segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Transtorno do défice de atenção com hiperatividade (TDAH)

Conceito de TDAH

De acordo com Falardeau (1999), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.


De um modo geral a desordem por défice da hiperactividade é um estado excessivo de energia, que pode ser motora (física, muscular) ou mental (intenso fluxo de pensamentos). Portanto, se algum órgão ou glândula do nosso corpo estiver trabalhando em demasia, dizemos que ele está hiperactivo (como no caso da glândula tiróide no hiperactivo).

Para Barkley (2008). O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos. Crianças e adolescentes com desordens por défice da hiperactividade podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do quotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos (“colocam os carros na frente dos bois”). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afecta os demais à sua volta. São frequentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

 Em geral o hiperactivo é desatento, não possui um bom desempenho na escola e tende a ter problemas com a leitura e outras tarefas académicas. Frequentemente esse transtorno pode ser acompanhado de outros atrasos no desenvolvimento como dificuldade na fala e falta de habilidade (desprazia). A hiperactividade é um estado de actividade motora excessiva que pode se manifestar por sintomas de inquietação, nervosismo e movimentos excessivos onde as crianças estão sempre correndo, pulando e saltitando ao invés de andarem. É comum vê-las se esbarrando nas pessoas ou nos móveis, tropeçando, caindo e se machucando, pois quase sempre estão se colocando em lugares perigosos. Todo esse comportamento excessivo com frequência se acompanha de uma dificuldade de concentração e manutenção do foco para prestar atenção nas aulas, realizar as tarefas, ler, fazer os deveres de casa e até para brincar de forma calma e segura com os colegas. A fala é excessiva, podendo ser desorganizada pela “pressa para falar”, e por vezes é muito acelerada parecendo que vão gaguejar.

Os principais alertas de sinais da hiperactividade em crianças são:

●       Estar sempre inquieto

●       Estar sempre se mexendo (pés e mãos) e tamborilando dedos

●       Sempre se levantar quando é para ficar sentado

●       Ficar correndo, perambulando e falando excessivamente

●       Ter dificuldades em participar de brincadeiras calmas

Algumas crianças hiperactivas se retraem por conta da própria hiperactividade, por exemplo. Nas queimadas, sempre são queimados, caem mais, são desajeitados; nas Escolas sofrem mais bullying e também costumam ser deixados de lado pelos colegas. Por isso alguns meninos hiperactivos podem optar por brincarem sozinhos, alguns até com brincadeiras ‘mais protectoras’ e que não vão machucá-los.

Os principais alertas de sinais da hiperactividade em adultos são:

●       Inquietude interna e ansiedade

●       Dificuldade de ficar sentado em reuniões

●       Tendência a ser workaholic, ou seja, viciado em trabalho

●       Falar excessivamente

●       Fumar e ou beber em demasia

Apesar dos sintomas mais notórios da hiperactividade serem da responsabilidade do cérebro, outras partes do corpo humano também têm um papel importante na hiperactividade. Pescoço, coluna, sistema imunitário, sistema digestivo e urinário estão envolvidos na hiperactividade. Por isso é que muitas crianças e adultos com hiperactividade têm:

●       Problemas respiratórios como bronquite e asma

●       Má postura física Um andar descoordenado ou desengonçado

●       Tendência para tropeçar, ir contra coisas, quedas e acidentes

●       Pouca habilidade com trabalhos ou actividades manuais

Tipos de Transtorno por défice da hiperactividade

De acordo com Barkley (2008) existem dois tipos de TDAH:

●       Hiperactividade motora

●       Hiperactividade mental

Hiperactividade motora: Basicamente na criança, a hiperactividade está ligada à motricidade, aos movimentos. É a criança agitada, que não para quieta um segundo sequer, com o bicho-carpinteiro, como dizem as pessoas.

Hiperactividade mental: profusão de pensamentos de modo desorganizado, em excesso, prejudicando o raciocínio da criança, além de tender a deixá-la desatenta, ansiosa, irritada e ou agressiva.


Causas do TDAH

Sosin (2006) argumenta que, já existem inúmeros estudos em todo o mundo demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a factores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios). Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.

As causas mais comuns são as de ordem genética e ambiental (uma susceptibilidade genética em interacção directa com factores ambientais).

De forma resumida podemos dizer que as causas do TDAH são:

Em crianças, podem existir as seguintes causas de hiperactividade:

●       Complicações no parto, como hipoxia, partos prolongados e traumáticos ao bebé 

●       Ambiente familiar desorganizado, caótico, desestruturado

●       Maus tratos e abuso

●       Problemas situacionais como crises familiares (luto, separação parental e outras) levando a quadros de hiperactividade reactiva

●       Uso de álcool, tabaco, substâncias psicopáticas pela mãe durante a gestação

●       Complicações na gestação, como injúria fetal, lesão cerebral

●       Parto prematuro e baixo peso do bebé

●       Complicações no parto, como hipoxia, partos prolongados e traumáticos ao bebé

Para os adultos, as causas mais comuns para hiperactividade são:

●       Uso em excesso de medicamentos psicostimuleantes, drogas (cocaína), cafeína, tabaco

●       Síndrome de abstinência de drogas

●       Exposição a pesticidas e/ou adubos agrícolas e a produtos químicos

●       Exposição a produtos domésticos com princípio activo muito forte como diluente, amoníaco ou vernizes

●       Meio familiar caótico, desorganizado, dinâmica agressiva

●       Distúrbios emocionais, instabilidade no emprego e nos relacionamentos.

●       Transtornos psiquiátricos como, por exemplo, transtorno bipolar, mania agitada, entre outros 

●       Doenças de cérebro vasculares e outras do doenças do sistema nervoso central

●       Intoxicação por chumbo, mercúrio e outros metais pesados.



Conclusão

No decorrer da nossa pesquisa, entendemos, que o TDAH é realmente um transtorno e como tal, merece e deve ser tratado, visto que, na maioria dos casos, a criança hiperativa pode obter mais sucesso se for acompanhada de uma acção multidisciplinar, que poderá envolver professores, pais terapeutas, médicos e medicamentos. O psicopedagogo poder’a ser o elo principal entre a família e os especialistas envolvidos, durante o tratamento do TDAH, pos seu papel não é o de dar diagnóstico e sim de esclarecer aos pais que o transtorno não tratado gera inúmeras complicações para seu portador, no convívio social, muitas vezes levando à insatisfação, depressão, rejeição, busca das drogas, enfim à infelicidade. Avaliamos ser de suma importância os estudos sobre o TDAH e a divulgação dos mesmos nos ambientes escolares não so na faculdade como um trabalho científico, pois quanto mais  conhecimentos obtivermos sobre este assunto, muito mais poderemos contribuir para amenizar o sofrimento e o fracasso de nossas crianças.



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