terça-feira, 17 de maio de 2022

Breve Resenha histórica do surgimento da Psicologia de Aprendizagem

 

Breve Resenha histórica do surgimento da Psicologia de Aprendizagem

Percurso histórico da Psicologia de Aprendizagem, suas principais concepções antigas, bem como as modernas, no contexto da psicologia de aprendizagem.

Desde a antiguidade, filósofos e pensadores preocuparam-se nos factos de aprendizagem do tipo “verbal” ou “ideativo”. A noção de aprender se confundia com a de captar ideias, fixar seus nomes, retê-los e evocá-los, naquilo que resumidamente significava conhecer e aprender.

Acredita-se, assim, que a Psicologia de aprendizagem existe desde o início da existência do homem, pois, sempre houve tentativa de compreender e interferir no comportamento humano, através de marcas educativas. Desde tempos remotos, admite-se que cada pai é, dum ou doutro modo, psicólogo empírico da educação.

Não é tarefa fácil apresentar fielmente a história da Psicologia de aprendizagem, sobretudo se tivermos que considerar que a própria Psicologia Geral foi, ao longo dos tempos, como um ramo de Filosofia e, só recntemente (sec XIX) é que ganhou a sua autonomia científica. Assim, alguns pensadores acham que esta história ainda está se fazendo, ambora apresentem quatro etapas do seu percurso, nomeadamente:

Raízes históricas: remotam à antiga Grécia até a aproximadamente aos séculos XVIII e XIX, com Herbart e Pestalozzi, que tanto falaram da necessidade duma boa selecção do material escolar e dos conteúdos, para a acompanhar a aprendizagem.

O Começo: entre os anos 1880 à 1900, tempo em que produzem evoluções decisivas nesta área, destacando a pessoa de Galton, que desenvolveu a Psicologia diferencial e realizou os primeiros estudos com gémeos; Ebbinghaus, que estuda o controlo e a medida de aprendizagem; Hall, que desenvolveu os primeiros estudos sobre a Psicologia da Educação e de Desenvolvimento; Hopkins, que produz o primeiro livro com o título Psicologia Educacional, em 1896. foi assim que psicólogos como Willim James, Cattell, Binet, Dewey e outros começam os seus estudos nesta área.

A constituição formal, ou nascimento: situada entre 1900 e 1918, destacando-se Thorndike e Jud. Thorndike foi o primeiro a ser chamado “psicólogo de educação” e é considerado pai da Psicologia Educacional, por ter se dedicado 40 anos à investigação e publicado em 1903 estudos sobre transferência na aprendizagem, no seu livro sobre Educational Psychology. No mesmo ano, Jud publica Genetic Psychology for teachers, com impacto na prática educativa. Ele pretendia unir definitivamente a Psicologia à Pedagogia. Houve outros estudiosos neste períodod como foi o caso de Terman.

Fase de consolidação e desenvolvimento: a partir de 1918 e continua para as décadas de 20 e 30, período em que surgem muitas escolas da Psicologia, a destacar os behavioristas, gestaltistas e humanistas.

A partir da década 40, assiste-se uma quebra das pesquisas e desenvolvimento da Psicologia da educação, pela dificuldade de determinar o seu campo específico. Mas, a partir das décadas de 50 e 60, a Psicologia refloresce, esta ganha o seu privilégio no quadro das ciências sociais, graças ao surgimento da Psicologia Cognitiva e experimental dentro do behaviorismo.

Principais concepções na antiguidade

Sócrates: o conhecimento preexiste no espírito do homem. A aprendizagem consiste no despertar esses conhecimentos inatos e adormecidos.

Para ele, o método de “maiêutica” ou partejamento das ideias, é que disciplinaria o espírito e revelaria as verdades universais.

Platão: formulou uma teoria dualista, que separava o corpo da alma (coisas das ideias). Para ele, a alma guarda as lembranças contempladas na encarnação anterior que, pela percepção, voltam à consciência. Assim, a aprendizagem, nada mais é do que uma reminiscência.ĺ

Aristóteles: ensina que todo o conhecimento começa pelos sentidos, rejeitando a preexistência das ideias em nosso espírito. Utilizou o métodod dedutivo, caracterísitico do seu sistema lógico, e o método indutivo, aplicando-o em suas observações, experiências e hipóteses.

Combatendo a preexistência, formulou a célebre afirmação de que “nada está na inteligência que não tenha primeiro estado nos sentidos”

Santo Agostinho: Adoptou a intropecção, para registar suas próprias experiências mentais e, esposou à teoria das faculdades mentais.

São Tomás de Aquino: distinguiu as verdades científicas, baseadas na pesquisa e experimentação, das verdades religiosas, baseadas na autoridade divina. Para ele, o principal agente da aprendizagem é a actividade de quem aprende.

Considerava a aprendizagem como um produto inteligente dinâmico e auto-activo.

Contribuições modernas

Alguns pioneiros que lançaram os fundamentos da ciência moderna, voltaram a usar o método indutivo de Aristóteles, exigindo as provas experimentais e a evidência empírica, para justificar as generalidade entre o homem e a natureza.

Baccon, Descartes e Locke, propagaram uma nova fé no conhecimento, baseado no senso-percepçao e no raciocínio lógico.

O Método científico de análise e predicção de eventos estabeleceu-se requerendo a observação e a experimentação, como também a medida e a classificação da experiência.

 

 

 

 

Objecto da Psicologia de Aprendizagem

Para que se apresente e se explicite simples e claramente o objecto de estudo da Psicologia de aprendizagem, é fundamental que se saiba conceituar o termo “Aprendizagem”, bem como a própria Psicologia de aprendizagem.

Entende-se por aprendizagem a modificação progressiva do comportamento que está ligada de um lado a sucessivas apresentações de uma situação e de outro a repetidos esforços dos indivíduos para enfrentá-la de maneira eficiente.

É, também, modificação na disposição ou na capacidade do Homem, modificação esta que pode ser anulada e que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento. Do ponto de vista funcional, é a modificação sistemática do comportamento em caso de repetição da mesma situação estimulante ou na dependência da experiência anterior com dada situação.

Aprendizagem é um processo inseparável do ser humano e ocorre quando há uma modificação no comportamento, mediante a experiência ou a prática, que não podem ser atribuídas à maturação, lesões ou alterações fisiológicas do organismo.

A aprendizagem não pode ser atribuída a maturação quando por norma todos os indivíduos devem passar pelo mesmo processo.

Muitos comportamentos demonstrados pelo Homem são resultado da experiencia, mas nem todos porque existem comportamentos que são resultado da maturação e crescimento orgânico portanto estes não constituem aprendizagem. São exemplos a respiração, a digestão, a salivação, etc.

A aprendizagem é mudança do comportamento porque quando repetimos comportamentos já realizados anteriormente já não estamos aprendendo.

Tanto a maturação assim como a aprendizagem necessitam de estimulação ambiental, sendo que a maturação ocorre de dentro para fora e precede a aprendizagem porque sem o mínimo acabamento biológico, o treino ou a experiência não encontram campo para ocorrer e produzir efeitos desejados mas, quando ocorre a maturação haverá condições para melhores e novas aprendizagens.

Na maturação, o estímulo vai actualizar as potencialidades da espécie e na aprendizagem o estímulo vai produzir um comportamento individualizado do sujeito que aprende.

Não podemos atribuir a aprendizagem às lesões ou alterações fisiológicas porque quando alguém faz esforço de usar a mão esquerda por ter sido amputado a mão direita, não há aprendizagem mas sim alternativa.

A aprendizagem é aquela que uma pessoa monitora a outra que aprende e há métodos científicos e ganho cognitivo.

