquisas e desenvolvimento da Psicologia
da educação, pela dificuldade de determinar o seu campo específico. Mas, a
partir das décadas de 50 e 60, a Psicologia refloresce, esta ganha o seu
privilégio no quadro das ciências sociais, graças ao surgimento da Psicologia
Cognitiva e experimental dentro do behaviorismo.
Principais concepções na antiguidade
Sócrates: o conhecimento
preexiste no espírito do homem. A aprendizagem consiste no despertar esses
conhecimentos inatos e adormecidos.
Para ele, o
método de “maiêutica” ou partejamento das ideias, é que disciplinaria o
espírito e revelaria as verdades universais.
Platão: formulou uma
teoria dualista, que separava o corpo da alma (coisas das ideias). Para ele, a
alma guarda as lembranças contempladas na encarnação anterior que, pela
percepção, voltam à consciência. Assim, a aprendizagem, nada mais é do que uma
reminiscência.ĺ
Aristóteles:
ensina que todo o conhecimento começa pelos sentidos, rejeitando a
preexistência das ideias em nosso espírito. Utilizou o métodod dedutivo,
caracterísitico do seu sistema lógico, e o método indutivo, aplicando-o em suas
observações, experiências e hipóteses.
Combatendo a
preexistência, formulou a célebre afirmação de que “nada está na inteligência
que não tenha primeiro estado nos sentidos”
Santo Agostinho:
Adoptou a intropecção, para registar suas próprias experiências mentais e,
esposou à teoria das faculdades mentais.
São Tomás de Aquino:
distinguiu as verdades científicas, baseadas na pesquisa e experimentação, das
verdades religiosas, baseadas na autoridade divina. Para ele, o principal
agente da aprendizagem é a actividade de quem aprende.
Considerava a
aprendizagem como um produto inteligente dinâmico e auto-activo.
Contribuições modernas
Alguns pioneiros
que lançaram os fundamentos da ciência moderna, voltaram a usar o método
indutivo de Aristóteles, exigindo as provas experimentais e a evidência
empírica, para justificar as generalidade entre o homem e a natureza.
Baccon,
Descartes e Locke, propagaram uma nova fé no conhecimento, baseado no
senso-percepçao e no raciocínio lógico.
O Método
científico de análise e predicção de eventos estabeleceu-se requerendo a
observação e a experimentação, como também a medida e a classificação da
experiência.
Objecto da Psicologia de Aprendizagem
Para que se apresente e se explicite simples e claramente o
objecto de estudo da Psicologia de aprendizagem, é fundamental que se saiba
conceituar o termo “Aprendizagem”, bem como a própria Psicologia de
aprendizagem.
Entende-se
por aprendizagem a modificação progressiva do comportamento que está ligada de
um lado a sucessivas apresentações de uma situação e de outro a repetidos
esforços dos indivíduos para enfrentá-la de maneira eficiente.
É,
também, modificação na disposição ou na capacidade do Homem, modificação esta
que pode ser anulada e que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de
crescimento. Do ponto de vista funcional, é a modificação sistemática do
comportamento em caso de repetição da mesma situação estimulante ou na
dependência da experiência anterior com dada situação.
Aprendizagem
é um processo inseparável do ser humano e ocorre quando há uma modificação no
comportamento, mediante a experiência ou a prática, que não podem ser
atribuídas à maturação, lesões ou alterações fisiológicas do organismo.
A
aprendizagem não pode ser atribuída a maturação quando por norma todos os
indivíduos devem passar pelo mesmo processo.
Muitos
comportamentos demonstrados pelo Homem são resultado da experiencia, mas nem todos
porque existem comportamentos que são resultado da maturação e crescimento
orgânico portanto estes não constituem aprendizagem. São exemplos a respiração,
a digestão, a salivação, etc.
A
aprendizagem é mudança do comportamento porque quando repetimos comportamentos
já realizados anteriormente já não estamos aprendendo.
Tanto
a maturação assim como a aprendizagem necessitam de estimulação ambiental,
sendo que a maturação ocorre de dentro para fora e precede a aprendizagem
porque sem o mínimo acabamento biológico, o treino ou a experiência não
encontram campo para ocorrer e produzir efeitos desejados mas, quando ocorre a
maturação haverá condições para melhores e novas aprendizagens.
Na
maturação, o estímulo vai actualizar as potencialidades da espécie e na
aprendizagem o estímulo vai produzir um comportamento individualizado do
sujeito que aprende.
Não
podemos atribuir a aprendizagem às lesões ou alterações fisiológicas porque
quando alguém faz esforço de usar a mão esquerda por ter sido amputado a mão direita,
não há aprendizagem mas sim alternativa.
A
aprendizagem é aquela que uma pessoa monitora a outra que aprende e há métodos
científicos e ganho cognitivo.
A aprendizagem é o processo de apropriação activa da
experiência humana; daquilo que foi construído socialmente pelo colectivo. Sua
condição fundamental é a relação interpessoal. É a mudança no comportamento de
um organismo, que resulta de uma interacção com o meio e se traduz em aumento
do seu repertório de conhecimento
Por seu turno, a Psicologia de Aprendizagem, embora
não exista única definição, concebe-se como um ramo da Psicologia que se
preocupa em compreender como é que o ambiente e o contexto de instrução, bem
como as características do aluno ou estudante interagem de forma a produzir crescimento
cognitivo de quem aprende.