A aprendizagem é o processo de apropriação activa da experiência humana; daquilo que foi construído socialmente pelo colectivo. Sua condição fundamental é a relação interpessoal. É a mudança no comportamento de um organismo, que resulta de uma interacção com o meio e se traduz em aumento do seu repertório de conhecimento

Por seu turno, a Psicologia de Aprendizagem, embora não exista única definição, concebe-se como um ramo da Psicologia que se preocupa em compreender como é que o ambiente e o contexto de instrução, bem como as características do aluno ou estudante interagem de forma a produzir crescimento cognitivo de quem aprende.

A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são apropriados pela criança. Para que se possa entender esse processo é necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem. Como já foi dito, as operações cognitivas (aquelas envolvidas no processo de conhecer) são sempre activamente construídas na interacção com outros indivíduos.

Depois de percebidas as definições de aprendizagem e da Psicologia de Aprendizagem, compreende-se categoricamente que o objecto do estudo desta área de saber é o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva.

Simplesmente, considera-se que o seu objecto de estudo é o homem, na sua permanente evolução biológica e psicológica, concretamente o “como aprende”.

 

A Psicologia de aprendizagem e actividade do Educador

Na lição anterior, foi perceptível que o objecto do estudo da Psicologia de Aprendizagem é o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva. Ou seja, de forma simples, o seu objecto de estudo é o homem, na sua permanente evolução biológica e psicológica, concretamente o “como aprende”.

Assim, a percepção da relação entre a Psicologia de Aprendizagem e a actividade do Educador, passa necessariamente por perceber a importância tanto da Aprendizagem, quanto da Psicologia de Aprendizagem no contexto educacional.

Na vida humana, a aprendizagem se inicia com o, ou até antes do nascimento e se prolonga até a morte, embora exista aprendizagem inata e adquirida, dirigida e não dirigida.

Através da aprendizagem, o homem melhora as suas realizações nas tarefas manuais e/ou intelectuais. Aprende a conhecer a natureza e a compreender seus companheiros.

Cada indivíduo é o que é, em grande extensão pelo que aprendeu e ainda pelos modos segundo os quais, em novas emergências de ajustamento, poderá aprender, integrando seu comportamento e experiências em novos padrões.

A aprendizagem é um processo fundamental da vida. Todo o indivíduo aprende e, através da aprendizagem desenvolve os comportamentos que o possibilitam viver.

A aprendizagem é um processo tão importante para o sucesso da sobrevivência do homem e, foram organizados meios educacionais e escolas para tornarem a aprendizagem mais eficiente, pois, muitas das habilidades não podem nem são aprendidas naturalmente.

O estudo da aprendizagem, sua natureza, suas características e factores que nela influenciam, constitui um dos problemas mais importantes para a Psicologia e para o educador, seja ele pai, professor, orientador, ou administrador de instituições educativas.

Explica os mecanismos da aprendizagem e esclarece a maneira pela qual o ser humano se desenvolve, toma conhecimento do mundo em que vive, organiza a sua conduta e se ajusta ao meio físico e social.

Na teoria e na prática educativas, a Psicologia de Aprendizagem contribui/influencia na escolha de métodos didácticos; para a organização dos programas e currículos e, até a formulação dos objectivos.

O Educador, aplica a Psicologia de Aprendizagem no ensino e na sala de aulas, bem como na escola, motivando ou melhorando a aprendizagem. Identifica condições condutoras à aprendizagem e como a forma de ensinar pode incentivar a aprendizagem eficaz.

A Psicologia de Aprendizagem fornece aos professores /educadores informações sobre o comportamento de aprendizagem dos indivíduos em vários contextos. Contribui para a educação, em função da avaliação e medida.

Por tanto, a Psicologia de Aprendizagem contribui imensamente para que o educador, de qualquer que seja a natureza, conheça perfeitamente o seu educando, os conteúdos por transmitir, bem assim, como vai transmitir. Permite, assim, que desempenhe eficaz e eficientemente a sua actividade de educador.

 

Relação entre a psicologia de aprendizagem e outras ciências.

A Psicologia de Aprendizagem relaciona-se com todas as outras áreas de saber humano. Essa relação reside essencialmente na identificação e fornecimento de condições e ambientes próprios para que a aprendizagem de qualquer área de estudos se materialize eficaz e eficientemente.

Há que destacar a relação quase que natural e indiscutível que a Psicologia de Aprendizagem desencadeia com a Psicologia de Desenvolvimento. A tendência actual da Psicologia de Desenvolvimento é considerar o desenvolvimento como um processo intrinsecamente ligado às experiências com o mundo e ocorrendo em determinadas condições sócio-culturais.

Para Piaget, a aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento, ou seja, as leis da aprendizagem estão subordinadas às do desenvolvimento e à evolução das estruturas lógico-matemáticas e não o inverso. A possibilidade de um sujeito beneficiar-se de uma experiência de aprendizagem depende dos constrangimentos gerais do estádio de desenvolvimento e do facto desta experiência ter provocado um conflito obrigando, assim, a uma restruturação.

Estes conhecimentos nos condicionam à percepção de que é quase impossível separar a aprendizagem do desenvolvimento porque à medida que o ser humano se desenvolve, vai acumulando diversas experiências e reformula conhecimentos.

Para Vygotsky, a aprendizagem é constituinte do desenvolvimento. O desenvolvimento psicológico é encarado como consequência da aprendizagem e educação.

Os processos de desenvolvimento não coincidem com os da aprendizagem, mas têm uma relação dialéctica. Determinados fenómenos educacionais só têm sentido em função do desenvolvimento do indivíduo; e os progressos gerados nas situações interactivas ao nível do desenvolvimento, não são acabados, mas ainda em potencial desenvolvimento.

 

TEXTE UP MAXIXE

 

Exercício 1

1- Sobre a realidade sociocultural é possível assumir-se uma atitude científica e/ou do senso comum. Indique o tipo de atitude subjacente às seguintes afirmações:

a) A morte é uma maldição divina.

R: é uma atitude do Senso comum.

b) A morte está relacionada com os ciclos biológicos do Homem.

R: é uma atitude científica.

c) A proliferação das drogas deve-se a razões de índole económica, social e política.

R: é uma atitude científica.

d) A droga é censurável.

R: é uma atitude científica

e) O lucro é um roubo.

R: é uma atitude do senso comum.

f) O lucro resulta da actividade económica capitalista.

R: é uma atitude científica.

 

 

 

2- Disserte sobre as seguintes asserções:

 

a)      Nenhuma ciência pode afirmar-se como tal, enquanto estiver coroada de fundamentos estereotípicos e do senso comum.

R: A ciência distingue-se do senso comum pois que, a primeira estuda a realidade de forma objectiva, procurando conhecer ou estabelecer leis e relações entre os factos, é metódica, sendo o seu principal método é a experimentação, que se baseia em provas e factos. Seguindo todos processos abordar-se-á como ciência afastando-se de todos os preconceitos.

b)      As ciências são neutras, os cientistas não o são.

 

R: As ciências são neutras porque pode ser usadas para o bem e também para mal, por serem caracterizados em um juízo universal e objectiva. Os cientistas não o são neutros porque, eles reflectem as contradições das sociedades que as degenera.  

 

3- Com base nos dicionários de Sociologia e/ou de Filosofia consolide os seguintes conceitos: estereótipo, objectividade, senso comum, ideologia, relativismo cultural.

 

R: jobjectividade. 

 

a)      Quais os princípios do método antropológico?

 

 

R; Martinis (1999:30-31) fala-nos de quatro princípios que regem os métodos antropológicos, designadamente:

 

ü  O princípio holístico: (do grego Holismo = global, total, abrangente, completo); por meio deste princípio, a Antropologia examina qualquer temática na perspectiva da globalidade humana, olhando para a humanidade como um todo. Nesse sentido, a Antropologia é a ciência coordenadora do ser humano, já que contrariamente às outras ciências que estudam o Homem numa perspectiva particular, esta disciplina procura compreender a complexidade do Homem, estudando-o como um todo, isto é, cada uma das características do Homem, os elementos comuns e diferentes entre os seres humanos, os seres humanos de todos os tempos e lugares, a sua religiosidade, os seus aspectos físicos, a sua história, a sua cultura, etc., integrando as diversas visões científicas do que o ser humano significa.

ü  O princípio histórico: visto que as culturas não são estáticas, elas têm um carácter mutável e dinâmico, daí a pertinência de estudar as culturas e a história dos povos para permitir ao máximo a colecta de informações sobre os contactos entre povos, compreendendo melhor a sua evolução ao longo do tempo. Este princípio ajuda no conhecimento dos processos e instituições das civilizações do passado, buscando explicar as origens da vida e dos comportamentos actuais.

ü  O princípio comparativo: não se pode compreender bem um fenómeno ou facto senão por comparação com outros fenómenos ou factos. Os sistemas culturais são tão variados que exigem para a sua compreensão uma análise comparativa que forneça elementos precisos para o estudo da sua variação no tempo e no espaço. Há autores que consideram que este é o único método verdadeiramente antropológico, pois apenas por comparações é possível apurar e esclarecer conceitos fundamentais de uma cultura.

 

ü  O princípio da interdisciplinaridade: o método antropológico é interdisciplinar na medida em que se serve das técnicas de pesquisa fornecidas por outras disciplinas, pois a complexidade do social exige, no seu estudo, o recurso à acção conjunta entre as várias ciências sociais, sob pena de corremos o risco de obter informações desligadas da realidade social, caso insistamos em abordar as questões numa óptica científica.

 

 

 

b) Discuta sobre a pertinência da leccionação da disciplina de no seu curso.

 R: Antropologia é indispensável e pertinente no meu curso de ensino de filosofia porque segundo a filosofia é um saber absoluto para além disso, estuda ela estuda a totalidade que rodeia o homem. Portanto, sendo homem que inventa antropologia segundo feuerbach este saber não fica distante dos problemas cultural do homem numa determinada sociedade. E como estudante desta área sou obrigado a entender os problemas antropológicos e culturais do homem.

 

Exercício 2

1-Tendo em conta a expressão “ Não há culturas superiores nem culturas inferiores.

 

a)      Diga duas vantagens e duas desvantagens do etnocentrismo.

R: As vantagens de etnocentrismo são: proteger a cultura da invasão de outras culturas. Permite valorizar os aspectos do interior de uma cultura e suas desvantagens são: dificultar o desenvolvimento do diálogo intercultural e abre espaço para conflitos étnicos, religiosos e raciais entre os povos.

 

 

b)     Dê a noção de cultura.

R: A cultura é um legado colectivo que o indivíduo adquire do seu grupo; modo de vida global de um povo; um mecanismo para a regulamentação normativa do comportamento, conjunto de significados e valores partilhados e aceites por uma comunidade; etc.

c)      Porque se pode afirmar que “todo o comportamento humano tem um significado cultural”?

R: o comportamento humano aparece com um significado cultural porque constitui uma lei, norma numa sociedade e que se transmite em uma geração para outra que seja entendido o processo da humanidade e os valores e costumes dos antepassados dentro da sociedade. 

d)     Quais os traços imateriais da cultura?

R: Os traços imateriais ou espirituais da cultura são as ideais, crenças, costumes, dogmas, hábitos, preceitos, religiões, tabus, rituais, valores, etc.

 

e) Explique a relação entre os traços materiais e imateriais da cultura?

 

R: A relação entre os traços materiais e imateriais da cultura é que os dois domínios apresentam aspectos simbólicos, que carregam a herança cultural de um determinado povo, ao longo tempo que promove sua identidade. 

 

 

 

nobra de Ludwing Wittguestein a sobre o Tratactus Logico Philosophicus

O presente trabalho visa fazer uma leitura, no prefácio da obra de Ludwing Wittguestein a sobre o Tratactus Logico Philosophicus de forma breve trazer as 7 preposições, subdivisões e atribuição de um título ao texto de Frege.

 As sete (7) proposições fundamentais que encontramos no Tratactus Philosophicus são:

·         O mundo é tudo o que ocorre.

·         O que ocorre, o fato, é o subsistir de estados de coisas.

·         Pensamento é a figuração lógica dos fatos.

·         O pensamento é a proposição significativa.

·         A proposição é uma função de verdade das proposições elementares.

·         A forma geral da função de verdade é [p, E, N(E)].

·         O que não se pode falar, deve-se calar.  

 

Ora, ao tentar dividir podemos notar, as sequentes proposições: as coisas, por si só, não têm sentido; para que algo possa ter significado aparece dentro de uma relação com outros objectos; A linguagem não é capaz de expressar o que está fora do seu limite, isto é, o que não é fato. Não há valor no mundo, porque tudo o que se encontra ali é casual; nenhum enunciado relativo a fatos pode expressar um valor absoluto; a imagem está tão ligada á realidade que a alcança.

 

O que titulo que eu proponho, ao texto de Frege é o sequente: Condições Lógicas do Pensamento e a Linguagem.

 

 

 

Referências bibliográficas: Wittguestein Ludwing.Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: Edusp, 2008.

Sobre o Sentido e a Referência”, de Friedrich Ludwig Gottlob Frege

 Sentido e referência

Ora, Segundo Frige, o pensamento não é um o ato subjectivo de pensar, mas seu conteúdo é objectivo, que pode ser a propriedade comum de muitos” indivíduos (o sentido). Se admitirmos que uma sentença tem uma referência, uma alteração de uma palavra da sentença por outra que tenha a mesma referência não deve alterar na referência da sentença. Por exemplo: quando nós afirmamos que O “Fósforo é corpo iluminando pelo sol" e “Véspera é corpo iluminado pelo sol” Estes pensamentos das duas sentenças são diferentes, pois têm como sujeito sinais que indicam modos de apresentação diferentes do mesmo objecto.           Mas a referência da sentença não muda, está claro que ela não é o pensamento; e, como o pensamento vária de acordo com o sentido que seus termos esta assumido, que ele deve ser considerado o sentido daquela sentença.

 

E, as sentenças que tem sinais que não têm referência, elas mesmas se tornam sem referência e, portando, delas nada pode ser afirmado ou negado. Por exemplo: “o coelho da Páscoa vive na Austrália”. Nessa sentença um de seus componentes, saber, “o coelho da Páscoa” porem, tem um sentido, mas nenhuma referência. Isso faz com que não possamos indicar a referência da sentença como um todo e, por via disso, não podemos afirmar que ela é verdadeira ou falsa, ou seja, se ela tem o falso ou o verdadeiro como valor de verdade.

Como o valor de verdade de uma sentença vária de acordo com a referência, dizemos que esse valor de verdade é a sua referência. Portanto, a referência de uma sentença só importa se estivermos investigando seu valor de verdade; e, por conseguinte, romances, peças etc. Não precisam se preocupar com a referência dos nomes próprios e sentenças que adoptam, pois têm outro objectivo que não a investigação da verdade.

Entretanto, Frege defende que “é verdadeiro” não é um predicado lógico, pois não acrescenta nada a um sujeito. Para Frige: “5 é um número primo” e “O pensamento de que 5 é um numero primo é verdadeiro” querem dizer exactamente a mesma coisa. Portanto, a relação de um pensamento com o verdadeiro não deve ser vista como a relação sujeito-predicado e sim como a relação entre sentido e referência.