A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo
processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes numa
sociedade são apropriados pela criança. Para que se possa entender esse
processo é necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem. Como já foi
dito, as operações cognitivas (aquelas envolvidas no processo de conhecer) são
sempre activamente construídas na interacção com outros indivíduos.
Depois de percebidas as definições de
aprendizagem e da Psicologia de Aprendizagem, compreende-se categoricamente que
o objecto do estudo desta área de saber
é o processo de organização das informações e de
integração do material à estrutura cognitiva.
Simplesmente, considera-se que o seu objecto de estudo
é o homem, na sua permanente evolução biológica e psicológica, concretamente o
“como aprende”.
A Psicologia de aprendizagem e actividade do
Educador
Na lição anterior, foi perceptível que o
objecto do estudo da Psicologia de Aprendizagem é o processo de organização das informações e de
integração do material à estrutura cognitiva. Ou seja, de forma simples, o seu
objecto de estudo é o homem, na sua permanente evolução biológica e
psicológica, concretamente o “como aprende”.
Assim, a percepção da relação entre a Psicologia de
Aprendizagem e a actividade do Educador, passa necessariamente por perceber a
importância tanto da Aprendizagem, quanto da Psicologia de Aprendizagem no
contexto educacional.
Na vida humana, a aprendizagem se inicia com o, ou até
antes do nascimento e se prolonga até a morte, embora exista aprendizagem inata
e adquirida, dirigida e não dirigida.
Através da aprendizagem, o homem melhora as suas
realizações nas tarefas manuais e/ou intelectuais. Aprende a conhecer a natureza
e a compreender seus companheiros.
Cada indivíduo é o que é, em grande extensão pelo que
aprendeu e ainda pelos modos segundo os quais, em novas emergências de
ajustamento, poderá aprender, integrando seu comportamento e experiências em
novos padrões.
A aprendizagem é um processo fundamental da vida. Todo
o indivíduo aprende e, através da aprendizagem desenvolve os comportamentos que
o possibilitam viver.
A aprendizagem é um processo tão importante para o
sucesso da sobrevivência do homem e, foram organizados meios educacionais e
escolas para tornarem a aprendizagem mais eficiente, pois, muitas das
habilidades não podem nem são aprendidas naturalmente.
O estudo da aprendizagem, sua natureza, suas
características e factores que nela influenciam, constitui um dos problemas
mais importantes para a Psicologia e para o educador, seja ele pai, professor,
orientador, ou administrador de instituições educativas.
Explica os mecanismos da aprendizagem e esclarece a
maneira pela qual o ser humano se desenvolve, toma conhecimento do mundo em que
vive, organiza a sua conduta e se ajusta ao meio físico e social.
Na teoria e na prática educativas, a Psicologia de
Aprendizagem contribui/influencia na escolha de métodos didácticos; para a
organização dos programas e currículos e, até a formulação dos objectivos.
O Educador, aplica a Psicologia de Aprendizagem no
ensino e na sala de aulas, bem como na escola, motivando ou melhorando a
aprendizagem. Identifica condições condutoras à aprendizagem e como a forma de
ensinar pode incentivar a aprendizagem eficaz.
A Psicologia de Aprendizagem fornece aos professores
/educadores informações sobre o comportamento de aprendizagem dos indivíduos em
vários contextos. Contribui para a educação, em função da avaliação e medida.
Por tanto, a Psicologia de Aprendizagem contribui
imensamente para que o educador, de qualquer que seja a natureza, conheça
perfeitamente o seu educando, os conteúdos por transmitir, bem assim, como vai
transmitir. Permite, assim, que desempenhe eficaz e eficientemente a sua
actividade de educador.
Relação entre a psicologia de aprendizagem e outras
ciências.
A
Psicologia de Aprendizagem relaciona-se com todas as outras áreas de saber
humano. Essa relação reside essencialmente na identificação e fornecimento de condições
e ambientes próprios para que a aprendizagem de qualquer área de estudos se
materialize eficaz e eficientemente.
Há
que destacar a relação quase que natural e indiscutível que a Psicologia de
Aprendizagem desencadeia com a Psicologia de Desenvolvimento. A tendência
actual da Psicologia de Desenvolvimento é considerar o desenvolvimento como um
processo intrinsecamente ligado às experiências com o mundo e ocorrendo em
determinadas condições sócio-culturais.
Para
Piaget, a aprendizagem está subordinada
ao desenvolvimento, ou seja, as leis da aprendizagem estão subordinadas às do
desenvolvimento e à evolução das estruturas lógico-matemáticas e não o inverso.
A possibilidade de um sujeito beneficiar-se de uma experiência de aprendizagem
depende dos constrangimentos gerais do estádio de desenvolvimento e do facto
desta experiência ter provocado um conflito obrigando, assim, a uma restruturação.
Estes
conhecimentos nos condicionam à percepção de que é quase impossível separar a
aprendizagem do desenvolvimento porque à medida que o ser humano se desenvolve,
vai acumulando diversas experiências e reformula conhecimentos.
Para
Vygotsky, a aprendizagem é
constituinte do desenvolvimento. O desenvolvimento psicológico é encarado como
consequência da aprendizagem e educação.
Os
processos de desenvolvimento não coincidem com os da aprendizagem, mas têm uma
relação dialéctica. Determinados fenómenos educacionais só têm sentido em
função do desenvolvimento do indivíduo; e os progressos gerados nas situações
interactivas ao nível do desenvolvimento, não são acabados, mas ainda em
potencial desenvolvimento.
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