 

Linguagem artificial científica

Frege nos propõe uma linguagem artificial científica um nome próprio que careça de referência, “pois não mais dependeria da verdade de um pensamento o fato de um nome próprio ter ou não uma referência”

Sentenças adjectivas - o seu sentido é encerrado por um adjectivo, pois na falta de um sujeito independente, não conseguimos expressar o seu sentido numa sentença independente e, portanto sua referência não é um valor de verdade. Assim vemos em: “a raiz quadrada de 4 que é menor do que 0” e “a raiz quadrada negativa de 4”.

Sentenças adverbiais de tempo e lugar são consideradas do mesmo modo que os nomes próprios e, por seu sentido não poder expresso por uma sentença independente, sua referência não é um valor de verdade nem seu sentido é um pensamento. Se tomarmos as frases “ele foi onde ela está” e “ele foi ali”, veremos que “onde ela está” não pode ser reproduzido em uma sentença independente, pode no máximo ser substituído por “ali”, que como não é um pensamento completo, não se refere a um valor de verdade.


VEJA O TRABALHO COMPLETO AQUI



Sobre o Sentido e a Referência”, de Friedrich Ludwig Gottlob Frege

Resumo

O trabalho presente visa trazer uma abordagem sobre as ideias principais de filosofia de linguagem na obra “Sobre o Sentido e a Referência”, de Friedrich Ludwig Gottlob Frege nascido em Alemanha, foi um grande matemático e filósofo da matemática dos séculos XIX e XX mas que fez grandes contribuições significativas ao nível da lógica e aos estudos da linguagem.

Sentido e referência

Ora, Segundo Frige, o pensamento não é um o ato subjectivo de pensar, mas seu conteúdo é objectivo, que pode ser a propriedade comum de muitos” indivíduos (o sentido). Se admitirmos que uma sentença tem uma referência, uma alteração de uma palavra da sentença por outra que tenha a mesma referência não deve alterar na referência da sentença. Por exemplo: quando nós afirmamos que O “Fósforo é corpo iluminando pelo sol" e “Véspera é corpo iluminado pelo sol” Estes pensamentos das duas sentenças são diferentes, pois têm como sujeito sinais que indicam modos de apresentação diferentes do mesmo objecto.           Mas a referência da sentença não muda, está claro que ela não é o pensamento; e, como o pensamento vária de acordo com o sentido que seus termos esta assumido, que ele deve ser considerado o sentido daquela sentença.

 

E, as sentenças que tem sinais que não têm referência, elas mesmas se tornam sem referência e, portando, delas nada pode ser afirmado ou negado. Por exemplo: “o coelho da Páscoa vive na Austrália”. Nessa sentença um de seus componentes, saber, “o coelho da Páscoa” porem, tem um sentido, mas nenhuma referência. Isso faz com que não possamos indicar a referência da sentença como um todo e, por via disso, não podemos afirmar que ela é verdadeira ou falsa, ou seja, se ela tem o falso ou o verdadeiro como valor de verdade.

Como o valor de verdade de uma sentença vária de acordo com a referência, dizemos que esse valor de verdade é a sua referência. Portanto, a referência de uma sentença só importa se estivermos investigando seu valor de verdade; e, por conseguinte, romances, peças etc. Não precisam se preocupar com a referência dos nomes próprios e sentenças que adoptam, pois têm outro objectivo que não a investigação da verdade.

Entretanto, Frege defende que “é verdadeiro” não é um predicado lógico, pois não acrescenta nada a um sujeito. Para Frige: “5 é um número primo” e “O pensamento de que 5 é um numero primo é verdadeiro” querem dizer exactamente a mesma coisa. Portanto, a relação de um pensamento com o verdadeiro não deve ser vista como a relação sujeito-predicado e sim como a relação entre sentido e referência.

 

Linguagem artificial científica

Frege nos propõe uma linguagem artificial científica um nome próprio que careça de referência, “pois não mais dependeria da verdade de um pensamento o fato de um nome próprio ter ou não uma referência”

Sentenças adjectivas - o seu sentido é encerrado por um adjectivo, pois na falta de um sujeito independente, não conseguimos expressar o seu sentido numa sentença independente e, portanto sua referência não é um valor de verdade. Assim vemos em: “a raiz quadrada de 4 que é menor do que 0” e “a raiz quadrada negativa de 4”.

Sentenças adverbiais de tempo e lugar são consideradas do mesmo modo que os nomes próprios e, por seu sentido não poder expresso por uma sentença independente, sua referência não é um valor de verdade nem seu sentido é um pensamento. Se tomarmos as frases “ele foi onde ela está” e “ele foi ali”, veremos que “onde ela está” não pode ser reproduzido em uma sentença independente, pode no máximo ser substituído por “ali”, que como não é um pensamento completo, não se refere a um valor de verdade.

Sentenças incondicionais

 (1) Quando indicamos indefinidamente um tempo por modificação no verbo; (2) quando usamos sentenças substantivas com ‘quem’ ou ‘que’; (3) quando usamos sentenças adverbiais com ‘onde’, ‘quando’, ‘onde quer que’, ‘sempre que’; (4) quando usamos sentenças adjectivas como condicionais. Exemplos desses quatro tipos são: (1) “Quando Adão se encontra na rua, ele bate nas pessoas”; (2) “Quem entra na chuva, se molha”; (3) “Sempre que isso ocorrer, devemos apertar o botão”; (4) “O quadrado de um numero que é menor que 1 e maior do que 0 é menor que 1 e maior que 0”.

 Frege passa a considera que as sentenças subordinadas, mas não sem antes dizer que excepções já são esperadas quando tratarmos do discurso directo e do discurso indirecto, pois que o primeiro se refere a uma (sentença) e o segundo a um pensamento (sentido).

 

Referências bibliográficas: Frege, Gottlob. Sobre o Sentido e a Referência. In: ALCOFORADO, Paulo org. e trad.1892.

 

 

16/06/2015 10:41

No final do séc. XV há uma penetração mercantil portuguesa, principalmente pela demanda de ouro destinado à aquisição das especiarias asiáticas. 

Inicialmente, os Portugueses fixaram-se no litoral onde construíram as fortalezas de Sofala (1505), Ilha de Moçambique(1507). Só mais tarde através de processos de conquistas militares apoiadas pelas actividades missionárias e de comerciantes, penetraram para o interior onde estabelecerem algumas feitorias como a de Sena (1530), Quelimane (1544).

O propósito, já não era o simples controlo do escoamento do ouro, mas sim de dominar o acesso às zonas produtoras do ouro. Esta fase da penetração mercantil é designada de fase de ouro. As outras duas últimas por fase de marfim e de escravos na medida em que os produtos mais procurados pelo mercantilismo eram exactamente o marfim e os escravos respectivamente.

O escoamento destes produtos acabou sendo efectivado através do sistema de Prazos do vale do Zambeze que teriam constituído a primeira forma de colonização portuguesa em Moçambique. Os prazos eram uma espécie de feudos de mercadores portugueses que tinham ocupado uma porção de terra doada, comprada ou conquistada.

A abolição do sistema prazeiro pelos decretos régios de 1832 e 1854 criou condições para a emergência dos Estados militares do vale do Zambeze que se dedicaram fundamental ao tráfego de escravos, mesmo após a abolição oficial da escravatura em 1836 e mais tarde em 1842.

No contexto moçambicano as populações macúa-lómué foram as mais sacrificadas pela escravatura. Muitos deles foram exportadas para as ilhas Mascarenhas, Madagáscar, Zanzibar, Golfo Pérsico, Brasil e Cuba. Até cerca de 1850, Cuba constituía o principal mercado de escravos Zambezianos.

Com o advento da conferência de Berlim (1884/1885), Portugal foi forçado a realizar a ocupação efectiva do território moçambicano. Dada a incapacidade militar e financeira portuguesa, a alternativa encontrada foi o arrendamento da soberania e poderes de várias extensões territoriais a companhias majestáticas e arrendatárias.

Companhia de Moçambique e a Companhia do Niassa são os exemplos típicos das companhias majestáticas. Companhia da Zambézia, Boror, Luabo, sociedade do Madal, Empresa agrícola do Lugela e a Sena Sugar Estates perfazem o exemplo des de companhias arrendatárias.

O sistema de companhias foi usado no Norte do rio Save. E, estas dedicaram-se principalmente a uma economia de plantações e um pouco do tráfego de mão de obra para alguns Países vizinhos. O Sul do Rio Save (províncias de Inhambane, Gaza e Maputo) ficaram sob administração directa do Estado colonial.

Nesta região do País foi desenvolvida basicamente uma economia de serviços assente na exportação da mão de obra para as minas sul-africanas e no transporte ferro-portuário via Porto de Maputo.Estada divisão económica regional explica a razão da actual simetria de desenvolvimento entre o Norte e o Sul do País.

A ocupação colonial não foi pacífica. Os moçambicanos impuseram sempre lutas de resistência com destaque para as resistências chefiadas por Mawewe, Muzila, Ngungunhane, Komala, Kuphula, Marave, Molid-Volay e Mataca. Na prática a chamada pacificação de Moçambique pelos portugueses só se deu no já no séc. XX.

 

 

 

 

 

 

O IMPERIALISMO FASE SUPERIOR DO CAPITALISMO

 

Ficha leitura

                       O IMPERIALISMO FASE SUPERIOR DO CAPITALISMO

 

 

Referências Bibliográficas:

  LENINI,Vladimir Ilitch. Imperialismo fase Superior do Capitalismo, parns Editora 5aed. 1917.

 

 




Breve Preâmbulo da obra

Este livrinho, como se disse no prefácio da edição russa, foi escrito em 1916 tendo em conta a censura tzarista. Actualmente é-me impossível refazer todo o texto, trabalho que, de resto, talvez fosse inútil, visto o principal objectivo do livro, hoje como ontem, consistir em mostrar, com a ajuda dos dados gerais, irrefutáveis, da estatística burguesa e das declarações dos homens de ciência burgueses de todos os países, um quadro de conjunto da economia mundial capitalista nas suas relações internacionais, nos princípios do século XX, em vésperas da primeira guerra imperialista mundial.

Até certo ponto será mesmo útil a muitos comunistas dos países capitalistas avançados persuadirem-se, com o exemplo deste livrinho, legal do ponto de vista da censura tzarista, de que é possível - e necessário - aproveitar mesmo os pequenos vestígios de legalidade que ainda lhes restam, por exemplo na América actual ou em França, depois das recentes prisões de quase todos os comunistas, para demonstrar toda a falsidade das concepções sociais-pacifistas e das suas esperanças numa - democracia mundial. Tentarei dar neste prefácio os complementos mais indispensáveis a este livro que em tempos passou pela censura.

 

 

A guerra de 1914-1918 foi, de ambos os lados, uma guerra imperialista (isto é, uma guerra de conquista, de pilhagem e de rapina), uma guerra pela partilha do mundo, pela divisão e redistribuição das colónias, das, esferas de influência, do capital financeiro, etc.

É que a prova do verdadeiro carácter social ou, melhor dizendo, do verdadeiro carácter de classe de uma guerra não se encontrará, naturalmente, na sua história diplomática, mas na

Análise da situação objectiva das classes dirigentes em todas as potências beligerantes. Para deflectir essa situação objectiva há que colher não exemplos e dados isolados (dada a infinita complexidade dos fenómenos da vida social, podem-se encontrar sempre os exemplos ou dados isolados que se queira susceptíveis de confirmar qualquer tese), mas sim, obrigatoriamente, todo o conjunto dos dados sobre os fundamentos da vida económica de todas as potências beligerantes e do mundo inteiro. (p.581)

 

A paz de Brest-Litovsk, ditada pela Alemanha monárquica, e depois a paz, muito mais brutal e infame, de Versalhes, ditada pelas repúblicas “democráticas” da América e da França e pela “livre” Inglaterra, prestaram um serviço extremamente útil à humanidade, desmascarando os coolies da pena a soldo do imperialismo do mesmo modo que os filisteus

Reaccionários que, embora dizendo-se pacifistas e socialistas, entoavam louvores ao “wilsonismo”e procuravam mostrarem que a paz e as reformas são possíveis sob o imperialismo.

 

Em Kautsky e em toda gente do seu género, tais concepções são precisamente a abjuração completa dos fundamentos revolucionário do marxismo que esse autor defendeu durante dezenas de anos, sobretudo, diga-se de passagem, em luta contra o oportunismo socialista (de Bernstein, Millerand, Hyndman, Gompers, etc.). Por isso não é obra do acaso que os “kautskistas” de todo o mundo se tenham unido hoje, no terreno da política prática, aos oportunistas extremos (através da II Internacional, ou Internacional. amarelo e aos governos burgueses (através dos governos de coligação burgueses com participação de socialistas).

O movimento proletário revolucionário em geral e o movimento comunista em particular, que crescem em todo o mundo, não podem dispensar a análise e o desmascaramento dos erros teóricos do “kautskismo”. Isto é tanto mais necessário quanto o pacifismo e a “democracia” em geral - que não têm as mínimas pretensões de marxismo, mas que, exactamente como Kautsky e C.ª, dissimulam a profundidade das contradições do imperialismo e a inelutabilidade da crise revolucionária que este engendra - são correntes que ainda se encontram extraordinariamente espalhadas em todo o mundo. A luta contra tais tendências é obrigatória para o partido do proletariado, que deve arrancar à burguesia os pequenos proprietários que ela engana e os milhões de trabalhadores cujas condições de vida são mais ou menos pequeno-burguesas.

 

A história da concentração do monopólio

 Há meio século, quando Marx escreveu O Capital, a livre concorrência era, para a maior parte dos economistas, uma “lei natural”. A ciência oficial procurou aniquilar, por meio da conspiração do silêncio, a obra de Marx, que tinha demonstrado, com uma análise teórica e histórica do capitalismo, que a livre concorrência gera a concentração da produção, e que a referida concentração, num certo grau do seu desenvolvimento, conduz ao monopólio. Agora o monopólio é um fato. Os economistas publicam montanhas de livros em que descrevem as diferentes manifestações do monopólio e continuam a declarar em coro que o marxismo foi refutado. Mas os fatos são teimosos - como afirma o provérbio inglês - e de bom ou mau grado há que tê-los em conta. Os fatos demonstram que as diferenças entre os diversos países capitalistas, por exemplo no que se refere ao proteccionismo ou ao livre-câmbio, trazem consigo apenas diferenças não essenciais quanto à forma dos monopólios ou ao momento do seu aparecimento, mas que o aparecimento do monopólio devido à concentração da produção é uma lei geral e fundamental da presente fase de desenvolvimento do capitalismo. No que se refere à Europa, pode-se fixar com bastante exactidão o momento em que o novo capitalismo veio substituir definitivamente o velho: em

Princípios do século XX. Num dos trabalhos de compilação mais recentes sobre a história da “formação dos monopólios” lemos:

“Podem-se citar alguns exemplos de monopólios capitalistas da época anterior a 1860; podem-se descobrir aí os germes das formas que são tão correntes na actualidade; mas tudo isso constitui indiscutivelmente a época pré-histórica dos cartéis. O verdadeiro começo dos monopólios contemporâneos encontramo-lo, no máximo, na década de 1860. O primeiro grande período de desenvolvimento dos monopólios começa com a depressão internacional da indústria na década de 1870 e prolonga-se até princípios da última década do século.” “Se examinarmos a questão no que se refere à Europa, a livre concorrência alcança o ponto culminante de desenvolvimento nos anos de 60 a 70. Por essa altura, a Inglaterra acabava de erguer a sua organização capitalista do velho estilo. Na Alemanha, esta organização iniciava uma luta decidida contra a indústria artesanal e doméstica e começava a criar as suas próprias formas de existência.”

“Inicia-se uma transformação profunda com o craque de 1873, ou, mais exactamente, com a depressão que se lhe seguiu e que - com uma pausa quase imperceptível em princípios da década de 1880 e com um ascenso extraordinariamente vigoroso, mas breve, por volta de 1889 - abarca vinte e dois anos da história económica da Europa.” “Durante o breve período de ascenso de 1889 e 1890 foram utilizados em grande escala os cartéis para aproveitar a conjuntura. Uma política irreflectida elevava os preços ainda com maior rapidez e em maiores proporções do que teria acontecido sem os cartéis, e quase todos esses cartéis pereceram ingloriamente, enterrados ‘na fossa do craque’. Decorrem outros cinco anos de maus negócios e preços baixos, mas já não reinava na indústria o estado de espírito anterior: a depressão não era já considerada uma coisa natural, mas, simplesmente, uma pausa antes de uma nova conjuntura favorável. ( p.586 )

O papel dos novos bancos

A operação fundamental e inicial que os bancos realizam é a de intermediários nos pagamentos. É assim que eles convertem o capital-dinheiro inativo em capital ativo, isto é, em capital que rende lucro; reúnem toda a espécie de rendimentos em dinheiro e colocam-nos à disposição da classe capitalista.

À medida que vão aumentando as operações bancárias e se concentram num número reduzido de estabelecimentos, os bancos convertem-se, de modestos intermediários que eram antes, em monopolistas onipotentes, que dispõem de quase todo o capital-dinheiro do conjunto dos capitalistas e pequenos patrões, bem como da maior parte dos meios de produção e das fontes de matérias-primas de um ou de muitos países. Esta transformação dos numerosos modestos intermediários num punhado de monopolistas constitui um dos processos fundamentais da transformação do capitalismo em imperialismo capitalista, e por isso devemos deter-nos, em primeiro lugar, na concentração bancária.

 

Se os lucros do capital financeiro são desmedidos durante os períodos de ascenso industrial, durante os períodos de depressão arruinam-se as pequenas empresas e as empresas pouco fortes, enquanto os grandes bancos "participam" na aquisição das mesmas a baixo preço, ou no seu lucrativo "saneamento" e " reorganização". Ao efectuar-se o "saneamento" das empresas deficitárias, "o capital em acções sofre uma baixa, isto é, os lucros são distribuídos sobre um capital menor, e calculam-se depois com base nesse capital. Ou, se a rendibilidade fica reduzida a zero, incorpora-se novo capital que, ao unir-se com o capital velho, menos lucrativo, produz já um lucro suficiente. Convém dizer - acrescenta Hilferding - que todos esses saneamentos e reorganizações têm uma dupla importância para os bancos: primeiro como operação lucrativa, e segundo como ocasião propícia para colocar sob a sua dependência essas sociedades necessitadas".

Eis um exemplo: o da sociedade anónima mineira Union, de Dortmund, fundada em 1872. Foi emitido um capital em acções de cerca de 40 milhões de marcos, e, quando no primeiro ano se recebeu um dividendo de 12%, o curso elevou-se até 170%. O capital financeiro

ficou com a nata, embolsando a bagatela de uns 28 milhões de marcos. O papel principal na fundação da referida sociedade foi desempenhado por esse mesmo grande banco alemão, a Sociedade de Desconto, que, sem contratempos, alcançou um capital de 300 milhões. Os dividendos da Umon desceram depois até desaparecerem. Os acionistas tiveram de aceder a liquidar uma parte do capital, isto é, a sacrificar uma parte para não perderem tudo. Como resultado de uma série de "saneamentos", desapareceram dos livros da sociedade Union, no decurso de trinta anos, mais de 73 milhões de marcos. "Atualmente, os acionistas fundadores dessa sociedade têm nas suas mãos apenas 5 % do valor nominal das suas ações"e em cada novo "saneamento" os bancos continuaram a "ganhar alguma coisa".

Uma das operações particularmente lucrativas do capital financeiro é também a especulação com terrenos situados nos subúrbios das grandes cidades que crescem rapidamente. O monopólio dos bancos funde-se neste caso com o monopólio da renda da terra e com o monopólio das vias de comunicação, pois o aumento dos preços de terrenos, a possibilidade de os vender vantajosamente por parcelas, etc., depende principalmente das boas vias de comunicação com a parte central da cidade, as quais se encontram nas mãos de grandes companhias, ligadas a esses mesmos bancos mediante o sistema de participação e da distribuição dos cargos diretivos. Resulta de tudo isso o que o autor alemão L. Eschwege, colaborador da revista Die Bank, que estudou especialmente as operações de venda e hipoteca de terrenos, qualifica de "pântano": a desenfreada especulação com os terrenos dos subúrbios das cidades, as falências das empresas de construção, como, por exemplo, a firma berlinense Boswau & Knauer, que tinha embolsado uma quantia tão elevada como 100 milhões de marcos por intermédio do banco "mais importante e respeitável", o Banco Alemão (Deutsche Bank), que, naturalmente, atuava segundo o sistema de "participação", isto é, em segredo, na sombra, e livrou-se da situação perdendo "apenas" 12 milhões de marcos; depois, a ruína dos pequenos patrões e dos operários, que não recebem nem um centavo das fictícias empresas de construção; as negociatas fraudulentas com a "honrada" polícia berlinense e com a administração urbana para ganhar o controlo do serviço de informação sobre os terrenos e das autorizações do município para construir, etc., etc.

 

Os "costumes americanos", de que tão hipocritamente se lamentam os professores europeus e os burgueses bem-intencionados, converteram-se, na época do capital financeiro, em costumes de literalmente toda a cidade importante de qualquer país. Em Berlim, em princípios de 1914, falava-se da fundação de um "trust dos transportes", isto é, de uma "comunidade de interesses" das três empresas berlinenses de transportes: os caminhos-de-ferro eléctricos urbanos, a sociedade de carros eléctricos e a de autocarros. "Que este propósito existe - diz a revista Die Bank - já o sabíamos desde que se tornou do domínio público que a maioria das acções da sociedade de autocarros tinha sido adquirida pelas outras duas sociedades de transportes... Podemos acreditar inteiramente nos que visam esse objectivo quando afirmam que, mediante a regulação uniforme dos transportes, têm a esperança de obter economias, de uma parte das quais, no fim de contas, o público poderia beneficiar. Mas a questão complica-se em virtude de, por detrás desse trust dos transportes em formação, estarem os bancos, que, se quiserem, podem subordinar as vias de comunicação que monopolizam aos interesses do seu tráfico de terrenos. Para nos convencermos do bom fundamento desta suposição basta recordar que, ao ser fundada a

sociedade dos caminhos-de-ferro, eléctricos urbanos, já se encontravam ligados a ela os interesses do grande banco que patrocinou esse empreendimento. Isto é: os interesses da referida empresa de transportes entrelaçavam-se com os do tráfico de terrenos. O cerne da questão era que a linha oriental da referida via-férrea devia passar por terrenos que mais tarde, quando a construção da via-férrea já estava assegurada, o banco vendeu com enorme lucro para si e para algumas pessoas que intervieram no negócio.  

O monopólio, uma vez que foi constituído e controla milhares de milhões, penetra de maneira inevitável em todos os aspectos da vida social, independentemente do regime político e de qualquer outra "particularidade". Nas publicações alemãs sobre economia são habituais os elogios servis à honradez dos funcionários prussianos e as alusões ao Panamá francês367 ou à venalidade política americana. Mas o fato é que até as publicações burguesas consagradas aos assuntos bancários da Alemanha se vêem constantemente obrigadas a sair dos limites das operações puramente bancárias e a escrever, por exemplo, sobre a ,aspiração para entrar nos bancos", a propósito dos casos, cada vez mais freqüentes, de funcionários que passam para o serviço destes. "Que se pode dizer da incorruptibilidade do funcionário do Estado cuja secreta aspiração consiste em encontrar uma sinecura na Behrenstrasse?" (rua de Berlim onde se encontra a sede do Banco Alemão). Alfred Lansburgh, diretor da revista Die Bank, escreveu em 1909 um artigo intitulado "A Significação Económica do Bizantinismo", a propósito, entre outras coisas, da viagem de Guilherme II à Palestina e do "resultado directo dessa viagem, a construção do caminho-de-ferro de Bagdad, essa fatal 'grande obra do espírito empreendedor alemão', que é mais culpada do nosso 'cerco' do que todos os nossos pecados políticos juntos" (por cerco entende-se a política de Eduardo VII, que visava isolar a Alemanha e rodeá-la de uma aliança imperialista anti-alemã). Eschwege, colaborador dessa mesma revista e referido mais acima, escreveu em 1911 um artigo intitulado "A Plutocracia e os Funcionários", no qual denunciava, por exemplo, o caso do funcionário alemão Võlker, que era membro da comissão de cartéis e se distinguia pela sua energia, mas pouco tempo depois ocupou um cargo lucrativo no cartel mais importante, o sindicato do aço. Os casos desse género, que não são de modo nenhum excepcionais, obrigaram esse mesmo escritor burguês a reconhecer que "a liberdade económica garantida pela Constituição alemã se converteu, em muitas esferas da vida económica, numa frase sem sentido" e que, com a dominação a que chegou a plutocracia, "nem a liberdade política mais ampla nos pode salvar de nos convertermos num povo de homens privados de liberdade".

No que se refere à Rússia, limitar-nos-emos a um só exemplo: há alguns anos, todos os jornais deram a notícia de que Davídov, director do Departamento de Crédito, abandonava o seu lugar nesse organismo do Estado para entrar ao serviço de um banco importante, com um vencimento que, ao fim de alguns anos, deveria representar, segundo o contrato, uma soma de mais de 1 milhão de rublos. O Departamento de Crédito é uma instituição destinada a "unificar a actividade de todos os estabelecimentos de crédito do Estado" e que fornece subsídios aos bancos da capital no valor de 800 a 1.000 milhões de rublos.

É próprio do capitalismo em geral separar a propriedade do capital da sua aplicação à produção, separar o capital-dinheiro do industrial ou produtivo, separar o rentier, que vive apenas dos rendimentos provenientes do capital-dinheiro, do empresário e de todas as pessoas que participam directamente na gestão do capital. O imperialismo, ou domínio do capital financeiro, é o capitalismo no seu grau superior, em que essa separação adquire proporções imensas. O predomínio do capital financeiro sobre todas as demais formas do capital implica o predomínio do rentier e da oligarquia financeira, a situação destacada de uns quantos Estados de "poder" financeiro em relação a todos os restantes. O volume deste processo dão-no-lo a conhecer os dados estatísticos das emissões de toda a espécie de valores.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No exercício de 1907-1908, os depósitos de todas as sociedades anónimas bancárias da Alemanha que possuíam um capital de mais de um milhão de marcos eram de 7.000 milhões de marcos; no exercício de 1912-1913 tinham subido para 9800 milhões. Um aumento de 40 % em cinco anos, com a particularidade que, desses 2.800 milhões de aumento, 2.750 milhões correspondiam a 57 bancos com um capital de mais de 10 milhões de marcos Em fins de 1913, Schulze-Gaevernitz calculava os depósitos dos 9 grandes bancos berlinenses em 5.100 milhões de marcos para um total de cerca de 10.000 milhões. Tomando em consideração não só os depósitos mas todo o capital bancário, esse mesmo autor escrevia: “Em fins de 1909, os nove grandes bancos berlinenses, contando com os bancos a eles ligados, controlavam 11.300 milhões de marcos, isto é, cerca de 83 % de todo o capital bancário alemão. O Banco Alemão (Deutsche Bank), que controla, contando com os bancos a ele ligados, cerca de 3.000 milhões de marcos, representa, ao lado da administração prussiana dos caminhos-de-ferro do Estado, a acumulação de capital mais considerável do Velho Mundo, com a particularidade de estar altamente descentralizada.”(2) Sublinhamos a indicação relativa aos bancos “ligados” porque se refere a uma das características mais importantes da concentração capitalista moderna. Os grandes estabelecimentos, particularmente os bancos, não só absorvem diretamente os pequenos como os “incorporam”, subordinam, incluem-nos no “seu” grupo, no seu “consórcio” - segundo o termo técnico - por meio da “participação” no seu capital, da compra ou da troca de ações, do sistema de créditos, etc., etc. O Prof. Liefmann consagrou todo um volumoso “trabalho” de meio milhar de páginas à descrição das “sociedades de participação e financiamento” contemporâneos, mas, infelizmente, acrescentando raciocínios “teóricos”, de qualidade mais que inferior a um material em bruto, frequentemente mal digerido. Ao que conduz este sistema de “participação” do ponto de vista da concentração, mostra-o melhor do que qualquer outra a obra do Sr. Riesser, “personalidade” do mundo das finanças, acerca dos grandes bancos alemães. Todavia, antes de examinarmos os seus dados, exporemos um exemplo concreto do sistema de “participação”.( p. 597-601)

O Capital Financeiro e a Oligarquia Financeira. "Uma parte cada vez maior do capital industrial - escreve Hilferding - não pertence aos industriais que o utilizam. Podem dispor do capital unicamente por intermédio do banco, que representa, para eles, os proprietários desse capital. Por outro lado, o banco também se vê obrigado a fixar na indústria uma parte cada vez maior do seu capital. Graças a isto, converte-se, em proporções crescentes, em capitalista industrial. Este capital bancário - por conseguinte capital sob a forma de dinheiro -, que por esse processo se transforma de fato em capital industrial, é aquilo a que chamo capital financeiro." "Capital financeiro é o capital que se encontra à disposição dos bancos e que os industriais utilizam."

Esta definição não é completa porque não indica um dos aspectos mais importantes: o aumento da concentração da produção e do capital em grau tão elevado que conduz, e tem conduzido, ao monopólio. Mas em toda a exposição de Hilferding em geral, e em particular nos capítulos que precedem aquele de onde retiramos esta definição, sublinha-se o papel dos monopólios capitalistas. (p.610)

Concentração da produção; monopólios que resultam da mesma; fusão ou junção dos bancos com a indústria: tal é a história do aparecimento do capital financeiro e daquilo que este conceito encerra. "O dirigente controla a sociedade fundamental (literalmente, a "sociedade-mãe"); esta, por sua vez, exerce o domínio sobre as sociedades que dependem dela ("sociedades-filhas"); estas últimas, sobre as "sociedades-netas", etc. É possível, deste modo, sem possuir um capital muito grande, dominar ramos gigantescos da produção. Com efeito, se a posse de 50% do capital é sempre suficiente para controlar uma sociedade anônima, basta que o dirigente possua apenas 1 milhão para estar em condições de controlar 8 milhões do capital das "sociedades-netas". E se este "entrelaçamento" vai ainda mais longe, com 1 milhão podem-se controlar 16 milhões, 32 milhões, etc.

Com efeito, a experiência demonstra que basta possuir 40% das acções para dirigir os negócios de uma sociedade anónima, pois uma certa parte dos pequenos accionistas, que se encontram dispersos, não tem na prática possibilidade alguma de assistir às assembleias-gerais, etc. A "democratização", da posse das acções, de que os sofistas burgueses e os pretensos "sociais-democratas" oportunistas esperam (ou dizem que esperam) a "democratização do capital", o aumento do papel e importância da pequena produção, etc., é na realidade um dos meios de reforçar o poder da oligarquia financeira. Por isso, entre outras coisas, nos países capitalistas mais adiantados ou mais velhos e "experimentados", as leis autorizam a emissão de acções mais pequenas. Na Alemanha, a lei não permite ações de menos de 1000 marcos, e os magnatas financeiros do país lançam os olhos com inveja para a Inglaterra, onde a lei consente acções até 1 libra esterlina (quer dizer, 20 marcos, ou cerca de 10 rublos). Siemens, um dos industriais e "reis financeiros" mais poderosos da Alemanha, declarou em 7 de Junho de 1900, no Reichtag, que "a acção de 1 libra esterlina é a base do imperialismo britânico". Este negociante tem uma concepção consideravelmente mais profunda, mais "marxista", do que é o imperialismo do que certo escritor indecoroso que se considera fundador do marxismo russo e supõe que o imperialismo é um defeito próprio de um povo determinado.

Mas o "sistema de participação" não só serve para aumentar em proporções gigantescas o poderio dos monopolistas, como, além disso, permite levar a cabo impunemente toda a espécie de negócios escuros e sujos e roubar o público, pois os dirigentes das "sociedades-mães", formalmente, segundo a lei, não respondem pela "sociedade-filha", que é considerada "independente" e através da qual se pode "fazer passar" tudo. "A Sociedade Anônima de Aço para Molas, de Cassel, era considerada há uns anos como uma das empresas mais lucrativas da Alemanha. Em consequência da má administração, os dividendos desceram de 15 % para 0 %. Segundo se pôde comprovar depois, a administração, sem informar os acionistas, tinha feito um empréstimo de 6 milhões de marcos a uma das suas 'sociedades-filhas', a Hassia, cujo capital nominal era apenas de algumas centenas de milhares de marcos. Esse empréstimo, quase três vezes superior ao capital em acções da 'sociedade-mãe', não figurava no balanço desta: juridicamente, tal silêncio estava perfeitamente de acordo com a lei e pôde durar dois anos inteiros, pois não infringia nem um único artigo da legislação comercial. O presidente do conselho de administração, a quem nessa qualidade incumbia a responsabilidade de assinar os balanços falsos, era e continua a ser presidente da Câmara de Comércio de Cassei. Os accionistas só se inteiraram desse empréstimo à Hassia muito tempo depois, quando se verificou que o mesmo tinha sido um erro... " (o autor deveria ter posto esta palavra entre aspas)... "e quando as ações do 'aço para molas', por aqueles que tinham conhecimento disto se começarem a desfazer delas, diminuíram o seu valor em aproximadamente 100 % . (p.611-629)

 

O Parasitismo e a Decomposição do Capitalismo

Hilferding, antigo “marxista”, actualmente companheiro de armas de Kautsky e um dos principais representantes da política burguesa, reformista, no seio do Partido Social-Democrata Independente da Alemanha358, deu neste ponto um passo atrás relativamente ao inglês Hobson, pacifista e reformista declarado. A cisão internacional de todo o movimento operário mostra-se agora com inteira nitidez (II e III Internacionais). A luta armada e a guerra civil entre as duas tendências é também um fato evidente: na Rússia, apoio a Koltchak e Deníkine pelos mencheviques e pelos “socialistas-revolucionários” contra os bolcheviques; na Alemanha, os partidários de Scheidemann, Noske e C.ª ao lado da burguesia contra os spartakistas359; e o mesmo na Finlândia, na Polônia, na Hungria, etc.

Encontra-se precisamente no parasitismo e na decomposição do capitalismo, inerentes à sua fase histórica superior, quer dizer, ao Imperialismo. Como demonstramos neste livrinho, o capitalismo deu agora uma situação privilegiada a um punhado (menos da décima parte da população da Terra, ou, calculando de um modo muito “generoso” e muito acima, menos de um quinto) de países particularmente ricos e poderosos que, com o simples “corte de cupões”, saqueiam todo o mundo. A exportação de capitais dá rendimentos de oito a dez mil milhões de francos por ano, de acordo com os preços de antes da guerra e segundo as estatísticas burguesas de então. Naturalmente, agora são muito maiores.

É evidente que tão gigantesco superlucro (visto ser obtido para além do lucro que os capitalistas extraem aos operários do seu “próprio” país) permite subornar os dirigentes operários e a camada superior da aristocracia operária. Os capitalistas dos países “avançados”, subornam-nos efectivamente, e fazem-no de mil e uma maneiras, diretadas e indiretadas, abertas e ocultas.

Essa camada de operários aburguesados ou de “aristocracia operária”, inteiramente pequenos burgueses pelo seu género de vida, pelos seus vencimentos e por toda a sua concepção do mundo, constitui o principal apoio da II Internacional e, hoje em dia, o principal apoio social (não militar) da burguesia. Porque são verdadeiros agentes da burguesia no seio do movimento operário, lugar-tenentes operários da classe dos capitalistas. (p.628-665)

do chauvinismo. Na guerra civil entre o proletariado e a burguesia colocam-se inevitavelmente, em número considerável, ao lado da burguesia, ao lado dos “versalheses” contra os “communards. Sem ter compreendido as raízes económicas desse fenómeno, sem ter conseguido ver a sua importância política e social, é impossível dar o menor passo para o cumprimento das tarefas práticas do movimento comunista e da revolução social que se a vizinha.

 Comentários gerais: Na década de 1870 o total das emissões aparece elevado em todo o mundo, particularmente pelos empréstimos, em relação com a guerra franco-prussiana e com a Gründerzeit que se lhe seguiu na Alemanha. Em geral, o aumento é relativamente lento, durante os três últimos decénios do século XIX, e só no primeiro decénio do século XX atinge grandes proporções, quase duplicando em dez anos. Os começos do século XX constituem pois uma época de viragem, não só do ponto de vista do crescimento dos monopólios.

 

Dos dados observados pude entender, com que força se destacam os quatro países capitalistas mais ricos, que dispõem aproximadamente de 100 a 150 mil milhões de francos em valores. Desses quatro, dois - Inglaterra e França são os países capitalistas mais velhos e, como veremos, os mais ricos em colónias; os outros dois - os Estados Unidos e a Alemanha são países capitalistas avançados pela rapidez de desenvolvimento e pelo grau de difusão dos monopólios capitalistas na produção. Os quatro juntos têm 479 mil milhões de francos, isto é, cerca de 80 % do capital financeiro mundial. Quase todo o resto do mundo exerce, de uma forma ou de outra, funções de devedor e tributário desses países, banqueiros internacionais, desses quatro "pilares" do capital financeiro mundial.